Por Gabrielle Souza
Você já se perguntou qual é a diferença entre peixes e raias? Será que a raia também é peixe? E os tubarões? Essas dúvidas surgem por conta da suas particularidades na forma física, mas não pense que é só isso. Existem outras características que os diferem, porém há características que os aproximam, e é sobre esse assunto que vamos falar hoje!
Fonte: Diliff via Wikimedia Commons, licença CC BY 2.5 e Albert Kok via Wikimedia Commons, Domínio Público
Mas primeiramente precisamos saber o que é peixe. Todos os peixes têm um cérebro protegido por uma caixa craniana, e na região da cabeça possuem olhos, dentes e outros órgãos sensoriais. A maioria dos peixes vive na água, são vertebrados, respiram por brânquias, possuem o corpo coberto por escamas e não são capazes de regular a própria temperatura corporal. Porém, como em toda regra existem as exceções: o peixe-bruxa não é vertebrado e não possui escamas, os peixes pulmonados têm respiração pulmonar, e o atum controla, de certa maneira, a temperatura corporal. O termo peixe, além daqueles que estamos acostumados a ver no supermercado e aquários, é também utilizado para definir organismos aquáticos como raias, tubarões e lampreias. Por isso a denominação “peixe” não representa um grupo taxonômico monofilético, uma vez que um grupo taxonômico monofilético deve incluir todos os organismos que possuem ancestral comum. Para que peixes seja considerado um grupo monofilético seria necessário incluir, por exemplo, os tetrápodes, que são os animais que possuem quatro membros, incluindo você Homo sapiens! (veja a figura abaixo)
Filogenia dos principais grupos de Chordata. † O táxon está extinto; grifo em vermelho representa os grupos citados nesse post (Adaptado de NELSON et al. (2016)).
Os peixes pertencem ao Filo Chordata, ou seja, são animais que apresentam notocorda, uma estrutura de aspecto cartilaginoso posicionada na região dorsal e dá origem ao eixo do embrião, sendo o futuro lugar onde as vértebras daquele organismo irão se posicionar. Pertencem ao Infrafilo dos vertebrados, que abrange aproximadamente 60.000 espécies, e possui uma organização taxonômica separada em diversas Classes. Porém apenas duas dessas Classes nos interessam neste momento: Chondrichthyes e Osteichthyes.
Exemplos de peixes cartilaginosos. Da esquerda para direita: tubarão; raia; quimera; e peixes ósseos: peixe lua. Fonte Terry Goss via Wikimedia Commons, licença CC BY 2.5; Jocob Robertson via Wikimedia Commons, Domínio Público; Linda Snook/MBNMS via Wikimedia Commons, Domínio Público; Per-Ola Norman via Wikimedia Commons, Domínio Público
Agora vamos falar algumas das diferenças destas classes!
A Classe Osteichthyes possui duas Subclasses, denominadas de Sarcopterygii, que inclui os peixes com nadadeiras carnosas e os tetrápodes, e Actinopterygii, cujos organismos apresentam nadadeiras com raios. Os Actinopterygii, possuem as seguintes características gerais: esqueleto ósseo, pele coberta por escamas ósseas, respiram por brânquias protegidas pelo opérculo (uma placa óssea que cobre as brânquias) e possuem vesícula gasosa (antigamente denominada de bexiga natatória), órgão que auxilia na flutuabilidade dos indivíduos.
Tipos de escamas: placóide e óssea (Adaptado de Bemvenuti & Fischer (2010).
A Classe Chondrichthyes possui duas Subclasses denominadas de Elasmobranchii (raias e tubarões) e Holocephali (quimeras). As características gerais dessa Classe são: esqueleto cartilaginoso, corpo coberto por escamas placóides, respiração também por brânquias, mas essas não possuem a proteção dos opérculos (exceção das quimeras), não possuem vesícula gasosa e, portanto, apresentam outros mecanismos para auxiliar na flutuabilidade (por exemplo as nadadeiras peitorais largas, semi-rígidas e horizontais nos tubarões que reduzem o afundamento e o fígado grande e rico em óleo, o que diminui a densidade corporal).
Uma característica que peixes ósseos e cartilaginosos possuem em comum e que todos sabemos, é que ambos além de super nutritivos, são deliciosos! Mas é importante ter cautela ao consumi-los pois muitas espécies estão ameaçadas de extinção. Assim, finalizo esse post compartilhando com vocês esse guia de consumo responsável de pescados no Brasil, criado pelo pessoal da WWF. Bom apetite!
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Referências:
HICKMAN C.P.; ROBERTS, L.S & LARSON, A. 2004. Princípios Integrados de Zoologia. Guanabara Koogan Editora. 846p.
What is a fish? Understanding Evolution. Disponível em: <http://evolution.berkeley.edu/evolibrary/article/fishtree_02>. Acesso em: 05 abr. 2017.
NELSON, Joseph S. et al. 2016. Fishes of the World. 5. ed. New Jersey: John Wiley & Sons, Inc., Hoboken. 752 p.
BEMVENUT, M. A. & FISCHER, L. G. 2010. PEIXES: MORFOLOGIA E ADAPTAÇÕES. Caderno de Escologia Aquática, Rio Grande- Rs, v. 5, p.1-24.
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