Por Liliane Lodi
Foto-Identificação: A identidade de cada animal
As baleias-de-bryde são identificadas com base no perfil de suas nadadeiras dorsais, através da presença de cortes e cicatrizes, utilizando uma técnica chamada de foto-identificação. Os cortes e cicatrizes da nadadeira dorsal têm características únicas. Nenhuma baleia é igual a outra. Estas marcas assemelham-se às nossas impressões digitais ou a um código de barras.
Nos últimos 40 anos a técnica de foto-identificação tem sido utilizada para estudar inúmeras populações de golfinhos e baleias no mundo inteiro. Trata-se de uma técnica não invasiva ou hostil, uma vez que o animal não precisa ser fisicamente capturado ou marcado. Basta obter boas fotos de sua nadadeira dorsal.
Durante as interações inter e intraespecíficas dos indivíduos, ou ainda como resultado do impacto com certos elementos humanos (tais como redes de pesca e hélices de embarcações) e ambientais (interação com o fundo), a nadadeira dorsal pode sofrer alterações resultando em padrões reconhecíveis de cortes e cicatrizes permanentes ao longo do tempo.
A melhor fotografia de cada baleia (selecionada como aquela em que a nadadeira dorsal está mais em foco e perpendicular à câmara, em alta resolução) de uma dada ocasião é considerada como uma avistagem (captura). À medida que este indivíduo identificado for observado em outras oportunidades trata-se de uma reavistagem (recaptura). Com este procedimento é possível construir um álbum ou um catálogo fotográfico.
Estudos de foto-identificação fornecem informações importantes que ampliam o conhecimento sobre as baleias que servem de base para a elaboração de estratégias de conservação. Além do trabalho desenvolvido por investigadores especializados, a participação pública pode adicionar informações importantes a este tipo de estudo.
Como os pesquisadores não podem ter olhos em todos os lugares, foi criado em dezembro de 2017 o Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil, uma parceria entre o Projeto Baleias e Golfinhos do Rio de Janeiro e o WWF-Brasil. O programa é aberto não só para pesquisadores, mas também para ambientalistas, amantes da natureza, praticantes de esportes náuticos e quem mais quiser participar. É como se estivéssemos treinando novos olhos de pesquisadores em baleias!
Objetivos do Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil
Mobilizar e envolver a sociedade na pesquisa científica participativa;
Elaborar uma base de dados de baleias-de-bryde foto-identificadas em águas brasileiras, através de um acervo fotográfico concentrado;
Identificar, comparar e quantificar novas ocorrências das baleias-de-bryde identificadas em uma mesma área;
Determinar os deslocamentos da baleia-de-bryde na costa brasileira e áreas chave para à conservação da espécie;
Reunir registros para posterior análise objetivando entender se a(s) população(ções) está(ão) em decréscimo, mantida(s) ou aumentando, e;
Conscientizar sobre a necessidade da conservação das baleias-de-bryde e do uso sustentável de nosso litoral como seu habitat.
Como participar
Você não precisa ser um pesquisador para aprender como fotografar adequadamente uma baleia-de-bryde para propósitos de identificação individual em registros que possam ser de fato aproveitados em prol da conservação desses animais. Assim, se você deseja auxiliar na pesquisa sobre as baleias-de-bryde, torne-se um colaborador da rede!
Os resultados obtidos por esse banco de dados compartilhado pode fazer a diferença na conservação da espécie no Brasil!
Obtenção das fotos
As dicas para a obtenção de fotos de qualidade da nadadeira dorsal, de modo que possam permitir a identificação individual segura das baleias-de-bryde brasileiras, podem ser conferidas no web site.
As fotografias submetidas serão analisadas e as consideradas de boa qualidade serão integradas numa base de dados a partir da qual é construído o catálogo compartilhado. O autor das imagens mantém todos os direitos sobre as mesmas.
Quem tem olhos para ver e anda bem informado e equipado será sempre o fotógrafo mais premiado!
A Portaria do IBAMA n.º 117, de 26 de dezembro de 1996 define normas para evitar o molestamento intencional de cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras. Sempre siga o protocolo de observação de baleias e não as perturbe para obtenção de fotografias.
Além dos detalhes e orientações para a identificação dessas gigantes, o web site também conta com espaços interativos para compartilhar fotografias, vídeos, artigos, textos de divulgação científica, notícias na mídia e outras informações relevantes sobre a espécie.
Navegue nesta onda: Conheça - Participe - Colabore - Divulgue!
Para saber mais:
- Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil
http://brydesdobrasil.com.br (Formatos: celular, tablet e computador)
E-mail: contato@brydesdobrasil.com.br
- Facebook: Onde estão as Baleias e os Golfinhos? https://www.facebook.com/groups/baleiasgolfinhos.rj
- Instagram: @baleiasegolfinhosdorj
- Portaria do IBAMA n.º 117, de 26 de dezembro de 1996
Sobre Liliane Lodi:
Doutora em Biologia Marinha trabalha com ecologia de cetáceos, com ênfase em distribuição, uso do habitat, comportamento e conservação. É administradora do grupo do Facebook “Onde estão as Baleias e os Golfinhos?” e do Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil direcionados à área de Ciência Cidadã. É coordenadora do projeto de pesquisa Baleias & Golfinhos do Rio de Janeiro (Instituto Mar Adentro, WWF-Brasil e Fundação SOS Mata Atlântica).
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