Por Juliana Leonel
Uma das maiores causas da contaminação do ambiente marinho por resíduos plásticos é a falta de gerenciamento adequado desse material que, muitas vezes, poderia ser destinado a cooperativas de reciclagem. Mas daí surgem algumas questões importantes. Todos os plásticos podem ser reciclados? Todos os plásticos são reciclados pelas mesmas técnicas? A reciclagem de plásticos é um processo simples? Quanto custa reciclar um plástico?
Antes vamos rever o que é reciclagem: processo de converter material descartado (= resíduo) em novos materiais e produtos. A reciclagem ajuda a diminuir o problema do descarte de resíduos e a necessidade de extrair/gerar matéria prima nova para produção de materiais. Isso resulta em menor emissão de gases estufas, uso de água, e poluição aquática e atmosférica.
Agora vamos lembrar que plásticos são formados por polímeros sintéticos (polímeros = macromoléculas formadas a partir de unidades estruturais menores). Existem dois grupos principais de plásticos de acordo com os tipo de polímeros usados: os termoplásticos e os termorrígidos (ou termofixos).
Os termoplásticos são aqueles que podem ser conformados e moldados quando aquecidos. Este grupo engloba 80% dos plásticos e inclui o polipropileno e o polietileno. Apesar de terem menor estabilidade térmica (resistência a altas temperaturas) que o termorrígidos, podem ser reprocessados diversas vezes e, consequentemente, podem ser reciclados. No entanto, perdem propriedades a cada ciclo de reciclagem, ou seja, só podem ser reciclados um certo número de vezes. Exemplos: garrafas PET e embalagens plásticas.
Já os termorrígedos são aqueles em que a rigidez dos polímeros não se altera com o aumento da temperatura, ou seja, os polímeros não derretem e nem permitem serem moldados mesmo quando aquecidos. Isso impede a reciclagem desse material pelas formas convencionais. Alguns exemplos de termorrígedos são borracha vulcanizada, poliéster e resina epóxi.
Classificação dos plásticos
Nos itens feitos de termoplásticos é possível encontrar um número rodeado por um triângulo de setas. Mas você sabe o que significa esse símbolo?
Esse símbolo serve para identificar o tipo de polímero usado para fabricar o item em questão e, dessa forma, orientar as pessoas quanto à maneira correta de fazer o descarte seletivo. Isso porque diferentes tipos de polímeros precisam de diferentes técnicas para serem reciclados e a empresa que recicla um deles não necessariamente irá reciclar os demais.
A classificação dos plásticos (seguindo a numeração de 1-7) é seguida internacionalmente e no Brasil ela é estabelecida pela NBR 13.230/2008:
Plástico tipo 1 - Politereftalato de Etileno (PET): é um dos tipos de plásticos mais utilizados pelos consumidores e inclui embalagens de refrigerante e água, potes de margarina, bandeja para microondas, frascos de cosméticos etc. Ele é produzido usando o petróleo como matéria-prima. Por ser um termoplástico, sua reciclagem é possível. No entanto, quando misturado com fibras de algodão (no caso das roupas de PET) sua reciclagem fica inviabilizada.
Plástico tipo 2 - Polietileno de Alta Densidade (PEAD): material plástico altamente utilizado por ser resistente a quebra e a baixas temperaturas, leve, impermeável, rígido e com resistência química. Seus principais usos são em embalagens de detergentes e shampoos, óleos lubrificantes, sacolas de supermercados, tampas, potes, entre outros. Sua matéria-prima principal é o petróleo, mas pode ser também produzido a partir de fontes vegetais (nesse caso temos os bioplásticos).
Plástico tipo 3 - Policloreto de Polivinila (PVC): termoplástico muito utilizado em tubulações e encanamentos, mangueiras, embalagens para remédios, maionese e sucos, brinquedos, material hospitalar, entre outros. Por possuir cloro na sua composição apresenta alguns problemas ambientais tanto na produção quanto na reciclagem; por exemplo, o uso de compostos tóxicos (com cloro em sua composição) como matéria prima.
Plástico tipo 4 - Polietileno de Baixa Densidade (PEBD): usado em sacos transparentes, filmes, sacaria industrial, fraldas descartáveis, embalagens, rótulos, entre outros. Por ser um material leve, transparente, flexível e impermeável é amplamente utilizado.
Plástico tipo 5 - Polipropileno (PP): trata-se um termoplástico produzido em formas variadas. Devido à sua resistência (inclusive a altas temperaturas e ao congelamento), transparência e rigidez, tem diversas aplicações, incluindo em filmes de revestimento, fibras têxteis em roupas térmicas, cartões bancários, recipientes reutilizáveis, seringas, entre outros.
Plástico tipo 6 - Poliestireno (PS): usado em espumas para embalagens, talheres, embalagens para proteção de produtos eletrônicos, pratos e copos descartáveis, etc. Possui características de leveza, isolamento térmico, baixo custo, flexibilidade e moldabilidade. Nesse grupo encontra-se o poliestireno expandido, ou isopor; e o poliestireno extrudado.
Plástico tipo 7 - Outros: plásticos formados das misturas dos outros 6 tipos e que não podem ser reciclados.
Isso significa que existem apenas sete tipos de plásticos? Não! Existem muitos outros tipos de plásticos, tanto termoplásticos como termorrígidos, que não foram englobados na classificação acima.
Tipos de reciclagem
Além dos dois grupos de plásticos e das sete classificações de termoplásticos, existem diferentes tipo de reciclagem:
a) reciclagem física: o plástico é fragmentado, aquecido e remoldado em novos produtos.
b) reciclagem química: processo químicos para recuperar resinas plásticas fazendo-as voltar ao estágio químico inicial. Essa técnica tem mais flexibilidade sobre a composição do material a ser reciclado e é mais tolerante a impurezas. No entanto, é muito mais cara que a anterior.
c) reciclagem energética: transformação dos plásticos, através de incineração, em energia térmica ou elétrica. Apesar de usado em alguns lugares do mundo, essa técnica gera debate porque não considera o gasto de matéria prima e os problemas (contaminação) gerada caso a incineração não seja feita em condições adequadas.
Quando a reciclagem pode ser um problema
É importante também salientar que aos polímeros que dão origem aos plásticos também podem ser adicionados plastificantes, corantes, estabilizantes, retardantes de chama etc. Dessa forma, quando novos produtos são feitos com plásticos reciclados esses compostos vão junto.
Mas isso pode ser um problema? Sim, isso pode ser um problemão. Durante muitas décadas difenis éter polibromados (PBDEs) foram adicionados aos plásticos com o objetivo de evitar que pegassem fogo (ou para retardar esse processo em caso de incêndio). No entanto, hoje sabemos que os PBDEs são um tipo de poluente orgânico persistente e seu uso é proibido. Assim, quando um produto plástico contendo PBDEs é reciclado, o novo produto também terá em sua composição PBDEs (mesmo hoje eles sendo proibidos).
Voltando às nossas perguntas:
Mas todo os plásticos podem ser reciclados? Não.
Todos os plásticos são reciclados pelas mesmas técnicas? Não.
A reciclagem de plásticos é um processo simples? Não.
Isso são alguns dos motivos pelos quais a reciclagem deve ser a última opção entre "repensar - recusar - reduzir - reparar - reusar - revolucionar - reciclar". Ou seja, antes de comprar ou de aceitar um produto de plástico, pense e repense: eu realmente preciso disso? Caso positivo, eu consigo reduzir o consumo desse item? Tenho alternativas ao uso desse item? Depois de adquirido, eu consigo dar outros usos para o mesmo produto? Por fim, somente quando não tiver mais uso, descarte o material, e de maneira correta.
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