Por Gustavo Prouvot Ortiz
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Assim como o pioneiro Iuri Gagarin ficou extasiado ao observar nosso lindo planeta e exclamar que "A Terra é azul", atualmente os satélites científicos permitem que nós tenhamos momentos de êxtase diariamente. Isto é possível pois sensores em órbita na Terra são capazes de observar e medir diferentes variáveis e processos ambientais.
O Sensoriamento Remoto por satélites permite a observação de grandes regiões praticamente no mesmo instante, sendo possível avaliar a extensão espacial de fenômenos normalmente pesquisados localmente, com auxílio de equipamentos de campo. A Oceanografia beneficiou-se com o advento dos satélites a partir do final da década de 70, permitindo uma visão e entendimento sem precedentes dos processos oceanográficos existentes.
Diversas variáveis primárias medidas pelos satélites, como radiância, temperatura de brilho, rugosidade superficial e topografia dinâmica são utilizadas na Oceanografia por Satélites para a estimativa de variáveis importantes como temperatura superficial, concentração de clorofila-a, velocidade geostrófica, altura de ondas, campo de ventos superficiais, entre outros. Desta forma, o Sensoriamento Remoto tornou-se essencial para a Oceanografia moderna, provendo uma grande extensão espacial das observações às variáveis oceanográficas tradicionalmente estudadas por navios, bóias e sensores isolados.
Atualmente, além da utilização dos sensores de campo para calibração e validação dos dados de satélites, há a tendência de sinergia dos dados de diferentes fontes, aproveitando o que cada tipo de sensor pode prover de melhor. Os crescentes avanços na capacidade computacional e gráfica dos grandes centros de Observação da Terra permitem, cada vez mais, que nós tenhamos momentos de êxtase como Iuri Gagarin, porém dizendo que "A Terra é Azul - e tem um monte de coisa acontecendo nela!".
Este texto foi motivado por um post feito pelo Ocean Biology Distributed Active Archive Center (OB.DAAC) da NASA, que indica de forma simples "a razão de ser da Oceanografia por Satélite"
“The patchiness exhibited by phytoplankton communities around New Zealand in the image provides the raison d'être for satellite remote sensing of ocean color; a whole fleet of ships, drifters, gliders, and buoys could not capture this variability before it morphed into a new pattern.”
Saudações oceanográficas!
Gustavo já publicou outro post no Bate-papo com Netuno, leia aqui
Sobre Gustavo Prouvot Ortiz:
Sou oceanógrafo com experiência em sensoriamento remoto, geologia marinha, Lei do Mar e geopolítica. Vejo o oceanógrafo (bem formado) como um "naturalista moderno", capaz de observar e descrever processos com abordagem multidisciplinar e desempenhar papel relevante em diversos setores da sociedade. Tenho paixão pela divulgação científica e, como pai, creio que somos responsáveis por desenvolver o senso crítico nos pequenos e fazê-los perceber seu papel em nosso complexo planeta.
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