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- Vamos falar de compartilhamento de dados científicos? (parte 1)
Por Valéria M. Lemos & Marianna Lanari Olá pessoal! Que tal falarmos de um tema que não é tão novinho assim, mas que para muitos pode ser uma novidade?! Todas as pessoas envolvidas no mundo da pesquisa geram dados científicos! Mas afinal, o que é um conjunto de dados? Um conjunto de dados é uma coleção de dados referentes a um tema específico, inter-relacionados e organizados . Uma lista telefônica, um cadastro dos clientes de uma loja, etc Mas, quando falamos de dados científicos , estamos falando em dados gerados através de uma metodologia científica, seguindo um protocolo já estabelecido, conhecido e que pode ser reproduzido por outros cientistas. Isso é o que fazem os pesquisadores e estudantes da área das Ciências Naturais durante sua formação e carreira acadêmica: geram dados brutos com o propósito de analisá-los, testar hipóteses e assim, gerar conhecimento que contribui para o avanço da ciência e resolução de problemas. Este conhecimento, consequentemente, contribui de alguma forma para a melhoria das relações do ser humano com o ambiente. Mas o que fazer com esses dados depois de concluídas as pesquisas? Usualmente, quando uma pesquisa é concluída, os resultados são publicados em revistas científicas para serem divulgados para a sociedade ( processo que daria assunto para outro post! ). E os dados brutos que compõem o conjunto de dados? O que é feito deles depois das pesquisas concluídas e publicadas? Salvo algumas exceções, os dados brutos acabam esquecidos, guardados na “gaveta” (ou no HD, no computador do laboratório da universidade ou sabe-se lá onde)! Um artigo científico publicado em 2013 (Gibney & Van Noorden 2013) demonstrou que, em média, dentro de um período de 20 anos após a publicação dos resultados das pesquisas na forma de artigos científicos, 80% dos dados que geraram esses resultados não estão mais disponíveis para reuso! Se perdem, pessoal! Se perdem! Open Science - Como surgiu o movimento ? Em uma iniciativa da comunidade científica, ancorada a toda revolução e evolução tecnológica e científica do último século, e, motivada pela demanda em entender e tentar buscar soluções para os problemas ambientais da era antropogênica (perda de biodiversidade, efeito das alterações climáticas, etc.), surge nos anos 2000 o movimento Open Science (ciência aberta, em português). Este movimento é basicamente um grande guarda-chuva, que abriga um conjunto de práticas que buscam uma ciência democrática e transparente, inclusive com uma maior participação da sociedade (via ciência cidadã), disponibilização e divulgação do conhecimento gerado pela comunidade científica. E, debaixo do grande guarda-chuva do Open Science, está o Open Data (ou dados abertos), que tem como objetivo o compartilhamento de dados científicos gerados pelas atividades de pesquisa. Qual a importância e quais são as vantagens de compartilhar dados de pesquisa ? Poderíamos falar aqui de inúmeras vantagens do compartilhamento de dados científicos, mas vamos usar um exemplo bem atual. Todos lembram a corrida frenética por pesquisas e geração de informações sobre o vírus causador da Covid-19, quando foram noticiados os primeiros casos da doença. Universidades e cientistas do mundo inteiro montaram uma força-tarefa para obter informações que pudessem auxiliar órgãos governamentais diante da situação. Foi através de uma rede de colaboração científica mundial que foi possível obter informações em tempo recorde sobre o vírus! Este é um ótimo exemplo de como o compartilhamento de dados e de informação podem culminar em avanços científicos mais rápidos ! Mais do que isso, ele é essencial para ajudar governos e administradores a tomarem decisões importantes, sejam no dia a dia, por exemplo, em projetos de manejo e conservação do ambiente ou em momentos críticos como em pandemias. Em todos os casos, gerando retornos positivos para a sociedade! Na esfera acadêmica, outra vantagem reside no fato do compartilhamento ser uma via de duas mãos: você compartilha e você usa ! Ou seja, o Open Data permite uma maior acessibilidade a dados que antes eram de difícil acesso, ou em algumas vezes, impossíveis de serem acessados por pesquisadores. Estudos de modelagem de distribuição de espécies, por exemplo, eram praticamente impossíveis de serem realizados em espécies com ampla distribuição! Além disso, quando você usa os dados de outro pesquisador, ou quando os seus dados compartilhados são usados por alguém que estuda o mesmo assunto que você, pode ocorrer uma comunicação entre as partes, e quiçá, a formação de uma parceria científica ! Ou seja, todos ganham! Outro aspecto importante, que vale o destaque são as análises de séries de dados temporais . Entender como funciona o ambiente, quais fenômenos e alterações afetam o meio ambiente e quais as perspectivas futuras, dependem na maioria das vezes, do conhecimento pretérito, que só é possível através da análise de dados brutos obtidos ao longo do tempo. Por exemplo, a aquisição de dados de monitoramento de longo prazo, são impossíveis de se obter sem um projeto de pesquisa consolidado. Uma vez que estes dados estejam compartilhados, potencializamos a capacidade de gerar informação para o auxílio das questões ambientais atuais e futuras. É importante lembrar ainda, que todo o processo de pesquisa, inevitavelmente, envolve esforços e custos. Estamos falando aqui não só de tempo, mas também de dinheiro! E quando os estudos são na área das ciências do mar, todos sabem que são, geralmente, bem onerosos! Assim, quando compartilhamos nossos dados brutos, estamos de certa forma otimizando os recursos gastos na sua obtenção! Por que o compartilhamento de dados ainda não está totalmente difundido no meio acadêmico? Esta é, de certa forma, uma questão complexa, onde fatores pessoais, mas também profissionais e logísticos influenciam a tomada de decisão do pesquisador em compartilhar ou não os dados brutos da sua pesquisa. Mas podemos indicar algumas razões que acreditamos gerar essa resistência: a falta de conhecimento e informação sobre a existência de boas práticas de compartilhamento e a falta de treinamento (e de tempo!) na gestão dos dados. É importante conhecermos e difundirmos que, atualmente, há condutas que asseguram o compartilhamento de dados. Não se trata de sair divulgando suas planilhas de qualquer jeito e em qualquer meio digital. Há repositórios de dados , que são ambientes digitais certificados e seguros, há um sistema de revisão e controle de qualidade e de manutenção dos controles e direitos autorais que garantem a segurança do processo. A outra questão é que gerir e depositar dados nestes repositórios é uma tarefa que demanda tempo, principalmente dependendo de quão “prontos” estão os dados para o compartilhamento. Isto é, esses dados estão bem organizados? Eles podem ser entendidos por qualquer pessoa? Há algum padrão de formatação de dados a ser utilizado? Neste sentido, o treinamento na gestão de dados por parte dos pesquisadores, ou mesmo a inclusão de um gestor de dados em um projeto, é importante para a viabilidade do processo de compartilhamento de dados. Todos nós sabemos que isso custa dinheiro e que o cobertor é curto para cobrir todas as necessidades de um projeto de pesquisa. Então por que não investirmos no treinamento do gerenciamento e compartilhamento de dados desde a pós-graduação para consolidarmos essa nova mentalidade na pesquisa científica no país? Considerando as inúmeras vantagens do compartilhamento de dados, e sabendo como fazer isso de forma segura, é importante que aconteça uma mudança no paradigma atual. Esta é uma oportunidade de somar esforços para avançarmos no conhecimento, na busca de alternativas para os problemas ambientais e progresso da sociedade. Como disse Albert Einstein: “ Há uma força motriz mais poderosa que o vapor, a eletricidade e a energia atômica: a vontade ”. As ferramentas já estão disponíveis, vamos embarcar nessa? Referências Gibney, E., & Van Noorden, R. (2013). Scientists losing data at a rapid rate. Nature, 10. doi:10.1038/nature.2013.14416 Sobre as autoras Valéria Marques Lemos é bióloga, mestre e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Sua área de pesquisa é a ictiologia, desenvolvendo e participando de pesquisas sobre bioecologia e pesca de teleósteos marinhos e estuarinos. Atua como gestora de dados de pesquisa do projeto Pesquisa Ecológica de Longa Duração sitio 8- Estuário da Lagoa dos Patos e Costa Marinha Adjacente PELD-ELPA, do Instituto de Oceanografia da FURG. E, assim como todas, todes e todos leitores do Bate-papo com Netuno... ama o mar! Marianna de Oliveira Lanari é oceanóloga, mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e doutora em Oceanografia Biológica pela Universidade Federal do Rio Grande – FURG. Sua linha de pesquisa é focada em comunidades vegetais costeiras e como estas contribuem para o funcionamento e serviços ecossistêmicos em estuários e costões rochosos. Tem grande interesse em gestão de dados e no seu compartilhamento em repositórios digitais. Mergulhou pela primeira vez aos cinco anos de idade e, a partir daí, decidiu que nunca mais queria ficar longe do mar. #CienciasDoMar #DadosAbertos #GestaoDeDados #CienciaAberta #OpenScience #OpenData
- Curso dos Rios: Como funcionam as desembocaduras e porque elas mudam de lugar
Por Tatiana Pinheiro Dadalto Já parou pra pensar por que um rio deságua aqui ou ali? O rio dos Mangues, em Porto Seguro, por exemplo, geralmente deságua entre as barracas de praia Barramares e Baleia Jubarte, localizadas na praia de Taperapuã, mas recentemente está desaguando bem mais ao sul, afetando as barracas Gaúcho, Sueds e Kaiambá. Essa não é a primeira vez que isso acontece. Como pode ser visto em imagens de satélite, a desembocadura do rio dos Mangues já esteve mais próxima à barraca do Gaúcho em 2013 e 2019/2020. O que faz essa foz mudar de forma tão evidente tem a ver com os processos litorâneos que controlam o transporte de sedimento na região costeira. Esses processos são resultado da interação dos ventos, ondas, marés e chuvas (carga e descarga fluvial) com os depósitos sedimentares na parte submersa da praia (a que fica embaixo d’água) e também na parte emersa dela (a parte seca), e ainda na zona costeira logo ao lado. Desembocadura do rio dos Mangues em 2013, 2020 e 2024. Fonte: modificado de Google Earth Pro. Licença CC BY-SA 4.0. Quando uma onda se aproxima da costa, ela quebra, se espalha e espraia, subindo e descendo na areia da praia. Dessa forma ela dissipa sua energia, que é utilizada para ressuspender e transportar o que tiver disponível – aqui nosso foco será o sedimento, como a areia, mas podem ser microorganismos, restos de algas e outras plantas/animais, plásticos, poluentes dissolvidos etc. De forma geral, podemos dizer que ondas vindas continuamente de uma mesma direção, e especialmente se atingem o litoral de forma inclinada, costumam transportar sedimentos no sentido oposto ao da sua chegada. Chamamos esse transporte de sedimentos pelas ondas de deriva litorânea. Assim, ondas de nordeste (no sul da Bahia são os ventos de tempo bom, ou ventos alísios, que geram essas ondas) forçam a deriva litorânea para sudoeste/sul. Por outro lado, quando temos condições de ondas de sudeste (relacionadas à passagem das frentes frias), a deriva litorânea tende a ser direcionada para noroeste/norte. É importante lembrar que a influência dos ventos sobre as ondas não se limita somente à direção de incidência da onda e sentido da deriva litorânea, mas também a outros aspectos das ondas , como altura, período, energia e potencial erosivo. Outras características do litoral e da zona costeira que influenciam o transporte de sedimentos e como ele afeta as praias são: altitude e morfologia da costa, presença de vegetação, grau de compactação dos sedimentos, presença de estruturas rígidas na costa e presença de rios. Cada um desses aspectos agrega peculiaridades e complexidades ao funcionamento do sistema praial e da desembocadura fluvial. Mas vamos simplificar o funcionamento da praia focando na interação entre os sedimentos e as ondas (que, por sua vez, são dirigidas pelos ventos). Vamos deixar todos os outros fatores que mencionei de lado, por enquanto. Se os ventos mudam muito ao longo do ano, dos anos, das décadas, e são eles que regulam o tipo das ondas que chegam à costa, então, logicamente, podemos concluir que as praias são sistemas ambientais em constante transformação. Se transformam de acordo com a mudança das ondas, ou seja, dos ventos. Se pensarmos nos ciclos de verão e inverno, vamos lembrar que se no verão predominam ventos e ondas de nordeste, no inverno ocorre maior influência dos ventos e ondas vindas do quadrante sul. Então, naturalmente, haverá uma marcante modificação na deriva litorânea e no balanço sedimentar da praia, ou seja, na quantidade de areia que a praia tem ao longo de um período de tempo, considerando o que saiu (erosão) e o que entrou (acresção) no sistema. De forma geral, e considerando o transporte lateral de sedimentos, uma praia natural tende a perder areia em um período do ano e recuperar o volume de areia no outro período do ano. Outro ponto crucial para entendermos a variabilidade do curso de rios de pequeno porte - o rio dos Mangues em Porto Seguro, por exemplo - tem a ver com o fato de que o fluxo das desembocaduras tende a interromper a deriva litorânea, pois o fluxo de água age como um obstáculo ao transporte ao longo da costa, ou seja, os sedimentos se acumulam de um lado (acresção) e deixam de alcançar o outro (gerando erosão). Em condições de vazão fluvial moderada, este acúmulo sedimentar forma um depósito em formato alongado e descolado da costa, chamado esporão, que vai paulatinamente crescendo e deslocando a desembocadura lateralmente. Quando a vazão é muito baixa, o esporão pode fechar temporariamente a desembocadura, formando lagunas. Na região da desembocadura do rio dos Mangues elas são comumente observadas. Desembocadura do rio dos Mangues direcionada para sul no final do verão de 2019. Licença CC BY-SA 4.0. Laguna formada no canal abandonado do rio dos Mangues após a mudança de sua desembocadura (4 meses depois da imagem anterior). Licença CC BY-SA 4.0. Todo esse conhecimento vem da Ciência, da Oceanografia, da Geologia, da Sedimentologia – e precisamos falar mais sobre isso! Diante de tudo que abordei aqui, uma conclusão é certa (e já bem descrita pela literatura científica): as desembocaduras de rios são naturalmente variáveis, o que torna a ocupação do seu entorno muito vulnerável. A alta vulnerabilidade do entorno do rio dos Mangues foi apontada pela oceanógrafa Gabriela Leal em seu estudo realizado na UFSB/IFBA em 2024. O turismo em Porto Seguro é famoso pela estrutura e conforto das barracas de praias, mas essa ocupação histórica na zona costeira traz impactos muito grandes para o funcionamento do sistema praial. Alguns dos impactos são: remoção da vegetação, diminuição de áreas para acúmulo de sedimentos (trazidos pelos ventos e principalmente pelas ondas), compactação do solo/depósitos arenosos, potencialização da erosão por chuvas, alteração antrópica do curso do rio (por exemplo, a tentativa de contenção do fluxo natural do rio dos Mangues em abril de 2024), presença de escombros e entulhos nos casos extremos de erosão gerando perigo ao banho (por exemplo, barracas Farol da Praia e do Netuno, na praia da Ponta Grande), acúmulo de lixo. Sacos de areia colocados como tentativa de alterar o fluxo do rio dos Mangues em agosto de 2024. Licença CC BY-SA 4.0. As praias são bens públicos de uso comum do povo que estão sendo engolidas por iniciativas que pouco ou nada se preocupam com conservação, muito menos se comprometem com compensações ambientais. Aliás, na contramão da conservação, há a tentativa de abrir brechas para a privatização de praias e zonas costeiras (por exemplo, a Proposta de Emenda à Constituição – PEC 3/2022), que afeta a todas as pessoas por dificultar os acessos à praia e ao oceano, mas, mais expressivamente, afeta as populações que tiram seu sustento desse ambiente, como populações tradicionais pesqueiras por exemplo. Além de fonte de renda, as praias e zonas litorâneas são lugar de recreação e lazer, de apreciação da natureza e habitat para diversas espécies. Além disso, assim como os manguezais, as praias oferecem proteção à costa, já que ajudam a dissipar a energia que chega do oceano ao continente através das ondas e marés. A melhor forma de mitigar os impactos da alteração do curso do rio dos Mangues e de todos esses impactos negativos da ocupação costeira desordenada é ter mais cautela com o ambiente em que vivemos, conhecer seu funcionamento, dar espaço para sua manifestação. Não significa não fazer uso dela, mas implementar formas mais sustentáveis e até mesmo regenerativas na nossa forma de usar e ocupar praias e zonas costeiras. Pra isso tem ciência: monitoramento ambiental, mapeamento de vulnerabilidades, recuperação de áreas degradadas, arquitetura regenerativa, ciência cidadã, turismo regenerativo e muito mais. Mudar a forma de pensar e agir pode ser difícil, mas é necessário e urgente para um futuro melhor. Sobre a autora: Tatiana Pinheiro Dadalto é oceanógrafa com doutorado em Geologia e Geofísica Marinha. É professora, pesquisadora e extensionista na UFSB, em Porto Seguro. #DescomplicandoNetuno #Convidados #VulnerabilidadeCosteira #OcupaçãoDesordenada #CursoDosRios #Desembocadura
- The sea is also history
By Alynne Almeida Affonso English edit by Carla Elliff *post originally published in Portuguese on March 30, 2017 Illustration by Silvia Gonsalves. It is very common to find oceanography divided into four main areas: Physics, Chemistry, Geology and Biology. This approach can be quite relevant when we consider practical and efficient methodologies for studying complex sciences, such as Oceanography. Segmenting knowledge also facilitates the production of knowledge, research, and teaching, since it is a way of classifying and organizing large volumes of information. However, the question remains: does everything related to Marine Sciences fit into this division into four major areas? Since Oceanography is a very multi- and interdisciplinary science, it is almost natural to assume that many subjects related to the ocean end up being left out of this classic division. This is the case of Human Oceanography. We don’t often think of Marine Sciences as a human science, but the seas and ocean do have a significant component in the social sciences. This makes a lot of sense if we stop to think about the coastal zone and the current and past influence that the sea has had on society. Research in Human Oceanography is not always classified as Oceanography per se, and this is possibly due to the better suitability of many topics studied in oceanography as “hard sciences” – that is, rigid in their theoretical foundations and in their predictive capacity. Hard sciences strictly follow what, in science, is known as the Scientific Method, which is the collection and observation of quantifiable data, application of mathematical models, and use of controlled experiments, producing results with a high degree of accuracy. Human and social sciences, on the other hand, are classified as “soft sciences”, concerned with investigating human and social behavior. These subjects can be quite subjective, based on complex interactions that do not fit into the study approach envisaged by the Scientific Method, since it becomes very difficult to establish such solid analysis criteria for such abstract topics. Social sciences can cross paths with marine sciences in many ways. Research at the interface between oceanography and human sciences is largely focused on understanding the dynamics between coastal communities and the environment, the use of coastal resources, the use and occupation of coastal territories, environmental conflicts and valuation. But does anyone care about studying the ocean in its historical component? After all, history is one of the foundations of human and social sciences. The past, after all, is the key to the present. And the answer is: YES! There is an entire science dedicated to the subject. Environmental History is a relatively recent discipline, it is true, which emerged in the United States during the environmentalist wave of the 1960s and 1970s, and is defined by OOSTHOEK (2005) as: “Environmental history is studying the interaction between humans and the environment in the past. To study the relationships between humans and the surrounding world, we must try to understand how the interaction between the two works” Environmental History examines the role of nature in influencing human activities and how humans shape the environment over time. Coastal zones are susceptible to sudden and rapid changes in their configuration, induced by both natural processes and anthropogenic pressures – in fact, for many coastal zones around the world, the human component is the main form of alteration of the coastal space. Historical knowledge, through an interpretation of natural issues, allows us to observe the historical perception of environmental changes. It is possible to assimilate the relationships between the human species and natural factors and investigate the interactions between culture, nature, and interactions between man and the coastal zone in the past and throughout human time. Understanding the past is essential to model and predict the future, and therein lies the great importance of environmental history. Historical interpretation of environmental issues allows for the connection between physical geography, topography, coastal geomorphology, climatic, oceanographic, and biological factors, combined with a political, economic, and sociological perspective. However, it is important to analyze interpretations of human actions on the natural world in the past and the changes associated with these phenomena very carefully, because problems that occur in the present can influence our perception of the past and how we interpret past events. Environmental History, however, is much more than just pointing out the harmful interactions between society and nature. It deals with historical interpretations of environmental problems, incorporating changes that are based on the plurality of natural and cultural dimensions related to human activities and the different ways of perceiving the environment and its relationship with life in society. A very efficient method that has been frequently applied to the study of Environmental History is the use of Geographic Information Systems (GIS). HGIS (or Historical Geographical Information System) is an efficient tool because the use of georeferenced historical maps (i.e., associated with spatial information such as geographic coordinates) and digitized maps is a visual, qualitative and quantitative way of observing environmental changes over time, and is widely used by researchers in Environmental History. An example of a digitized historical map inserted into a Historical Geographic Information System (HGIS). Taken from RUMSEY & WILLIANS (2002). Through HGIS, it is also possible to store, display, and analyze past data related to the environment and correlate historical spatial data with quantitative information such as censuses and social surveys carried out by city halls, public agencies and universities. This information allows, in addition to the reconstruction of past environments, the observation of changes in parameters over time. Digitized historical map to which points with non-visual quantitative information (in table form) were added through HGIS. Taken from RUMSEY & WILLIANS (2002). This is what authors such as DONAHUE (2007), CUNFER (2006), and TUCCI (2010) have done, to name just a few. DONAHUE (2007) and CUNFER (2006) used historical mapping and land use statistics to assess environmental conditions and long-term changes in the landscape induced by agricultural activities in the North American territory. TUCCI (2010), through the analysis of historical maps of Milan, Italy, monitored changes in the urban landscape and in socioeconomic parameters, representative of specific historical periods, and compared them with current characteristics in order to detect patterns of evolution of the urban fabric over time. Some authors such as DeBOER & CARR (1969), CHARDON (1982), CLUTTON (1982), LLOYD et al. (1987), and HESSLER (2005), in addition to the young researcher who writes to you here, have chosen the coastal zone as the target of studies in Environmental History. These authors reconstructed, through historical maps and statistics, the coastal areas targeted by their studies and compared them with current maps and indexes, in order to monitor the evolution of the landscape and human behavior in relation to the environment. Coastlines from different historical periods, digitized in HGIS and compared with a current coastline. Taken from LLOYD & GILMARTIN (1987). There are many methods for performing temporal analyses of past environments, which are generally quite complex. It is rare for an author to repeat the methodology of another step by step, since the peculiarities of the study areas and research objectives force researchers to adapt the methodologies to their realities. In my master's research, for example, I evaluated the changes in the landscape of Baixada Santista (state of São Paulo, Brazil) over the course of 4 centuries. I developed my own analysis methodology, since most of the authors I researched, being from outside Brazil, did not offer solutions that I could fully utilize. I adapted techniques from many authors to, in the end, develop something that worked for the coast of São Paulo and for what I sought to understand. And that is the topic of my next article for Chat with Neptune! I will explain how this historical analysis is done using old maps, the curiosities and peculiarities of historical cartography, and show what I found for the region of Santos, on the coast of São Paulo. Stay tuned! References: CHARDON, R. 1982. A Best-fit Evaluation of DeBrahm's 1770 Chart of Biscayne Bay. The American Cartographer. 1982, Vol. 9, pp. 47-67. CLUTTON, E. 1982. Some Seventeenth Century Images of Crete: A Comparative Analysis of the Manuscript Maps by Francesco Basilicata and the Printed Maps by Marco Boschini. Imago Mundi. 1982, Vol. 34, pp. 48-65. CUNFER, G. 2006. On the Great Plains: Agriculture and Environment. Environmental History. 1, 2006, Vol. 11, pp. 142-144. DeBOER, G. & CARR, A. P. 1969. Early Maps as Historical Evidence for Coastal Change. Geographical Journal. 1969, Vol. 135, pp. 17-39. DONAHUE, B. 2007. The Great Meadow: Farmers and the Land Colonial Concord. Yale : Yale Publisher Press, 2007. HESSLER, J. 2005. Warping Waldseemüller: A Cartometric Study of the Coast of South America as Portrayed on the 1507 World Map. MAGERT Ala Map and Geography Roundtable. [Online] 2005. http://purl.oclc.org/coordinates/a4.pdf accessed in 01/06/2016. LLOYD, R. & GILMARTIN, P. 1987. The South Carolina Coastline on Historical Maps: A Cartometric Analysis. The Carographic Journal. 1, 1987, Vol. 24, pp. 19-26. OOSTHOEK, K.J. 2005. What is Environmental History? ENVIRONMENTAL HISTORY RESOURCES. [Online] 03 de January de 2005. [Citado em: 17 de 05 de 2016.] https://www.eh-resources.org/what-is-environmental-history/ . RUMSEY, D., WILLIAMS, M. 2002 . Historical Maps in GIS in Past Time, Past Place: GIS for History. Ed KNOWLES, A.K. ESRI Press, pp.2-18. TUCCI, M., GIORDANO, A. & RONZA, R. W. 2010. Using Spatial Analysis and Geovisualization to Reveal Urban Changes: Milan, Italy, 1737-2005. Cartographica. 1, 2010, Vol. 45, pp. 47-63. About the author: Alynne Almeida Affonso, 32 years old, is an oceanographer from the Oceanographic Institute of the University of São Paulo and holds a master's degree in Geographic Information Systems and Remote Sensing from the University College Cork (Ireland). After studying geological oceanography, marine sedimentation, coastal systems and processes, coastal management and learning how to make all kinds of maps and interpret satellite images, she is always searching for a career at the interface between exact sciences, humanities, and sustainability. #MarineScience #HumanOceanography #RemoteSensing #EnvironmentalHistory #Guests
- Manguezais e o sequestro de carbono: o que sabemos e o que descobrimos
Por Alex Cabral Ilustração por Alexya Queiroz . Minha tese de doutorado, desenvolvida no Departamento de Ciências do Mar da Universidade de Gotemburgo - Suécia, revelou novos caminhos e estratégias que os manguezais possuem para capturar e armazenar o carbono, reforçando seu papel para mitigar o aumento dos gases de efeito estufa na atmosfera. Até então, os estudos focavam apenas no potencial de sequestro de carbono pelos mangues e seu estoque nos sedimentos e não olhava m para o transporte horizontal de carbono a partir dos manguezais para plataforma costeira e oceano profundo; isto foi quantificado durante o meu estudo. Aqui destaco alguns dos principais achados dessa pesquisa e como eles podem auxiliar na conservação desse ecossistema importante . O Papel Crucial dos Manguezais Os manguezais são ecossistemas costeiros únicos, conhecidos por sua alta produtividade e pela capacidade de armazenar carbono em seus sedimentos (para mais detalhes sobre os manguezais leia Descomplicando - Manguezais) . Este processo é fundamental para a regulação do clima, pois reduz a quantidade de CO2 na atmosfera. O carbono que é capturado e armazenado no manguezal - e em outros ecossistemas costeiros - é chamado de Carbono Azul . No entanto, há incertezas sobre a real capacidade de sequestro de carbono pelos manguezais e o destino deste carbono na interface terra-oceano e oceano-atmosfera. Estas incertezas se dão tanto pela complexidade dos manguezais em si, como pela complexidade das suas interações com o ambiente marinho, tanto da plataforma continental como do oceano profundo. Sabe-se que o sedimento dos manguezais funciona como um sumidouro (= local de armazenamento) de carbono, mas nos questionamos se esse carbono ficaria apenas imobilizado no sedimento ou se poderia ser transportado para a plataforma continental? Ou até mesmo para o oceano profundo? Poderia o fluxo da água intersticial (aquela que se encontra entre os grãos de sedimento) ser um importante processo para conectar o carbono do manguezal com os demais compartimentos. Modelo conceitual de caminhos do carbono azul em direção ao oceano aberto. As setas amarelas representam caminhos que podem evoluir para sumidouros ou fontes de carbono, as setas vermelhas representam uma fonte de volta à atmosfera e as setas azuis representam sumidouros de carbono de longo prazo. CID: carbono inorgânico dissolvido, COD: carbono orgânico dissolvido, COP: carbono orgânico particulado, CODr: carbono orgânico dissolvido refratário (= resistente à degradação), COPr: carbono orgânico particulado refratário (= resistente à degradação). Fonte: Santos et al. 2021 com licença CC BY 4.0. Novas Descobertas sobre o Ciclo do Carbono e Gases do Efeito Estufa Para estudar estas incertezas, na minha pesquisa de doutorado nós medimos os fluxos de gases de efeito estufa - dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) - entre os manguezais e a atmosfera, e investigamos o destino do carbono (orgânico e inorgânico) transportado para o oceano. Adicionalmente, usamos isótopos de rádio e radônio (que são ótimos traçadores geoquímicos) para rastrear os fluxos de carbono entre a água intersticial do sedimento do manguezal, que também é rica em carbono, e a plataforma continental adjacente. Devido a complexidade das regiões costeiras e marinhas, neste trabalho foi necessário integrar observações em múltiplas escalas espaciais (horas, dias, etc.) e usar diversos traçadores geoquímicos (radioativos e estáveis) para que fosse possível uma compreensão mais abrangente do ciclo do carbono nos manguezais e suas implicações para as estratégias de mitigação das mudanças climáticas. Para que este estudo fosse possível, em 2017, 2021 e 2023 eu e meus colegas (e dezenas de caixas com materiais e equipamentos ) viemos para o Brasil conduzir as atividades de campo junto com pesquisadores de diversas universidades brasileiras (nosso muito obrigado para a UFSC, USP, UFF, UENF, UFSB, UFBA, UFPE e UFPA). Somente assim foi possível estudar os processos nas diferentes sistemas de manguezais, desde os mangues “gigantes” do norte (PA) aos pequenos do sul (SC), passando pela Bahia e Rio de Janeiro. Os resultados da minha tese trazem boas notícias! Eles mostram que os manguezais não apenas capturam carbono da atmosfera e o armazenam em seus sedimentos, mas também exportam uma quantidade significativa de bicarbonato (uma forma de carbono inorgânico) para o oceano; o maior reservatório de carbono do planeta. Esse processo aumenta a capacidade dos manguezais de armazenar carbono em até quatro vezes do que somente considerando o carbono estocado nos sedimentos. Isto ocorre devido ao alto tempo de residência do bicarbonato nos oceanos globais que varia entre 10 e 100 mil anos. Este resultado sugere que o bicarbonato faz parte do “carbono azul” produzido nos manguezais. Além disso, minha pesquisa revelou que os manguezais são também importantes sumidouros de N2O, um gás de efeito estufa mais potente que o CO2 e CH4. Este sumidouro pode compensar em torno de 18% das emissões globais de metano pelos manguezais. Os resultados também indicam que, se não considerarmos os fluxos horizontais de carbono dos manguezais para o oceano, podemos subestimar suas emissões de metano em até 50%, por exemplo. Essas descobertas enfatizam a complexidade das múltiplas vias de transformação e de transporte de carbono no contínuo terra-mar e demonstram a importância de incorporar os fluxos laterais para o oceano e as trocas de outros gases de efeito estufa - que não apenas o CO2 - na avaliação da contribuição dos ecossistemas de carbono azul para a mitigação das mudanças climáticas. Além disso, o papel significativo das exportações laterais destaca a necessidade de mais pesquisas sobre o destino do carbono derivado de manguezais na plataforma continental. Impacto e Necessidade de Proteção Manguezais são ecossistemas costeiros vitais, porém são vulneráveis às ameaças decorrentes das atividades humanas, como a urbanização da zona costeira, a poluição e o desmatamento para as fazendas de camarão (carcinocultura). O aumento do nível do mar, previsto no cenário de mudança climática, também irá acelerar a perda deste ecossistema, já que as potenciais áreas de migração em direção a terra estão ocupadas pelas atividades humanas. Quase metade das florestas de manguezais do mundo está em risco de colapso até 2050, de acordo com uma nova avaliação da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) . Portanto, os esforços de proteção e conservação são essenciais. A perda de manguezais tem consequências graves, incluindo maior vulnerabilidade a desastres naturais, perda de meios de subsistência, redução da biodiversidade e aceleração das mudanças climáticas. A proteção desses ecossistemas é crucial para manter sua função como sumidouros de carbono e mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Quantificar o potencial de absorção de carbono dos manguezais e analisar seu impacto na atmosfera e no oceano pode levar a uma melhor proteção desses ecossistemas cruciais. Iniciativas como o projeto de restauração "Raízes da Cooperação" ( https://raizesdacooperacao.org.br/ ) destacam a importância de restaurar esses habitats vitais para maximizar o sequestro de carbono. Pesquisas científicas e projetos de restauração e conservação são fundamentais para desenvolver estratégias mais eficazes no enfrentamento das mudanças climáticas e para a proteção de outros sistemas costeiros vegetados importantes, como as marismas e as gramas marinhas. Foto à esquerda: Barco fundeado por 2 semanas dentro do canal de maré do manguezal em Camamu, Bahia. Neste fundeio diversos equipamentos medem em tempo real a concentração de gases do efeito estufa (CO2, CH4 e N2O), isótopos para identificar o sinal da água intersticial do manguezal (222Rn), correntes, oxigênio, salinidade, dentre outros. Foto à direita: Coleta de testemunhos de sedimento na Bahia. Os sedimentos são datados com 210Pb e tem sua concentração de carbono aferida, assim podemos comparar os fluxos de carbono que são soterrados pelos sedimentos dos manguezais com fluxos de carbono emitidos para a atmosfera ou/e exportados para o oceano. Referências e leituras sugeridas: Cabral, A., Dittmar, T., Call, M., Scholten, J., de Rezende, C.E., Asp, N., Gledhill, M., Seidel, M., Santos, I.R., 2021. Carbon and alkalinity outwelling across the groundwater-creek-shelf continuum off Amazonian mangroves. Limnol Oceanogr Lett 6, 369–378. https://doi.org/10.1002/lol2.10210 Cabral, A., Reithmaier, G.M.S., Yau, Y.Y.Y., Cotovicz, L.C., Barreira, J., Viana, B., Hayden, J., Bouillon, S., Brandini, N., Hatje, V., Rezende, C.E. de, Fonseca, A.L., Santos, I.R., 2024a. Large Porewater-Derived Carbon Outwelling Across Mangrove Seascapes Revealed by Radium Isotopes. J Geophys Res Oceans 129, e2024JC021319. https://doi.org/10.1029/2024JC021319 Cabral, A., Yau, Y.Y.Y., Reithmaier, G.M.S., Cotovicz, L.C., Barreira, J., Broström, G., Viana, B., Fonseca, A.L., Santos, I.R., 2024b. Tidally driven porewater exchange and diel cycles control CO2 fluxes in mangroves on local and global scales. Geochim Cosmochim Acta 374, 121–135. https://doi.org/10.1016/j.gca.2024.04.020 Friedlingstein, P., Jones, M.W., O’Sullivan, M., Andrew, R.M., Bakker, D.C.E., Hauck, J., Le Quéré, C., Peters, G.P., Peters, W., Pongratz, J., Sitch, S., Canadell, J.G., Ciais, P., Jackson, R.B., Alin, S.R., Anthoni, P., Bates, N.R., Becker, M., Bellouin, N., Bopp, L., Chau, T.T.T., Chevallier, F., Chini, L.P., Cronin, M., Currie, K.I., Decharme, B., Djeutchouang, L.M., Dou, X., Evans, W., Feely, R.A., Feng, L., Gasser, T., Gilfillan, D., Gkritzalis, T., Grassi, G., Gregor, L., Gruber, N., Gürses, Ö., Harris, I., Houghton, R.A., Hurtt, G.C., Iida, Y., Ilyina, T., Luijkx, I.T., Jain, A., Jones, S.D., Kato, E., Kennedy, D., Goldewijk, K.K., Knauer, J., Korsbakken, J.I., Körtzinger, A., Landschützer, P., Lauvset, S.K., Lefèvre, N., Lienert, S., Liu, J., Marland, G., McGuire, P.C., Melton, J.R., Munro, D.R., Nabel, J.E.M.S., Nakaoka, S.I., Niwa, Y., Ono, T., Pierrot, D., Poulter, B., Rehder, G., Resplandy, L., Robertson, E., Rödenbeck, C., Rosan, T.M., Schwinger, J., Schwingshackl, C., Séférian, R., Sutton, A.J., Sweeney, C., Tanhua, T., Tans, P.P., Tian, H., Tilbrook, B., Tubiello, F., Van Der Werf, G.R., Vuichard, N., Wada, C., Wanninkhof, R., Watson, A.J., Willis, D., Wiltshire, A.J., Yuan, W., Yue, C., Yue, X., Zaehle, S., Zeng, J., 2022. Global Carbon Budget 2021. Earth Syst Sci Data 14, 1917–2005. https://doi.org/10.5194/essd-14-1917-2022 McLeod, E., Chmura, G.L., Bouillon, S., Salm, R., Björk, M., Duarte, C.M., Lovelock, C.E., Schlesinger, W.H., Silliman, B.R., 2011. A blueprint for blue carbon: Toward an improved understanding of the role of vegetated coastal habitats in sequestering CO2. Front Ecol Environ. https://doi.org/10.1890/110004 Middelburg, J.J., Soetaert, K., Hagens, M., 2020. Ocean Alkalinity, Buffering and Biogeochemical Processes. Reviews of Geophysics. https://doi.org/10.1029/2019RG000681 Reithmaier, G.M.S., Cabral, A., Akhand, A., Bogard, M.J., Borges, A. V., Bouillon, S., Burdige, D.J., Call, M., Chen, N., Chen, X., Cotovicz, L.C., Eagle, M.J., Kristensen, E., Kroeger, K.D., Lu, Z., Maher, D.T., Pérez-Lloréns, J.L., Ray, R., Taillardat, P., Tamborski, J.J., Upstill-Goddard, R.C., Wang, F., Wang, Z.A., Xiao, K., Yau, Y.Y.Y., Santos, I.R., 2023. Carbonate chemistry and carbon sequestration driven by inorganic carbon outwelling from mangroves and saltmarshes. Nat Commun 14. https://doi.org/10.1038/s41467-023-44037-w Santos, I.R., Burdige, D.J., Jennerjahn, T.C., Bouillon, S., Cabral, A., Serrano, O., Wernberg, T., Filbee-Dexter, K., Guimond, J.A., Tamborski, J.J., 2021. The renaissance of Odum’s outwelling hypothesis in “Blue Carbon” science. Estuar Coast Shelf Sci 255, 107361. https://doi.org/10.1016/j.ecss.2021.107361 Yau, Y.Y.Y., Cabral, A., Reithmaier, G., Cotovicz, L.C., Barreira, J., Abril, G., Morana, C., Borges, A. V., Machado, W., Godoy, J.M., Bonaglia, S., Santos, I.R., 2024. Efficient oxidation attenuates porewater-derived methane fluxes in mangrove waters. Limnol Oceanogr 9999, 1–18. https://doi.org/10.1002/LNO.12639 Sobre o autor: Alex Cabral é pesquisador e professor (Research Fellow e Lecturer) no Trinity College Dublin, Irlanda. E-mail: cabralda@tcd.ie Tese de Doutorado: “Carbon outwelling and greenhouse gas exchange across mangrove seascapes”. https://gupea.ub.gu.se/handle/2077/81521 Twitter: https://x.com/alexcabralds Researchgate: https://www.researchgate.net/profile/Alex-Cabral Sou manezinho de Floripa, formado em Oceanografia e mestre na mesma área pela UFSC. Meu interesse pela biogeoquímica marinha surgiu cedo, motivado pelo desejo de compreender os efeitos da poluição na Lagoa da Conceição, onde mora minha família. Esse estudo inicial me abriu portas para participar de diversos projetos de pesquisa, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos (bolsista do Ciências Sem Fronteiras). Em 2020, me mudei para a Suécia para continuar minha carreira acadêmica, onde desenvolvi meu doutorado focado nos fluxos de carbono em manguezais brasileiros. Em 2024, me mudei para Dublin, onde continuo explorando os temas que me fascinam e desfrutando do charme e da cultura da cidade. Sigo desenvolvendo parcerias com pesquisadores brasileiros de diversas regiões do país, fortalecendo a ciência oceanográfica. #CiênciasDoMar #Manguezal #CO2 #CarbonoAzul #CiclosBiogeoquímicos #Convidados
- Você tirou férias?
Por Carla Elliff Montagem por Carla Elliff. A foto do whatsapp mudou para um post-it amarelo com a palavra Férias em caixa alta, escrito em vermelho. Mas você seguiu se atualizando nos grupos de trabalho sobre as últimas demandas - e até participou das reuniões "mais importantes". Os stories mostraram dias ensolarados na praia. Intercalados com fotos de você no laboratório até tarde. Comemorou a chegada das férias dizendo o quanto os meses anteriores de trabalho foram frenéticos e que você precisa de descanso. Mas, agora, não sabe o que fazer com tempo livre, então senta na frente do computador. Curte e compartilha conteúdos online sobre a importância de cuidar da nossa saúde mental. Mas não pensa duas vezes antes de mandar uma mensagem de whatsapp e pingar uma notificação imediata de trabalho (não urgente) no celular dos colegas, a qualquer hora. Está de férias, é feriado, é final de semana, é um horário fora do expediente: não importa, você ainda está participando da corrida para chegar "lá". Mas onde ou o que é o "lá"? Sei lá... Eu já me vi em alguns desses cenários e tenho certeza que você também. O que isso diz de nós e da cultura que vivemos? As férias de verão acabaram, mas o descanso é um direito (mesmo, olha lá no artigo 24° da Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU) e é muito necessário. Imagine que você passa o ano inteiro sedentário e decide por 2 semanas ir numa academia, praticar algum esporte, se exercitar. Além de você provavelmente não saber nem por onde começar (“que esporte eu gosto?”, “tudo doi!”), não dá para dizer que você está cultivando hábitos saudáveis para seu corpo. Com o descanso é o mesmo: é uma prática. Tirar 2 semanas de férias no final do ano não vai resolver todos seus cansaços se você também não pratica o descanso no dia a dia. Bora refletir mais sobre pq agimos assim? Para ouvir, sobre descanso, exaustão e trabalho excessivo: https://open.spotify.com/episode/2rhckrF5GgyZshLHA79u1v?si=6SJE4rgRQySXmaKCXLAd7A Para ver, sobre como o esgotamento mental nos afeta e como sair desse ciclo: Para ler, sobre como o "lá" é flexível: Ilustração por Natasha T. Hoff https://www.batepapocomnetuno.com/post/a-vida-n%C3%A3o-cabe-no-lattes #VidaDeCientista #Férias #Descanso #BurnOut #SaúdeMental #CarlaElliff
- Premiada ou perseguida: uma questão de gênero
Ele inventou o DDT, um agrotóxico, e recebeu o Prêmio Nobel. Ela descobriu os perigos do DDT e foi perseguida e desacreditada. Por Juliana Leonel Rachel Carson nasceu em Springdale, no estado da Pensilvânia (EUA) - um distrito à beira do rio, mas a quase 400 km do mar - e ali cresceu junto de uma irmã e um irmão mais velhos. Rachel Carson. Fonte: WikimediaCommons/ ThomasBrosnihan/ CC-BY-SA-4.0 Rachel cresceu explorando as matas ao redor da cidade. Apesar do seu fascínio pela natureza, principalmente pelo mar, Rachel começou a cursar Letras e depois trocou para Biologia - ela era uma das três únicas mulheres deste curso. Ao se graduar, ela mudou para Baltimore - agora sim perto do mar - para cursar seu mestrado na Johns Hopkins University. A vida de pós-graduanda não foi fácil - e será que é para alguém? No primeiro ano (1932) precisou voltar para a sua cidade devido a problemas financeiros , retornando só no ano seguinte e sempre precisando trabalhar para garantir o seu sustento. Quando finalmente finalizou o mestrado ela estava ávida para começar um doutorado, mas precisou voltar para a cidade natal e ajudar a família que estava com dificuldades financeiras; seu pai havia morrido e ela se tornou a provedora da família - onde estava o irmão dela neste momento? Graças aos esforços de Mary Scott Skinker - sua mentora durante a graduação - Rachel conseguiu um trabalho no Departamento de Pesca dos EUA; ela foi a segunda mulher a ser contratada por esse órgão. Essa não foi a primeira (nem a última) vez que sua mentora a ajudou. Um viva às mulheres que se ajudam! Seu trabalho consistia em escrever roteiros de rádio para uma programa semanal sobre a vida debaixo da água, chamado Romance Under the Waters . Ou seja, Rachel Carlson também fazia divulgação científica! Baseado nas pesquisas que fez para este programa, Rachel escreveu também vários artigos de divulgação que foram publicados em diversos jornais e revistas. Tudo parecia bem, Rachel estava focada na sua carreira e começava a atingir uma certa estabilidade financeira quando, em 1937, sua irmã morre e ela passa a ser a responsável pelos cuidados das duas sobrinhas e da mãe - hello, pai das crianças, cadê você? Embora um de seus livros mais famosos seja Primavera Silenciosa (publicado em 1962), ela já tinha escrito outros livros: Sob o Mar-Vento (1941), O Mar que nos Cerca (1951) e Beira-Mar (1955). Estes dois últimos foram muito bem vendidos e ela recebeu um prêmio de literatura pelo O Mar que nos Cerca, uma iniciativa de pesquisa da Universidade da Colúmbia Britânica. Com isso Rachel pôde deixar seu trabalho no Departamento de Pesca dos EUA e se dedicar à carreira de escritora em tempo integral. A partir daí ela voltou a sua atenção, principalmente, para o tópico de conservação ambiental. Aqui novamente, Rachel precisou mudar de cidade e assumir os trabalhos de cuidado do filho de uma sobrinha que morreu e da mãe que necessitava de mais atenção devido à idade avançada. Quem mais se perguntou “cadê o pai da criança?”? Mas se hoje ainda tratamos o cuidado familiar como talento nato das mulheres, imagina há 70-80 anos? - novamente, cadê o irmão da Rachel e o pai da criança? O foco de Rachel nos praguicidas começou na década de 1940 - muitos deles desenvolvidos graças aos fundos de guerra. Ela tentou publicar um texto em jornal sobre o DDTs , mas foi rejeitado por ser “desagradável”. Porém, isso não a deteve e, após muita pesquisa, ela publicou o livro Primavera Silenciosa em 1962. Seu texto e seu posicionamento geraram muita polêmica e tentaram de todas as formas atacá-la e invalidá-la. E adivinhem… é claro que os ataques vieram de homens. Alguns atacaram suas credenciais científicas: diziam que por ser uma bióloga marinha e não uma bioquímica, ela não tinha propriedade para falar sobre os problemas do uso do DDT. Ela também foi chamada de amadora, afinal não trabalhava em uma instituição de pesquisa. Ela foi chamada de “... uma defensora fanática do culto ao balanço da natureza”. Aparentemente, buscar a conservação da natureza - e todos os benefícios que trazem para nós - era um problema. O Secretário de Agricultura Americana disse que o fato dela “não ser casada (embora fosse fisicamente atrativa) fazia dela uma “provável comunista””. E claro que não podia faltar, a sua escrita foi chamada de muito “emotiva”. As indústrias químicas responsáveis pela produção/venda de praguicidas (tanto o DDT como alguns outros) ameaçaram abrir processos judiciais contra a disseminação das informações contidas no livro. Como Rachel e seu editor já previam estes ataques, eles se precaveram de todas as formas possíveis: buscaram o maior número de apoiadores antes mesmo do livro ser publicado, pediram para pesquisadores renomados revisarem os capítulos e Rachel participou de uma Conferência de Conservação na Casa Branca, quando distribuiu cópias do livro para os delegados que ali estavam. Rachel escreveu o livro e passou por tudo isso enquanto era submetida ao tratamento de radioterapia para combater o espalhamento de umo câncer (em 1950 ela havia removido um câncer de mama e em 1960 ela passou por um mastectomia total). Logo ela que lutava tão bravamente pela regulação de praguicidas cancerígenos. Em abril de 1964, aos 58 anos, Rachel Carson morreu e parte das suas cinzas foram espalhadas ao longo da costa de Sheepscot Bay, no Maine. Mas antes que isso acontecesse, seu irmão - que aparentemente nunca se importou com ela - tentou decidir para onde iriam suas cinzas sem respeitar os últimos desejos dela. Enquanto Rachel foi perseguida e atacada por querer regular o uso irresponsável de praguicidas, o químico suíço Paul Hermann Müller, que descobriu as propriedades praguicidas do DDT, recebeu o prêmio Nobel da Medicina em 1948; além de muitos outros prêmios e honrarias. Ilustração: Caia Colla É, minha gente, o patriarcado não pega leve não. Quantas de vocês lendo este texto não se reconheceram na vida da Rachel, tendo que conciliar trabalho e cuidados de filhos e familiares? Quantas de vocês não tiveram de mudar os planos por questões financeiras? Quantas de vocês tiveram de adiar sonhos enquanto viam homens ao seu redor seguirem plenos e serenos em suas carreiras? Quantas foram atacadas, descredibilizadas, ridicularizadas e assediadas quando se posicionaram? Quantas ouviram seus argumentos serem refutados simplesmente por serem mulheres? Sugestões de leitura: MLA - Michals, Debra. "Rachel Carson." National Women's History Museum. National Women's History Museum, 2015. 22 Jan 2025. Chicago - Michals, Debra. "Rachel Carson." National Women's History Museum. 2015. www.womenshistory.org/education-resources/biographies/rachel-carson . Linha do tempo interativa sobre a vida de Rachela Carson: https://www.rachelcarson.org/interactive-timeline The Life and Legacy of Rachel Carson - https://www.rachelcarson.org/ Sobre a autora: Formada em Oceanologia na FURG com doutorado em Oceanografia Química pela USP. Entre um trabalho, uma bolsa e um intercâmbio passou também pela Unimonte, UFPR e UFBA, Texas A&M University, Health Department of New York, Heriot-Watt University e da Stockholm University. Atualmente é professora adjunta na UFSC. Trabalha com poluição marinha, principalmente contaminantes sintéticos e resíduos sólidos. Mas também atua na geoquímica estudando o ciclo do carbono no ambiente marinho. Desde abril/20 tem se aventurado como mãe do Ian. Não abre mão de cozinhar e experimentar novos sabores, mas não sem antes estudar os processos/química que tornam um prato possível. Também gosta de viajar, ler, fazer trilha e tomar um banho de mar (ou cachoeira). #JulianaLeonel #MulheresNaCiencia #DDT #PrêmioNobel #Câncer
- Public-private partnerships in protected areas from a socio-environmental perspective
The truths behind the concessions to private initiative of protected areas in the state of São Paulo. By Caio Tancredi Zmyslowski English edit by Carla Elliff *post originally published in Portuguese on November 12, 2020 Fixed seine for artisanal fishing - Ilha do Cardoso State Park (Source: Noeli Neves, license CC BY SA). Do you know how a Conservation Unit (or UC - term used in Brazil for various types of protected areas) is managed? What are its objectives and protection categories? What do public-private partnerships represent in this context? In this text, we will explain more about the reality of UCs in Brazil and share some of the experience of the Ilha do Cardoso State Park (PEIC), located on the southern coast of the state of São Paulo. PEIC is a preserved paradise, often visited by the general public. There, traditional communities, who have lived on the island for centuries, are now fighting for their survival, cultural reproduction, and permanence in the territory. UCs are one of the main international strategies for the conservation of environmental and cultural heritage. In Brazil, the National System of Conservation Units (SNUC) regulates these territories, designating different types and categories of protected areas subdivided into two large groups: those for full protection , whose objective is the complete preservation of biodiversity, allowing only the indirect use of the natural resources present (for example, research, tourism, and environmental education); and those for sustainable use , which accept the presence of populations in these territories, in order to ensure environmental sustainability and the reproduction of the way of life of traditional communities. However, in Brazil's history, the process of implementing conservation units has followed a "top-down" logic, that is, in an imposing manner. Many fully protected parks were implemented in territories of traditional populations that depend directly on nature, and therefore directly impact their way of life. Traditional populations are internationally recognized as allies of environmental preservation, in addition to having fundamental rights recognized by international conventions and treaties, such as the International Labor Convention ( ILO No. 169 ), ratified by Brazil through Decree No. 5,051 of 2004 , which determines that any decisions made about their territories must necessarily and previously be consulted and approved by local populations. In practice, unfortunately, this process of dialogue often does not occur. A sustainable alternative for communities living in protected areas has been Community-Based Tourism (CBT), which integrates tourism activities focused on valuing local history and culture with environmental preservation. In this sense, CBT represents an opportunity to alleviate territorial conflicts, highlighting the importance of communities within protected areas and favoring social agents with small economic capital in cooperative, supportive and sustainable systems. In other words, CBT is an economic activity associated with low-impact production practices, such as subsistence agriculture, fishing, and crafts carried out by communities. Furthermore, CBT can be understood as a strategy to fight for the fundamental rights of traditional peoples to remain in the territory. Artisanal fishing carried out by community members in the Ilha do Cardoso State Park (Source: Noeli Neves, license CC BY SA). In PEIC, this form of tourism has been operating for over 20 years, organized and led by the community in partnership with the UC. Local associations offer schools, groups, excursions, and tourists options for nature trails and walks, workshops, and demonstrations of traditional practices such as artisanal fishing and crafts, environmental education in partnership with environmental technicians and monitors, accommodation and food based on Caiçara cuisine. Due to the restrictive reality of the Park, communities have invested more in the practice of CBT for their survival, sustainability, and reproduction of the Caiçara way of life. Community member and environmental monitor, Noeli Neves accompanies a group of students in the mangrove of the Ilha do Cardoso State Park (Source: Noeli Neves, license CC BY SA). The planning, implementation, and management of protected areas is carried out by the government (federal, state or municipal) with legal governance mechanisms and instruments (management councils, management plans) that guarantee the maintenance, participation, effectiveness, and resources for the promotion of sustainable development of the protected area. However, it turns out that most protected areas in Brazil lack the infrastructure and resources necessary for effective management. Thus, combined with the precariousness of government investments in protected areas and the growing wave of Latin American neoliberalism, there is a tendency to transfer public use of protected areas to large private groups. This is the case of concessions and public-private partnerships, encouraged by the Chico Mendes Institute for Biodiversity Conservation (ICMBio) at the national level and in the State of São Paulo, as provided by Law No. 16,260/2016 , known as the “concessions law”. On June 29, 2016, the State of São Paulo approved, as a matter of urgency and under strong pressure from the State Secretariat for the Environment, the “concessions law”, which regulates 25 State Parks (including PEIC), granting concessions for use and services to the private sector for 30 years. The law became controversial because it was not widely discussed, especially in the municipalities that would initially have their parks granted for private use. It was contested by environmentalists and local organizations because it was broad-based, non-participatory and did not address the specificities and characteristics of each UC. Therefore, this process ends up following a market-driven logic and political interests that contradicts the original objectives of the UCs of preserving environmental and cultural heritage to promote sustainable development and improve local quality of life. As a consequence, this conflict between business and market economic activities and community and traditional productive activities can worsen the situation of social inequality in these locations, in addition to impacting the way of life and the very permanence of the community in its territory. In my final undergraduate project, completed in 2017 at the Oceanographic Institute of the University of São Paulo (USP), I interviewed residents of all seven traditional Caiçara communities on Ilha do Cardoso, and analyzed how important is CBT socioeconomically and culturally for the communities, in addition to analyzing the perception of the community members regarding concessions to private companies. I observed that CBT currently represents a large part of the communities' income. It encourages and reproduces traditional practices and knowledge, such as traditional Caiçara cuisine, local stories, cultural festivals with the Caiçara musical style called fandango, among other things. In the community members' view, all of this rich knowledge and culture can be impacted and replaced by the concession model, mainly because it is an imposing process, without participation and transparency, in which the communities are not involved. Therefore, I propose a reflection: to what extent can concessions and public-private partnerships, so widely disseminated and encouraged in the current political context in Brazil, be threatening the sustainability of traditional communities and their activities such as the CBT? Why allow large private companies to profit from public parks and carry out activities that are already carried out by traditional communities and local associations? Why do we lack incentives for public-community partnerships in UCs, favoring local development? It is now up to us to actively monitor the process and demand that international conventions and treaties be complied with, encouraging the participation of the local community for the best application of these partnerships. About the author: My name is Caio Tancredi, I am an oceanographer who graduated from the University of São Paulo. Since I was a child, I have been an ocean lover, a surfer and the grandson-great-grandson of fishermen and sailors. Living in traditional communities has awakened in me a great interest in getting to know them better and being part of the fight they wage to guarantee their fundamental rights combined with environmental preservation. #MarineSciences #CommunityBasedTourism #TraditionalCommunities #ConservationUnits #UCs #Concessions #Caiçara #SocioEnvironmental #IlhaDoCardosoStatePark #IlhaDoCardoso #Guests
- Descomplicando o Mangue de Pedra
Por Jana M del Favero Recentemente, fiz uma viagem para Búzios (RJ) e, para minha surpresa, enquanto procurava por passeios, deparei-me com uma opção chamada "Mangue de Pedra". Como nunca tinha ouvido falar desse termo, recorri ao "pai dos burros moderno", também conhecido como Google, para descobrir um ambiente costeiro muito peculiar. Fiquei surpresa ao perceber que, apesar de ser mestre e doutora em Oceanografia, nunca tinha ouvido falar desse ambiente singular. Decidi, então, perguntar a alguns colegas da área se sabiam o que era o Mangue de Pedra. Para minha surpresa, apenas duas pessoas souberam responder, e não foi porque aprenderam em seus cursos de graduação ou pós-graduação, mas sim porque também já tinham visitado Búzios. Fiquei ainda mais espantada ao descobrir que até colegas formados no Rio de Janeiro não conheciam esse termo, o que me motivou a escrever este texto. Um manguezal, por si só, já é extremamente importante ecologicamente e economicamente. Eles geralmente se formam em áreas mais abrigadas, desenvolvendo-se sobre solo lamoso e nas desembocaduras de rios (nós temos um post descomplicando manguezais , que você pode acessar depois de ler esse texto, então serei sucinta aqui). Já no Mangue de Pedra, as árvores típicas de um manguezal crescem em um substrato formado por cascalho e areia grossa, e não há rios que descarregam água doce. A água doce que abastece o Mangue de Pedra e permite o crescimento da vegetação típica é subterrânea, proveniente da infiltração das chuvas, que afloram na região costeira. Naturalmente, visitei o local e me deparei com um ambiente ímpar, porém pouco sinalizado e protegido. Essa experiência me mostrou a importância de divulgar a existência desses ecossistemas únicos e de promover a conservação de nossos ambientes naturais. É crucial que estudos sobre o Mangue de Pedra sejam realizados e difundidos, assim como outros tesouros escondidos de nossa biodiversidade, para que possamos valorizá-los e protegê-los adequadamente. Vamos juntos valorizar e proteger nossas jóias naturais. Você já conhecia o Mangue de Pedra? Deixe seu comentário e compartilhe essa descoberta! Para saber mais, acesse: https://www.geoparquecostoeselagunas.com/mangue-de-pedra/ #DescomplicandoNetuno #MangueDePedra #Manguezal #JanaMDelFavero --------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Sobre a autora Formada em ciências biológicas pela UFLA, mestre e doutora em oceanografia pela USP, com dupla-titulação com a UMassD. Especializou-se em Gestão Ambiental pelo SENAC e realizou dois pós-doutorados, um no INPE e outro na UFRJ. É sócia e diretora científica na Infinito Mare, fundadora e editora-chefe do Bate-Papo com Netuno e membra convidada do Comitê de Assessoramento da Década do Oceano no Brasil.
- Ciclo de conversas na UFPE: Mulheres na educação ambiental e divulgação das ciências do mar
No dia 23 de agosto de 2022, aconteceu a abertura do evento “ Ciclo de Conversas: Mulheres na Oceanografia ” (CCMO), organizado por discentes do curso de oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco. A primeira conversa do ciclo abordou a temática da atuação das mulheres na educação ambiental e divulgação das ciências do mar . Divulgação da conversa 1 do Ciclo de Conversas: Mulheres na Oceanografia. Fonte: Maria Luiza Rocha Coutinho (CC BY NC-ND) O evento tem como objetivo abordar diversos temas dentro da atuação das mulheres na oceanografia, além de divulgar os trabalhos e pesquisas realizadas por mulheres na área e trazer à tona suas trajetórias e experiências a fim de discutir e, também, de inspirar meninas e mulheres que estejam iniciando suas caminhadas nas ciências do mar. O Bate-Papo com Netuno foi apresentado pela nossa editora, a Dra. Carla Elliff, que apresentou sua trajetória enquanto mulher e cientista do mar. Também participaram da conversa Lia Soares ( Oceanocast ) e a MSc. Mariana Azevêdo ( Núcleo de Educação Ambiental Prof. Fábio Hazin ) . Infelizmente, não foi possível a participação da Profa. Dra. Monica Costa (LEGECE/DOCEAN/UFPE), que também integraria a roda de conversa. A moderação foi feita por Maria Luiza Coutinho, discente de oceanografia na UFPE. Durante a conversa, as convidadas apresentaram suas trajetórias nas ciências do mar e seus respectivos trabalhos na divulgação científica, abordada por Carla e Lia, e na educação ambiental, por Mariana, de maneira presencial e virtual. Participantes da conversa 1 do Ciclo de Conversas: Mulheres na Oceanografia. Fonte: Maria Luiza Rocha Coutinho (CC BY NC-ND) Para mais informações sobre o CCMO, acesse a página do Instagram do Diretório Acadêmico de Oceanografia da UFPE . #NetuniandoPorAí #CarlaElliff #CCMO #MulheresNaOceanografia #MulheresNaCiência #DivulgaçãoCientífica #EducaçãoAmbiental
- VII Semana de Oceanografia da UFPE
Entre os dias 21 e 25 de novembro de 2022, aconteceu a sétima edição da Semana de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco (SOUFPE), com o tema “Mudanças Climáticas e Eventos Extremos: a culpa é realmente nossa?”. O evento é organizado todos os anos pela Mar Aberto - Empresa Júnior de Oceanografia da UFPE. Durante o evento, foram abordadas diversas perspectivas das mudanças climáticas ao longo do tempo geológico, na atualidade e as previsões para o futuro, a fim de que os participantes, ao final, pudessem responder à pergunta “a culpa é realmente nossa?”. No dia 24 de novembro, a Maria Luiza Coutinho, integrante da nossa equipe, apresentou na sessão de pôsteres o trabalho intitulado “Popularização da Cultura Oceânica através da plataforma de divulgação científica Bate-papo com Netuno” juntamente com as demais áreas da oceanografia. No pôster, destaca-se o histórico do Bate-Papo com Netuno, as seções temáticas de posts e a quantidade de textos já publicados, além da quantidade de seguidores nas diversas redes sociais onde a iniciativa se faz presente. Maria Luiza R Coutinho, colaboradora do Bate-papo com Netuno, apresentando na sessão pôster da VII Semana de Oceanografia da UFPE. Fonte: Maria Luiza R Coutinho com licença CC BY NC-ND #DivulgaçãoCientífica #CulturaOceânica #VIISOUFPE #MariaLuizaRCoutinho #NetuniandoPorAí
- Jovem cientista ou adolescência acadêmica?
Por Anônima Ilustração de Caia Colla Tecnicamente, sou uma “ jovem cientista ” para a maioria dos editais que aplicam essa categoria. Às vezes, me incomoda essa denominação “jovem”. Tenho quase 35 anos, me viro sozinha, tenho boletos de gente grande para pagar. Dizer que sou uma “jovem” anula tudo isso? Dizer que eu sou uma “jovem cientista” serve para eu me contentar e me conformar em minha posição na hierarquia acadêmica? Tenho graduação, mestrado, doutorado, 5 anos como pesquisadora de pós-doutorado (o famoso pós-doc). Dezenas de publicações, centenas de citações, participação em bancas de graduação e pós. E, mesmo assim, sou uma cientista em início de carreira? Quando é que essa carreira começa? Quando é que ela deslancha? Onde está a linha de chegada nessa corrida? Qual o lugar de uma “jovem cientista”? É um limbo de (i)maturidade? Uma adolescência acadêmica? Jovem demais para ocupar um cargo de chefia, para ter estabilidade na carreira, para ser levada a sério. Velha o suficiente para acumular responsabilidades e atribuições, servir como uma engrenagem na máquina produtivista, ser cobrada como uma profissional completa, mesmo que, numa reunião científica, você seja a única que não tem vínculo empregatício, não tem salário e, terminado o projeto atual, você sai de lá com uma mão na frente e outra atrás. A adolescência é marcada por questionamentos. Seria essa a vocação maior da etapa de “jovem cientista”? Questionar o sistema que nos impõem esse título e que nos passa a mão na cabeça dizendo “muito bem, parabéns por saber brincar de fazer ciência tão direitinho! Mas não vai achando que seu espaço de gente grande tá garantido, hein?” Mas uma “jovem cientista” de 35 anos, com anos de experiência na profissão-não-reconhecida de cientista, tem vontade de ser uma mulher adulta também. Como pensar em “adultezas”, como criar um espaço para chamar de seu (seja um aluguel que você decora a seu gosto ou uma casa própria), família (seja pela maternidade, cuidando de seus pais ou avós, ou qualquer outro papel familiar que você poderia exercer), aposentadoria etc., num sistema que te trata como uma adolescente? Espero que não me entenda mal, nada contra ser jovem. Aliás, ser jovem é exaltado em nossa sociedade. Quantas vezes você já não ouviu “nossa, você nem aparenta sua idade!” como um elogio? A pressão estética por uma juventude eterna está escancarada em qualquer propaganda de cosméticos. E, claro, com um viés maior para as mulheres. Às mulheres, não é dado o direito de envelhecer em paz. Simplesmente ter cabelos brancos, flacidez, rugas... Tudo isso precisa ser escondido, modificado. Pois bem. Cá estou, uma “jovem cientista” com alguns cabelos brancos e outros tantos sinais de que estou de fato tendo o privilégio de ver as primaveras passarem. Mas parece que sigo na balança jovem demais/velha o suficiente. O que acontece agora? #VidaDeCientista #MulheresNaCiencia #JovemCientista #Carreira #Produtivismo
- Afinal, o que tenho a ver com as mudanças climáticas?
Por Bruna Sanches e Jéssica Bonfim Apesar das mudanças climáticas parecerem algo muito distante e que, no fundo, preferimos acreditar que isso nunca irá nos afetar, ela está acontecendo há algum tempo e já faz parte da nossa realidade. Se não dermos a devida atenção a este problema, iremos sofrer cada vez mais as suas consequências. Você pode estar se perguntando, mas como as minhas atitudes podem causar impacto no planeta?”. Uma das respostas está mais próxima do que imaginávamos: o plástico! A poluição por plástico e os impactos das mudanças climáticas são dois temas que saem cada vez mais do ambiente acadêmico e se tornam presentes na mídia e em rodas de conversas do dia a dia. Porém, eles são normalmente tratados como problemas distintos, inclusive são poucos os estudos que trazem uma conexão entre os dois. Esses dois temas estão fundamentalmente ligados de três maneiras: 1) a produção de plástico depende fortemente da extração de combustíveis fósseis e do consumo de recursos finitos, diretamente relacionados com as emissões globais de gases de efeito estufa; 2) o clima influencia na distribuição da poluição por plásticos, que se espalha ainda mais com o aumento de eventos climáticos extremos e inundações; 3) o aquecimento global por si só é capaz de causar diversos impactos no ambiente (como aumento do nível do mar e derretimento das calotas polares), mas quando somado à poluição por plásticos, os efeitos sobre os organismos e ecossistemas marinhos podem ser catastróficos. Fonte: traduzido de Ford et al. (2022), com licença CC BY 4.0. Um exemplo de como plásticos e aquecimento global estão conectados: em 2015, a produção de plástico emitiu mais de um bilhão de toneladas métricas de dióxido de carbono (CO2). Isso representa mais de 3% das emissões globais de CO2 oriundas da queima de combustíveis fósseis. Em comparação, seria o equivalente a encher quase 200 trilhões de balões de aniversário apenas com CO2. Então, a solução seria substituirmos todo plástico de origem de combustíveis fósseis pelos feitos à base de biomassa?! Na prática, não é algo tão simples assim! Como esse material alternativo é derivado de biomassa, é preciso terra para cultivar e crescer as matérias-primas necessárias para a fabricação. Para substituir a demanda de plásticos usados globalmente, seriam necessários 61 milhões de hectares para o plantio de matérias-primas de plástico à base de biomassa, uma área maior que a da França. Sem contar o impacto à biodiversidade com o uso dessa terra para plantações em tamanha escala. Além disso, os plásticos à base de biomassa não são necessariamente biodegradáveis ; alguns são, mas outros apenas se degradam em condições industriais específicas ou, ainda, nem se degradam pois são feitos do mesmo polímero oriundo do petróleo (mas aqui com origem vegetal). Embora os plásticos biodegradáveis possam mitigar problemas relacionados à persistência no ambiente por meio da biodegradação, este processo deve ocorrer em condições controladas em um ambiente de compostagem para poder colher os benefícios do composto produzido. Esse é apenas um dos exemplos dos inúmeros estressores ambientais antrópicos, que, somados aos efeitos físicos das mudanças climáticas, podem intensificar ainda mais seus impactos, como o aquecimento global, aumento do nível do mar, aumento da ocorrência e intensidade de eventos climáticos extremos, derretimento de geleiras, entre tantos outros. Por isso, é importante estarmos cientes do nosso papel como indivíduo e sociedade, e sempre buscarmos informações confiáveis e atuais sobre o nosso planeta, que, afinal, é o nosso único lar! Pequenas mudanças no nosso dia a dia podem fazer a diferença, como a troca de plásticos de uso único ou limitado (como garrafas e garfos de plástico) para itens possíveis de serem utilizados diversas vezes como garrafas de vidro ou metal, utensílios de metal e até produtos menstruais reutilizáveis que estão disponíveis no mercado. Além de ser uma forma de economizar dinheiro, você ajuda o planeta evitando a produção e descarte excessivo de plástico no ambiente. Em 2019, houve um grande destaque na mídia para a implementação de leis em diversos estados do Brasil proibindo o fornecimento de canudos de plástico em estabelecimentos comerciais, sendo o objetivo desses projetos de lei contribuir na luta para diminuir a quantidade de plástico descartada no ambiente. Apesar dos canudos terem sido o centro dessa luta, plásticos feitos de polipropileno (incluindo os canudos) representam apenas 4% do plástico produzido no mundo, então por que esse foco apenas no canudo se há tantos outros itens feitos desse material? Eles são exemplos de como as pessoas podem, de alguma forma, participar dessa luta contra a poluição com escolhas simples do dia a dia. Afinal de contas, é necessário começar de algum jeito. Ademais dessas ações individuais, já existem ações criadas por grandes instituições como governos, empresas e ONGs sendo implementadas por todo o planeta para também diminuir o impacto dos plásticos no oceano, como: Eco Barreiras: estruturas flutuantes cujo objetivo é segurar itens próximos da superfície, dentre eles o plástico devido ao seu peso. Podemos encontrar esse método inclusive no Brasil, por exemplo, em um rio que passa por Porto Alegre – RS e outras cinco cidades importantes economicamente que, no ano em que foi implementada, em 2016, retirou 500 toneladas de plástico do canal; Foto do Projeto Eco Barreiras, com licença CC BY-SA 4.0. Projeto Ecoboat/Renove: desenvolvido no Rio de Janeiro, o barco já coletou 40 mil toneladas de resíduos sólidos da superfície do mar, sendo esse lixo trazido para o continente para ser triado e reciclado, dando um final adequado para os materiais; Seabin Project: criado por dois surfistas na Austrália, o equipamento consiste numa “lixeira” flutuante de baixa manutenção que, desde sua implementação, já capturou 4 mil toneladas de resíduos do oceano, sendo esse material coletado passível de ser utilizado para a fabricação de novos Seabins, criando um efeito dominó de reciclagem. É lógico que há também iniciativas que vão além de retirar o lixo que já chegou no oceano e que todo mundo pode ajudar. Podemos cobrar por políticas públicas, como por exemplo o Projeto de Lei Pare o Tsunami de Plástico , adquirir produtos de projetos inovadores, como os da Marulho , que além de retirar as redes fantasma das praias, atua diretamente com comunidades locais, e sempre repensar o próprio consumo: Meu shampoo não pode ser em barra para evitar o descarte de mais uma embalagem? Minha bucha para lavar louça não pode ser vegetal? E se eu testar utilizar calcinhas absorventes ou copinhos ao invés de usar um monte de absorvente todo mês? Essas são apenas algumas entre tantas outras mudanças que podemos realizar no nosso dia a dia. Todas essas ações são exemplos de atitudes que podem e estão sendo tomadas por diferentes atores da sociedade para manter o planeta habitável para nós e os demais seres vivos que nele vivem. Então, trago a pergunta para você, leitor, quais ações estão sendo feitas por instituições públicas ou governantes na sua cidade? E o que você pode fazer para ajudar com os problemas das mudanças climáticas? Referências BBC News Brasil. Mundo declara guerra ao canudo plástico, vilão do meio ambiente. [S. l.], 8 jun. 2018. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/geral-44419803 . Acesso em: 20 jun. 2024. Beegreen. Conheça algumas soluções inovadoras para retirar lixo dos oceanos. Meio Ambiente Notícias, 12 dez. 2019. Disponível em: https://beegreen.eco.br/solucoes-para-retirar-lixo-dos-oceanos/ . Acesso em: 20 jun. 2024. Helen V. Ford, Nia H. Jones, Andrew J. Davies, Brendan J. Godley, Jenna R. Jambeck, Imogen E. Napper, Coleen C. Suckling, Gareth J. Williams, Lucy C. Woodall, Heather J. Koldewey, The fundamental links between climate change and marine plastic pollution, Science of The Total Environment, Volume 806, Part 1, 2022, 150392, ISSN 0048-9697, https://doi.org/10.1016/j.scitotenv.2021.150392 . -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- Sobre as autores Bruna Sanches é formada em Oceanografia pelo Instituto Oceanográfico da USP, onde trabalhou com poluição marinha por metais em organismos e sedimentos ao longo do litoral do Brasil, além de questões relacionadas à segurança alimentar e bioacumulação. No mestrado, continuará o trabalho analisando metais em organismos marinhos da Antártica. Jéssica Bonfim é Oceanógrafa pelo Instituto Oceanográfico da USP. Durante a graduação trabalhou com poluição por metais em sedimentos, e o uso de radioisótopos para análise de taxas de sedimentação e geocronologia. Atualmente, é mestranda em Geofísica pelo Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP, onde trabalha com o mapeamento de uma geleira na Antártica a partir de dados de anomalia de gravidade. Bruna e Jéssica elaboraram este texto como projeto da disciplina “Oceano e Criosfera em um clima em mudança”, ministrada pela Prof.ᵃ Dr.ᵃ Renata Nagai e o Prof. Dr. César Barbedo Rocha, do curso de Bacharelado em Oceanografia do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo. #Plástico #MudançasClimáticas #LixoNoMar #BatePapoComNetuno #PoluiçãoMarinha #CiênciasDoMar #MeioAmbiente #Oceanografia #BrunaSanches #JéssicaBonfim