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  • Poluição marinha, microplásticos e ciência cidadã

    Por Thaiane Santos Sabia que tem plástico em todo lugar no mundo? Em praias, no meio dos oceanos, até nas regiões polares! O uso dos plásticos aumentou rapidamente durante o século 20 pelas suas características como baixo custo, alta durabilidade, flexibilidade, baixa densidade e por ser resistente ao calor. Essas características permitem várias formas de fabricação e usos. Pense em quantos tipos de plástico você conhece. Inúmeros né? Dê uma olhadinha no ambiente em que você está e veja quantos itens de plásticos tem por perto. Muitos! Quando um tipo de plástico não é reutilizado, e descartado de forma incorreta, ele pode chegar em praias e em mar aberto! Sabe aqueles pratinhos de isopor que a gente compra no supermercado? Assim, como todos os itens feitos de plástico, ele não some na natureza! Da mesma forma que o isopor, vários tipos de plástico têm baixo valor comercial para a reciclagem de cooperativas. Por isso são descartados junto com o lixo comum, de forma incorreta. Já se tem conhecimento de que o plástico presente nos oceanos pode ser resultado da falta de controle desses resíduos em terra. Quando o plástico está presente no meio marinho ele vai se quebrando em pedacinhos menores, dando origem aos microplásticos. Esses pedacinhos de plásticos nos oceanos representam um risco para os animais marinhos que podem ingerir ou aspirar essas partículas por engano. Estudos recentes comprovam que 73% dos peixes do oceano Atlântico ingerem microplásticos. Entre esses peixes são tipos comuns na nossa alimentação, como o atum. O fim dessa rota do plástico (casa >>  lixo >> oceano), quando não é a ingestão pelos animais marinhos, é o acúmulo em praias, e mais de 95% do lixo nas praias brasileiras é plástico! Saber para onde vai e de onde vem esses fragmentos plásticos é muito importante para avaliar o tamanho do impacto gerado no planeta por nós humanos, que coloca em risco o meio ambiente e a nossa própria saúde! Também ajuda na criação e implantação de políticas de monitoramento e soluções para o lixo marinho! O mais legal é que essa ajuda pode ser dada por qualquer pessoa disposta a pegar um pouquinho de areia em qualquer praia e enviar para a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Esse tipo de pesquisa que conta com uma mãozinha da sociedade é chamado ciência cidadã. É uma forma nova de fazer ciência pelas universidades, envolvendo o meio acadêmico com pesquisadores e a participação popular. Esses estudos têm como ator importante o cidadão voluntário que pode ajudar a fazer ciência em qualquer lugar do mundo gastando bem pouquinho. Já pensou como seria difícil uma pessoa ficar viajando pelo país para pegar um pouquinho de areia nesse mundão de praias que existem? Com a ciência cidadã todo mundo pode colaborar, fazendo sua parte na coleta de dados colaborativos sobre lixo marinho no mundo e ainda ser um cidadão cientista! A gente aqui do LEGECE (Laboratório de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Costeiros e Estuarinos) na UFPE criou o projeto “Poluição marinha, microplásticos e ciência cidadã” para fazer esse estudo de monitoramento de lixo marinho. Quer saber como colaborar? É bem fácil! Dá para curtir uma praia e ainda dar uma mãozinha pra gente! Basicamente a gente precisa que você pegue 3 amostras de areia que são raspadas de forma bem superficial numa área específica. Antes de pegar a areia precisamos que você posicione o celular na altura do quadril (foto 1) e depois na altura dos joelhos (foto 2) para fotografar a área onde vai pegar a areia. Depois é só guardar a areia e enviar pra gente junto com as fotos. Aqui tem algumas instruções: A areia deve ser coletada na linha do deixa (aquela marquinha na areia onde ficam acumulados folhas, conchas, algas, galhos e todo tipo de lixo, inclusive vários tipos de plásticos!). Depois é só marcar na areia com uma régua um quadrado (30 x 30 cm). Aí tira foto da área marcada nas duas alturas (quadril e joelhos) com o seu celular mesmo. O único cuidado é não fazer sombra dentro do quadrado na hora da foto. Ah, e não tem hora e nenhuma maré específica para coletar a areia. Recomendamos fazer isso pela manhã para sair uma foto com luz boa, sem sombra, já que durante a tarde uma luz forte ou baixa do sol não ajuda a tirar uma foto legal da areia. Em seguida, com ajuda de uma pá ou espátula, raspe a areia e guarde em saquinhos com fechamento do tipo “ziplocks”. Não indicamos usar colher porque cava a areia e acaba pegando mais do que precisamos. Queremos aquela parte bem superficial, bem pouquinha areia, raspada de forma bem leve. Tudo o que tiver dentro do quadrado tem que ser guardado dentro do saquinho (folha, canudinho, tampinhas, isopor etc). Se não tiver esses saquinhos pode usar de outro tipo (o que tiver em casa), também pode usar embalagem de marmita de alumínio que é bem levinha pra carregar. Você vai repetir isso em 3 áreas. A distância entre os 3 pontos é variável, depende do tipo de praia (se é uma praia larga ou uma praia estreita), pode ser de 10 a 15 passos. As 3 áreas de coleta (3 quadrados) são 3 amostras diferentes que devem ser guardadas em embalagens separadas e identificadas (amostra 1, amostra 2, amostra 3). Só mais uma coisinha: observe se nos dias anteriores à sua ida à praia teve alguma chuva forte, que causa ondas mais fortes podendo deixar mais resíduos na praia. É importante notar se é uma praia limpa, se está suja, se tem alguma fonte de lixo visível, bares e restaurantes (praia turística), esgoto (praia urbana), ou é uma praia mais deserta, com natureza preservada. Depois da ajuda, quando tiver com os saquinhos de areia, entre em contato com a gente para combinar como vamos pegar as amostras e as informações que precisamos. Vamos ajudar a ciência e a natureza? Se torne um colaborador voluntário! Contato: microplasticscience@gmail.com thaay.santos@gmail.com mfc@ufpe.br https://www.facebook.com/thaiane.santos.23 https://www.facebook.com/LegeceOceanografiaUFPE/?pnref=lhc https://microplasticscience.wixsite.com/citizensciencemps Sobre Thaiane Santos: Oceanógrafa pela Universidade Federal do Pará, atuou no Laboratório de Biologia Pesqueira e Manejo dos Recursos Aquáticos e tem experiência em estudos com biomarcadores bioquímicos por atuar no Laboratório de Toxicologia fazendo pesquisa de poluição aquática e estresse oxidativo em vertebrados e invertebrados estuarinos da Amazônia.  Atualmente é mestranda na Universidade Federal de Pernambuco, faz parte do grupo LEGECE (Lab. de Ecologia e Gerenciamento de Ecossistemas Estuarinos e Costeiros) onde trabalha com monitoramento de microplásticos em praias desenvolvendo metodologia de citizen science. #convidados #ciênciacidadã #ciênciasdomar #microplástico #poluiçãomarinha #ThaianeSantos #plástico

  • Como formar bons cientistas?

    Por Vivian Kuppermann Marco Antonio Originalmente publicado em: https://www.linkedin.com/pulse/como-formar-bons-cientistas-vivian-kuppermann-marco-antonio/ Fonte Mês passado, começaram as minhas aulas do Mestrado em Oceanografia Química pela Universidade de São Paulo (USP). A primeira disciplina dessa nova etapa será dada de forma condensada, em período integral durante o mês de fevereiro. Com o nome de Oficina de Projetos em Oceanografia, essa matéria surgiu como uma maneira de auxiliar os alunos a elaborarem o projeto de pesquisa a ser desenvolvido ao longo desses dois anos de pós-graduação. Pois bem. A aula começou com uma reflexão sobre a ciência de maneira geral e foi afunilando até chegarmos no cenário da ciência brasileira e na carreira de pesquisador. A discussão foi acerca dos requisitos para ser ou para formar um bom pesquisador. Ser cientista não é fácil em nenhum lugar do mundo. A ciência exige muita dedicação, horas e mais horas de estudos, persistência e coragem para encarar o desafio de mergulhar no desconhecido com a esperança de emergir com algo novo e relevante. No Brasil, a situação do cientista consegue ficar ainda pior. Em um país onde a ciência sofre um corte de 44% da sua verba prevista, não é difícil imaginar que a nossa discussão não foi muito animadora. Obstáculos e mais obstáculos foram destaque do nosso debate. Não chegamos a nenhum consenso. O buraco brasileiro é muito mais embaixo. Educação, incentivo, divulgação, reconhecimento, valorização, conscientização da sociedade, transparência na prestação de contas com o investimento recebido, melhores condições de trabalho, bolsas-auxílio compatíveis com suas necessidades... E por aí vai – e fomos – num brainstorm, tentando colocar em uma ordem lógica qual é a solução do Brasil para formar bons cientistas. O máximo que conseguimos obter foi a divisão dessas “palavras” em dois grupos maiores: EDUCAÇÃO & INCENTIVO A educação deve vir desde a escola, estimulando a curiosidade e a sede pelo conhecimento. O incentivo deve vir para permitir a permanência desse cientista nessa carreira. Ao final da aula, o professor pediu a todos nós que elaborássemos um texto bem sintetizado sobre como formar um bom pesquisador e entregássemos para ele no dia seguinte. Fiz o meu e entreguei. Confesso que não foi fácil concatenar o pensamento e encontrar uma linha de raciocínio que fosse capaz de solucionar esse enigma. Por isso, gostaria de compartilhá-lo com vocês, para fomentar essa discussão e ouvir vozes de fora. Segue abaixo: Como formar um bom pesquisador? “Primeiro a paixão, depois o treino”, disse Edward O. Wilson em Letters to a Young Scientist. Ser cientista – ou pesquisador – vem de uma curiosidade natural de querer entender o mundo que nós vivemos. Talvez você queira saber como o Universo surgiu, ou como construir um supercomputador. Talvez seu interesse esteja em compreender o corpo humano ou os ecossistemas. Seja qual for a sua pergunta, a ciência te ajudará com a resposta. E essas motivação e paixão são essenciais, porque ser cientista não é nada fácil. Faltam auxílios, incentivos, estrutura, tecnologia, e muitas vezes – para não falar sempre – não recebemos o devido reconhecimento. Considerando que essa motivação e essa curiosidade já estejam em você, como é possível se tornar um bom cientista? Para começar, vamos considerar o cenário brasileiro, onde vivemos. Fica mais complicado falar sobre como as coisas funcionam lá fora. Aqui, podemos fazer um plano dividido em duas vertentes principais: educação e incentivo. O início deveria ser a educação básica. Na escola, o aluno deve receber o ensino das principais disciplinas: matemática, física, história, geografia, literatura...parece óbvio, mas sabemos que no Brasil, esse óbvio é utópico. Além disso, esse aluno deve ser estimulado a pensar nos processos e nos fenômenos que o cercam. Sua curiosidade deve ser instigada e desafiada: a ciência deve ser apresentada como uma matéria possível e cotidiana. Criar feiras de ciência, desenvolver projetos científicos, desenvolver modelos, maquetes e robôs, e falar sobre cientistas renomados e suas descobertas é um bom caminho para abrir os olhos da geração futura. Fomentar a pré-iniciação científica também vale. Assim, nesses anos de colégio, o aluno conseguirá definir se tem esse perfil para a ciência e o seu próximo passo será na Universidade. Agora, passar numa boa Universidade é trivial para o bom desenvolvimento do pesquisador. É preciso se preparar para o vestibular e usar toda aquela bagagem construída com a educação básica. Uma vez na Universidade, a sua jornada está apenas começando. Aqui dentro, o aluno deveria receber, além das disciplinas tradicionais do curso escolhido, uma educação científica, na qual ele aprenderia, desde o princípio, todo o método científico: como elaborar uma hipótese, como procurar bibliografia, como consultar outros materiais de referência, entre outras coisas. É importante ressaltar que o responsável por dar essa educação é o docente, que também deve passar por treinamentos e capacitações que o auxiliem na forma de transmitir o seu conhecimento para o aluno, didática e estratégia pedagógica adequadas. A Universidade deveria oferecer esse tipo de capacitação. Junto a essa formação acadêmica, o aluno deve ter consciência dos incentivos existentes para o desenvolvimento de sua carreira como pesquisador. A Universidade deve investir em extensão para aproximar a ciência da sociedade, mostrar a importância e a utilidade daquilo que se faz em laboratório para o bem geral. Também deve oferecer uma estrutura adequada para o pesquisador desenvolver a sua pesquisa, com laboratórios, equipamentos e materiais em bom estado. Somado a isso, deve-se pensar em políticas de permanência: o pesquisador deve ter como se manter, manter suas necessidades básicas, enquanto desenvolve o seu projeto. Agências de fomento são cruciais para isso, oferecendo bolsas de auxílio suficientes para cobrir os gastos de moradia, de alimentação e outros desse cientista. Podemos também discutir a questão de planos de saúde e de previdência para esse pesquisador. Todos esses benefícios não são luxo, mas, sim, formas de valorizar essa carreira e considerá-la uma profissão útil e necessária como qualquer outra. Não é porque o pesquisador faz, no seu dia-a-dia, algo que gosta,que  ele não mereça ser visto como um profissional, como alguém que contribui para o desenvolvimento da sociedade como qualquer outro trabalhador. Aliás, sem ciência não há sociedade. O desenvolvimento da ciência é o que faz o ser-humano crescer, criar coisas novas e evoluir. E para garantir que isso seja feito de uma maneira adequada e de qualidade, valorizar e reconhecer aqueles que se dispõem a fazê-lo é vital. Por fim, não podemos esquecer que pesquisador, antes de mais nada, é humano, e tem suas carências e limitações como tal. Ele não pode trabalhar sem parar, inclusive finais de semana, apenas com a justificativa de estar trabalhando com o que gosta. A sua saúde mental depende de uma regulamentação dessa atividade. Conciliar a sua vida pessoa com a vida dentro do laboratório é imprescindível para a formação de um bom pesquisador. Sobre Vivian: Formada em Oceanografia pela Universidade de São Paulo e em Jornalismo pelo Fiam-Faam Centro Universitário, vê a comunicação como a melhor maneira de espalhar a ciência por aí. Trabalhou com bioindicadores ambientais na área de Oceanografia Geológica. E, fora da academia, tem experiência com redação, assessoria de imprensa, design gráfico, marketing digital e gestão de mídias sociais. Atualmente, é mestranda em Oceanografia Química pela USP. Link para currículo Lattes #ciência #pesquisador #vidadecientista #convidados #viviankuppermannmarcoantonio

  • Uma breve história do Big-Bang ao alvorecer da vida:Parte I

    Por Amanda Bendia Sobre o Big Bang:  a origem dos átomos e explosão de estrelas Estima-se que o número de espécies que habitam a Terra atualmente ultrapasse 8,7 milhões. Dentro deste valor não estão incluídos os micro-organismos classificados como bactérias e arqueias, que são seres procariontes, microscópicos, compostos por uma única célula desprovida de núcleo e organelas celulares. Sabe-se que o número de espécies destes micro-organismos procariontes pode, incrivelmente, superar os estimados 8,7 milhões de habitantes eucarióticos (os eucariontes possuem uma estrutura celular mais complexa, com núcleo e organelas, e englobam todos os animais, plantas, fungos, protozoários, etc. ) do planeta. Estes imensos valores nos fazem refletir sobre como possa ter surgido tamanha e incrível diversidade ao longo da história do nosso planeta e do Universo. Para discutirmos essa questão, precisamos voltar há 15 bilhões de anos, onde tudo que conhecemos estava aglomerado em um único ponto. Já imaginou? Todos os seres humanos (e todos os outros organismos) que já habitaram a Terra, todos os objetos que produzimos por nossa tecnologia, todas as moléculas que compõem o nosso planeta, simplesmente todos os átomos das bilhões de estrelas que já detectamos no Universo, todo o Cosmos estava reunido na singularidade. Então aconteceu a maior explosão de todos os tempos: o Big-Bang. Figura 1 - Era uma vez há 14 bilhões de anos atrás. Da singularidade à maior explosão de todos os tempos:  o Big-Bang. Fonte O Universo expandiu, esfriou e escureceu. Os primeiros átomos foram formados e seu acúmulo gerou grandes nuvens de poeira cósmica que dariam origem às galáxias. Dentro das galáxias a primeira geração de estrelas se formou, e em seu interior, a fusão dos átomos, que até então eram de hidrogênio, deu origem a elementos químicos mais pesados. Quando o combustível se esgotava, as estrelas explodiam e liberavam estes elementos, enriquecendo os gases estelares. Figura 2 - A origem do nosso Sistema Solar: os ingredientes para o surgimento da vida estavam ali, na nuvem de poeira estelar. Fonte Uma nova geração de estrelas ia reciclando estes elementos, e átomos cada vez mais pesados se formaram. O acúmulo de nuvens carregadas de poeira cósmica - as nebulosas - deu origem a sistemas planetários, como o nosso Sistema Solar. Durante a formação do planeta Terra, há aproximadamente 4,5 bilhões de anos, moléculas orgânicas compostas por carbono agregaram-se e deram origem aos ingredientes que foram essenciais para o desenvolvimento da vida. Gostou deste assunto? Leia mais aqui! #amandabendia #ciênciasdomar #astrobiologia #átomos #estrelas

  • Water on Mars and the deep ocean

    By Jana M. del Favero Edited by Katyanne M. Shoemaker At the end of September of 2015, NASA scientists publically confirmed the existence of liquid water on Mars, the Red Planet (https://www.nasa.gov/press-release/nasa-confirms-evidence-that-liquid-water-flows-on-today-s-mars). I remember when this news was released and how it caused certain uproar over the possibility of finding life there. Landscape of the mysterious Red Planet; from the movie The Martian. Font We know that life depends on water: it is the largest constituent of every living being (e.g. the human body is composed, on average, of 60% water), it is necessary for photosynthesis, and it is indispensable for several other vital functions. However, the phrase just quoted neglects an important detail: life, AS WE KNOW IT, depends on water. This made me remember the following cartoon, about two giant tubeworms talking to each other: Font I had posted this cartoon on my personal Facebook page previously, but then I reflected: how many of my friends know what giant tubeworms are? Or what hydrothermal vents are? Tubeworms are marine invertebrates in the phylum Annelida (yes, the same as the earthworms) and the class Polychaeta (aquatic worms), but they are sessile, i.e. they live fixed on an underwater surface. Their body is rounded by a tube, which extends the length of the whole body. The one illustrated in the cartoon are of the species Riftia pachyptila, popularly known as the giant tubeworms. These worms can live several kilometers down in the ocean, and they can reach a length of 2.4 m with a diameter of 4 cm. (more information on: https://en.wikipedia.org/wiki/Giant_tube_worm) Giant tubeworms. Font A hydrothermal vent is a fissure in a planet's surface from which geothermally heated fluid emerges. The water that penetrates the crust at deep depths reacts with the minerals present, undergoing physical and chemical changes along the way. Usually there is an “oasis” of life along the hydrothermal vents. This is due to chemosynthesis, a process in which microorganisms use chemical energy to produce organic matter from carbon dioxide. Hydrothermal vent. Font Prior to the discovery of hydrothermal vents in the 1970s, the scientific community assumed that all life in the ocean depended on photosynthetic production, mainly produced by phytoplankton. Since photosynthesis depends on sunlight, it was like saying that all of the life in the oceans depended solely on the sun! The hydrothermal vents and the abundance of organisms that live around them proved the opposite. And that's the point I wanted to get to in this post: WE KNOW AS LITTLE ABOUT THE OCEAN AS WE KNOW ABOUT SPACE! We have explored around 1% of the oceans, and they cover 80% of our planet. Most of the ocean is only about 3 km deep, but Mars is about 60 million miles away from Earth! I am not saying that scientific exploration of space is not important, but I wish that the amount of money invested in space studies and the media attention space discoveries receive would also be given to the oceans. We know so little still, and yet they are so much more present in our lives. #chatjanamdelfavero #marinescience #deepocean #hydrotermalvents #mars #chatkatyanneshoemaker

  • Two reasons to watch the documentary “Mission Blue”

    By Jana M. del Favero and Catarina Marcolin Translated by Lídia Paes Leme Edited by Katyanne M. Shoemaker In our first post in the Women's session “Old challenges for current women” we received a suggestion by Prof. Otto Muller P. Oliveira to post about the documentary “Mission Blue.” Indeed this documentary deserves a special mention in our blog because, aside from the excellent production, its content is simply inspiring. The documentary “Mission Blue” was released in 2014 and tells the story of the incredible biologist Sylvia Alice Earle, explorer, author, mother, grandmother (amongst a thousand other possible titles) and her campaign to create a global coalition of marine protected areas, called “Hope Spots.” When watching the movie, it is impossible not to fall in love with and be inspired by two “characters.” The first is the organization itself, also called Mission Blue (www.mission-blue.org), which was created in response to the prize Sylvia Earle earned in 2009 at “TED PRIZE WISH” (watch the talk here). In that talk, Dr. Earle encourages the use of all possible media (movies, expeditions, internet, new submarines) in a campaign to inspire public awareness and support for a worldwide network of marine protected areas. If these “Hope Spots” are wide enough, it could be possible to save and restore the planet's blue heart! Today, Mission Blue is a coalition of over 100 groups, from multinational corporations to groups of scientists, concerned with matters of ocean conservation. Mission Blue's website brings an interesting but scary statistic: only 2% of the World’s ocean is protected, hence the importance of this kind of effort. Font The second reason to fall in love with this film is the main character, Sylvia Earle, a woman that turned 80 in August 2015, who actively keeps studying, exploring, diving, and defending the ocean (learn more https://en.wikipedia.org/wiki/Sylvia_Earle). Sylvia completed high school at the age of 16, undergrad at 19 and her masters at 20. During her Doctorate, this rhythm slowed down, due to marriage and kids, but soon Sylvia returned to her frantic pace. In 1964, when her kids where only 2 and 4 she traveled for 6 weeks on an expedition in the Indian Ocean. According to Sylvia, she didn't know she'd be the only woman on board, for she was invited as the only botanist, not only woman. A reporter approached her in Mombassa, Kenya, from where the ship would depart, and Sylvia remembered being interested in talking about her work, but the reporter only wanted to know about what being on the ocean with so many men would be like. After all, the article was called “Sylvia sails away with 70 men, but she expects no problems.” Despite everything appearing well, Sylvia implies in some interviews that her scientific expeditions may have lead to the end of her first marriage. This is a recurring difficulty faced in the scientific world; it is common to have campaigns where the scientists are away for weeks, sometimes months, without any communication with family. In 1966 Sylvia finished her Doctorate, and in 1968 she traveled 30m deep in the waters of the Bahamas in a submersible, 4 months pregnant with her 3rd child and in her second marriage. In 1969 she signed up to participate in the project Tektite, where scientists lived weeks in a laboratory placed under the sea, at 15m depth. Despite her 1000+ hours of diving experience and her excellent written proposal, she was not allowed to live together with men underwater in Tektike I. The following year however, she was invited to lead the Tektite II project, with a women-only team. The success of this team was an important milestone for women in research, and it set a precedent for future aquatic and space expeditions to include women in their teams. Picture: Bates Littlehales. Font After her experience as a mermaid, Sylvia became a popular face in the media and her career took off (we'd say, all other qualities aside, she also has a lovely face). In 1979 Sylvia walked on the ocean floor at depths never before touched by any other human. This was done using what is called a JIM SUIT, and was used at a depth of almost 400m. This adventure resulted in the book “Exploring the Deep Frontier.” Image: Dr. Sylvia Earle in Deep Rover Submarine. Font In the 80's, together with the engineer Graham Hawkes, she started a company to create submersible vehicles, like Deep Rover. This partnership ultimately led to her third marriage, one where the offspring were the submarines created by them. One of her daughters currently works with her in her company. When asked if she had problems reconciling family and career, Sylvia says yes, many, and that she tried to rearrange her life, having a laboratory and a library at home. For women that dream about following a scientific career, Sylvia advises “Try, you'll never know how it would be if you don't try.” Font Other than the documentary itself, we recommend this short video: http://voices.nationalgeographic.org/2013/06/14/in-her-words-sylvia-earle-on-women-in-science/?source=newsbundlearticles #marinebiology #ocean #TEDtalks #womeninscience #chatjanamdelfavero #chatcatarinarmarcolin #chatlídiapaesleme #chatkatyannemshoemaker

  • É possível distinguir diferentes baleias assim como nós sabemos reconhecer as pessoas?

    Por Liliane Lodi Foto-Identificação:  A identidade de cada animal As baleias-de-bryde são identificadas com base no perfil de suas nadadeiras dorsais, através da presença de cortes e cicatrizes, utilizando uma técnica chamada de foto-identificação. Os cortes e cicatrizes da nadadeira dorsal têm características únicas. Nenhuma baleia é igual a outra. Estas marcas assemelham-se às nossas impressões digitais ou a um código de barras. Nos últimos 40 anos a técnica de foto-identificação tem sido utilizada para estudar inúmeras populações de golfinhos e baleias no mundo inteiro. Trata-se de uma técnica não invasiva ou hostil, uma vez que o animal não precisa ser fisicamente capturado ou marcado. Basta obter boas fotos de sua nadadeira dorsal. Durante as interações inter e intraespecíficas dos indivíduos, ou ainda como resultado do impacto com certos elementos humanos (tais como redes de pesca e hélices de embarcações) e ambientais (interação com o fundo), a nadadeira dorsal pode sofrer alterações resultando em padrões reconhecíveis de cortes e cicatrizes permanentes ao longo do tempo. A melhor fotografia de cada baleia (selecionada como aquela em que a nadadeira dorsal está mais em foco e perpendicular à câmara, em alta resolução) de uma dada ocasião é considerada como uma avistagem (captura).  À medida que este indivíduo identificado for observado em outras oportunidades trata-se de uma reavistagem (recaptura). Com este procedimento é possível construir um álbum ou um catálogo fotográfico. Estudos de foto-identificação fornecem informações importantes que ampliam o conhecimento sobre as baleias que servem de base para a elaboração de estratégias de conservação. Além do trabalho desenvolvido por investigadores especializados, a participação pública pode adicionar informações importantes a este tipo de estudo. Como os pesquisadores não podem ter olhos em todos os lugares, foi criado em dezembro de 2017 o Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil, uma parceria entre o Projeto Baleias e Golfinhos do Rio de Janeiro e o WWF-Brasil. O programa é aberto não só para pesquisadores, mas também para ambientalistas, amantes da natureza, praticantes de esportes náuticos e quem mais quiser participar. É como se estivéssemos treinando novos olhos de pesquisadores em baleias! Objetivos do Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil Mobilizar e envolver a sociedade na pesquisa científica participativa; Elaborar uma base de dados de baleias-de-bryde foto-identificadas em águas brasileiras, através de um acervo fotográfico concentrado; Identificar, comparar e quantificar novas ocorrências das baleias-de-bryde identificadas em uma mesma área; Determinar os deslocamentos da baleia-de-bryde na costa brasileira e áreas chave para à conservação da espécie; Reunir registros para posterior análise objetivando entender se a(s) população(ções) está(ão) em decréscimo, mantida(s) ou aumentando, e; Conscientizar sobre a necessidade da conservação das baleias-de-bryde e do uso sustentável de nosso litoral como seu habitat. Como participar Você não precisa ser um pesquisador para aprender como fotografar adequadamente uma baleia-de-bryde para propósitos de identificação individual em registros que possam ser de fato aproveitados em prol da conservação desses animais. Assim, se você deseja auxiliar na pesquisa sobre as baleias-de-bryde, torne-se um colaborador da rede! Os resultados obtidos por esse banco de dados compartilhado pode fazer a diferença na conservação da espécie no Brasil! Obtenção das fotos As dicas para a obtenção de fotos de qualidade da nadadeira dorsal, de modo que possam permitir a identificação individual segura das baleias-de-bryde brasileiras, podem ser conferidas no web site. As fotografias submetidas serão analisadas e as consideradas de boa qualidade serão integradas numa base de dados a partir da qual é construído o catálogo compartilhado. O autor das imagens mantém todos os direitos sobre as mesmas. Quem tem olhos para ver e anda bem informado e equipado será sempre o fotógrafo mais premiado! A Portaria do IBAMA n.º 117, de 26 de dezembro de 1996 define normas para evitar o molestamento intencional de cetáceos em águas jurisdicionais brasileiras. Sempre siga o protocolo de observação de baleias e não as perturbe para obtenção de fotografias. Além dos detalhes e orientações para a identificação dessas gigantes, o web site também conta com espaços interativos para compartilhar fotografias, vídeos, artigos, textos de divulgação científica, notícias na mídia e outras informações relevantes sobre a espécie. Navegue nesta onda: Conheça - Participe - Colabore - Divulgue! Para saber mais: - Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil http://brydesdobrasil.com.br (Formatos: celular, tablet e computador) E-mail: contato@brydesdobrasil.com.br - Facebook: Onde estão as Baleias e os Golfinhos? https://www.facebook.com/groups/baleiasgolfinhos.rj - Instagram: @baleiasegolfinhosdorj - Portaria do IBAMA n.º 117, de 26 de dezembro de 1996 http://www.ibama.gov.br/sophia/cnia/legislacao/IBAMA/PT0117-040901.PDF Sobre Liliane Lodi: Doutora em Biologia Marinha trabalha com ecologia de cetáceos, com ênfase em distribuição, uso do habitat, comportamento e conservação. É administradora do grupo do Facebook “Onde estão as Baleias e os Golfinhos?” e do Programa de Pesquisa Participativa Brydes do Brasil direcionados à área de Ciência Cidadã. É coordenadora do projeto de pesquisa Baleias & Golfinhos do Rio de Janeiro (Instituto Mar Adentro, WWF-Brasil e Fundação SOS Mata Atlântica). #baleias #brydesdobrasil #ciênciasdomar #convidados #golfinhos #LilianeLodi

  • Será que existe luz no fundo do mar?

    Por Catarina R. Marcolin Já falamos aqui no blog que sabemos mais sobre o espaço sideral do que sobre os oceanos. Se quisermos saber mais sobre o fundo dos oceanos, o assunto fica ainda mais misterioso. No fundo dos oceanos, a luz do sol não consegue penetrar, então não temos fotossíntese, a base energética da maioria das cadeias alimentares. Apesar disso, existe bastante vida no oceano profundo, e acreditem, tem também muita luz. Isso mesmo, um estudo publicado este ano na Scientific Reports estimou que mais de 75% dos organismos marinhos que vivem até 4000 m de profundidade conseguem produzir luz, um fenômeno chamado de bioluminescência. Uma enorme variedade de animais como peixes, vermes, medusas, crustáceos, lulas e polvos conseguem emitir sua própria luz, o que pode promover um verdadeiro show de luzes no fundo do mar. A bioluminescência já é considerada uma característica ecológica (ecological trait), ou seja, é uma característica tão importante que a gente espera que animais que vivem nos oceanos a apresentem. Agora você deve estar se perguntando, por que será que é tão importante produzir luz? Bem, graças à ciência, podemos matar um pouco da nossa curiosidade sobre este ambiente tão pouco explorado. O que se sabe hoje é que organismos produzem sua própria luz para: Se defender de predadores: 1 - através de camuflagem (o animal consegue assumir cores semelhante ao seu ambiente para se esconder e escapar dos predadores); Uma lula usando bioluminescência para se esconder no fundo do oceano. Fonte 2 - e distraindo o predador (alguns animais conseguem expelir materiais luminescente criando um "sósia" para enganar seu predador enquanto escapam). Esse camarão é capaz de produzir bioluminescência de duas formas: uma secreção azul que é expelida pela boca para enganar predadores, bem como outros órgão são capazes de emitir luz como os membros, abdômen e olhos. Fonte Reprodução Encontrar um parceiro no escuro não deve ser nada fácil. Algumas espécies emitem flashes de luz para atrair potenciais parceiros sexuais ou ainda, como essa glow worm, cuja fêmea emite uma luz constante que se apaga, uma vez que tenha acasalado. Tomopteris helgolandica é um verme do mar, uma das raríssimas espécies de animais capazes de produzir luz amarela. A bioluminescência neste caso é emitidas no final dos parapódios (essas estruturas que se assemelham a perninhas), quando o animal é perturbado. Acredita-se que serve para distrair predadores. Conseguir comida Alguns peixes podem ser atraídos por pequenos pontos de luz emitidos pelo predador, que os captura quando se aproximam. Ao lado, temos o Angler fish ou peixe pescador. Os organismos podem produzir luz de duas formas diferentes: pela mistura entre dois compostos químicos (uma luciferina, que produz luz de fato, e uma luciferase, enzima que catalisa a reação) causando uma reação que produz luz, ou por meio da associação com diminutos microorganismos (como bactérias) que produzem luz pelo mesmo método. Juvenis de polvo (esquerda) e lula (direita) nas águas do Tahiti. A bioluminescência também pode ser útil para nós, humanos. Cientistas podem usar compostos químicos produzidos por animais que brilham em pesquisas médicas para iluminar as células que serão vistas ao microscópio. Da mesma forma, é possível visualizar células cancerígenas por meio destes compostos químicos. Um outro exemplo é a proteína relacionada com a fluorescência verde (Green Fluorescent Protein), encontrada em certas medusas, que é utilizada como marcador genético pelos cientistas. Ainda não se sabe exatamente qual a função da luminescência em Ctenóforos. Sabe-se que os padrões de cada espécie são únicos. Eles emitem tantas cores quanto um verdadeiro arco-íris, não é incrível? Não deixe de checar o vídeo! Se você gostou do que leu e quer saber mais sobre o assunto, comenta aqui que a gente tenta matar sua curiosidade! Para saber mais: https://www.nature.com/articles/srep45750 http://www.scholastic.com/browse/article.jsp?id=3757110 https://www.wired.com/2011/01/bioluminescent-sea-creatures/ http://www.sciencemag.org/news/2017/04/more-75-surveyed-sea-animals-glow-dark #bioluminescência #catarinarmarcolin #ciênciasdomar #luciferina #marprofundo

  • The extraordinary life of whale carcasses in the deep ocean

    By Joan Manel Alfaro Lucas Translated by: Lídia Paes Leme Edited by: Katy Shoemaker This story starts in 1987, when, during an oceanographic expedition lead by Dr. Craig Smith (University of Hawaii), the research robot Alvin found a whale carcass on the ocean floor in Santa Catalina Bay, California, 1240 meters deep (Smith et al., 1989). This discovery reinforced an idea that had been suggested before, that even though whale deaths are common in coastal zones, many die in spots far away from beaches and sink down to the depths of the ocean. The deep ocean covers 63% of the planet's surface and is considered the biggest biome on Earth. It is unique and extreme due to its low temperatures, high pressure, and darkness (light doesn't penetrate more than 200 meters below surface, where the deep ocean starts). The absence of light makes organic matter production via photosynthesis impossible. Because of this, the deep ocean ecosystem is limited in food sources and depends almost exclusively on the sinking of organic matter produced in the surface waters. In the vast, cold, dark deserts of the deep ocean known as the abyssal plains, the few organisms that survive there filter water and sediments to take in the little organic matter that sinks down from the surface. So now what about that Californian whale that Dr. Smith found? The carcass was completely missing meat, and other indicators suggested the whale carcass had been there for several years. However, the skeleton and the sediment around it were bursting with life! There were worms, snails, gastropods, dense mats of bacteria, and bivalves such as clams and mussels. The carcass was a real oasis of life in the deep desert of the bay. The scientists began to understand that, for an environment so poor in nutrients, the arrival of a whale carcass is an extraordinary event. Whales are the largest animals that inhabit Earth. The blue whale can be 30 meters (~100 feet) long and weigh 120 kilotons and is the largest animal that has ever existed on our planet. To the desert depths of the ocean floor, their carcasses are the biggest source of organic matter that arrives from the surface. One carcass from a 40-kiloton whale is the equivalent of 2000 years worth of organic matter falling down at once! Some of the organisms found for the first time on the carcass by Dr. Smith became much more interesting when identified. For example, some bivalve species found there are known to have symbiotic relationships with chemosynthetic bacteria. Those mussels feed on the matter produced by the bacteria, a process similar to what shallow water corals have with photosynthetic organisms. As it turns out, the dense bacterial mats found on the carcass were of that kind of bacteria. Similar to vegetables in the terrestrial environment, these chemosythetic bacteria form the base of the food chain in the deep ocean. Chemosynthetic communities feed on organic compounds, some of which can be abundant on the sea floor. This is the case in hydrothermal vents, which form in parts of the floor where volcanic activity is elevated and hydrocarbons flow from underground reservoirs (post about hydrothermal vents here). The bivalve species associated with the whale carcass were discovered for the first time at cold hydrothermal vents! These similarities suggested that the whale carcass acts as a trampoline for the common habitants of different chemosynthetic communities to disperse, as they are usually separated by distances larger than can be reached by larval dispersion (Smith et al., 1989). This discovery, other than being revolutionary for the ecology of chemosynthetic communities, led several groups of scientists to research more about these ecosystems. Rather than looking for a carcass on the vast ocean floor (a real needle in a haystack situation), scientists started to sink dead whale carcasses with weights. They were able to sink them in a determined spot where they could sample whenever needed. After these experiments, scientists began to understand that not only chemosynthetic communities developed in the carcasses, but also there were extremely diverse and abundant communities that explored the carcasses in amazing ways… for almost a century! The whale carcasses develop mostly three ecological successive states, meaning three communities can be distinguished throughout time (Smith et al., 2015). The first stage starts with the arrival of the carcass in the bottom and includes the mobile necrophagous organisms. Hundreds of animals, like hagfish, drill the meat while sharks bite big chunks off. These communities, similar to vultures in a savanna, remove several dozen kilograms by day and can consume all the meat in up to two years, depending on the size of the carcass. The second stage involves the enrichment of opportunists and can also last up to two years. During this period, high densities of worms, crustaceans, and other invertebrates colonize the sediment around the skeleton that was exposed after the flesh was consumed. These invertebrates feed directly on the left over fat and meat left behind by the necrophagous organisms, as well as the bones, which are rich in protein and fat. The last stage, the one Dr. Smith's whale was in when he found it, is the sulphophilic stage. Some microorganisms are able to penetrate the dense bone structure and access the big quantities of fat remaining in the interior of the bones. These organisms use the sulfur dissolved in water to digest the fat, creating inorganic compounds as secondary products. Similar process can also occur in the surrounding sediment, which was impacted by the organic matter of the carcass. This creates enough of a flux to develop a community based on chemosynthesis. This is the longest stage, lasting up to 80 years. The discoveries around whale carcasses don't stop there. Since 1987, when Dr. Smith studied the first deep ocean carcass, 129 new species have been discovered, many of them only found in those communities. The most surprising one was discovered in 2002, when Osedax, a new kind of worm, was discovered in Monterey Canyon, California, at 2891 meters deep (Rousse et al., 2004). The species in this genre are sessile and don't have a mouth nor anus, nor any kind of digestive system, yet they feed on whale bones! Osedax have a structure called a root, which helps to answer the multiple mysteries surrounding these organisms. This structure, with globular ramifications, fixes the organism to the bones and has pumps that acidify the bone matter. The “soup” produced in this process is sent up through the root into internal structures, where endosymbiotic bacteria are responsible for digestion. These worms are capable of completely decaying a whole juvenile skeleton (containing less calcified bone or fat then adults) in one decade. Impressive, no? Just wait… All of these structures and endosymbionts only apply to female Osedax. The males are microscopic dwarves that live inside of the females, as simple sperm reservoirs. The Osedax larvae that are found on a skeleton develop as female, but if they find other females, they can get absorbed and develop as pedomorphic males, meaning they only develop sexually and not fully morphologically, retaining larval characteristics. Each female can absorb hundreds of males, which is believed to be a successful reproductive strategy. Organisms like Osedax show that whale carcasses are not only an oasis of life in the deep ocean, but also showcase uniquely evolved and specialized life forms. However, are the carcasses sustaining similar communities in all of the ocean basins? Or, like in hydrothermal vents, does each basin sustain communities with different evolutionary histories? This kind of question is still very hard to answer because practically all of the natural and placed carcasses have been studied in the Northern Pacific. Only in 2010 was a natural carcass discovered on the seafloor near Antarctica, and, more recently in 2013, in the Southwest Atlantic off of the Brazilian coast. The latter is currently being studied by Brazilian and Japanese researchers, and is the topic of my Master's project at the University of São Paulo. This represents the first whale sink community to be studied in all of the deep Atlantic. The results of the research are beginning to emerge, reinforcing some previous hypotheses and explaining even more about the functioning of various ecological processes. Many questions are still to be answered, and many more will be generated in the future. These extraordinary communities, not known 30 years ago, are a bottomless source of surprises! References, links and videos: Smith, C.R., Kukert, H., Wheatcroft, R.A, Jumars, P.A., Deming, J.W. (1989) Vent fauna on whale remais. Nature, 341. Pp 27-28. Rouse, G.W., Goffredi, S.K., Vrijenhoek, R.C. (2004) Osedax: Bone-Eating Marine Worms with Dwarf Males. Science, 305.Pp 668-671. Smith, C.R., Glover, A.G., Treude, T., Higgs, N.D., Amon, D.J. (2015) Whale-Fall Ecosystems: Recent Insights into Ecology, Paleoecology, and Evolution. Annual Review of Marine Science, 7. Pp 571-596. About Joan Manel Alfaro Lucas: A biologist from the Universitat Autonoma de Barcelona, Barcelona, I did a one year internship at the Federal University of Minas Gerais, which allowed me, among other things, to get to know Brazil and learn Portuguese. I'm passionate about the ecology of deep ocean communities, especially chemosynthetic ones. I did a Masters at the Oceanographic Institute of the University of São Paulo, where I had the opportunity to study the first whale carcass discovered in the deep Atlantic ocean. Other than that, I have experience in oceanographic cruises, sailed 2800 nautical miles across the southwest Atlantic, sampling, sorting and identifying benthic invertebrates, stable isotope analysis, and using the R language in ecological research. #joanmanelalfarolucas #carcass #chemosynthesis #invited #chatlídiapaesleme #osedax #seaflor #whale #chatkatyanneshoemaker

  • Ugly animals need love too!

    Written by Jana M. del Favero Edited by Katyanne M. Shoemaker Illustration by: Joana Ho What do a dolphin, a sea turtle, and panda bear have in common? They are considered flag species, meaning they are charismatic species that can draw public attention to a conservationist cause. This concept emerged in the 1980s as a way to ensure conservation of biodiversity. Since it is not possible to finance protection projects for all species of an area, we raise the status of a charismatic species as a means of supporting its overall ecosystem. When I was an intern for the Tamar Project, I was used to receive tourists at the Ubatuba base to talk about sea turtles. While teaching them about sea turtles, I ended up also teaching them about the fish that they consumed and the damages garbage and automobile use in spawning areas caused, etc. The main message always went through several other messages. Whenever we talk about the importance of preserving the flag species, we also talk about the importance of preserving the entire ecosystem. Although it is an efficient concept (who does not think about the Panda Bear when thinking about WWF?), its application requires caution. By prioritizing flag species, you run the risk of not preserving those who really need to be preserved. It is important to remember that several species are threatened with extinction. Some scientists even argue that we are going through the sixth major extinction of the Earth (episodes in which large numbers of species go extinct in a short period of time). According to scientists all prior mass extinctions were caused by natural catastrophes, such as the fall of a meteorite. However, WE (human beings) are causing the sixth extinction! Paradoxically, although WE are causing the sixth extinction, WE are also the ones that can prevent it from being more tragic. So, it was in thinking about the protection of a group of endangered and "disadvantaged" animals that the biologist Simon Watt created the “Ugly Animal Preservation Society.” No, that is not a type, this idea was quite contrary to the use of traditional flag species. According to the creator, it is not fair that the panda gets all of the attention. The innovative idea of Simon Watt did not stop with the creation of the society. To raise funds and save aesthetically unprivileged species, he and a group of artists ventured into the United Kingdom, performing shows and stand up comedy, in which each artist featured an ugly animal. At the end of each evening, people could vote on what should be the mascot of society. Among some strong competition of the weirdest frogs, salamanders, snails and insects, the winning mascot was a fish, the Blobfish. Besides being ugly, this fish, scientifically called Psychrolutes marcidus, inhabits the deep waters (between 600 and 1200 meters deep) of South Australia, including Tasmania. They have no swim bladder, only the minimum number of bones needed for survival, and their body has a gelatinous consistency. But these characteristics all contribute to being able to live in their high-pressure environment, with the water around them as their main structural support. But I confess that I found the vote somewhat unfair. Knowing that every 10 meters that we dive to find the Blobfish, the pressure increases by 1 atm. We would meet the ugly creature in an environment with more than 60 atm of pressure pushing down on us, and our organs would crush and we would probably look like paste (actually we would have died long before!). Meanwhile the Blobfish would look like an "ordinary" fish and not the gelatinous creature we thought so ugly while we analyzed it on the Earth’s surface, at only 1 atm. Another marine fish that competed as the ugliest animal was the European eel (scientific name: Anguilla anguilla). Although it is critically endangered and it looks more like a snake than a fish, I believe that this species should not even be in this competition because they are wonderful! The European eel is a euryhaline fish, which withstands great variation of salinity, and is catdromic, meaning it grows in rivers and spawns at sea. In addition, it has leptocephalus larvae, which look beautiful, last about 3 years, and reach up to 8 cm in length! So, have I been able to convince you that the European eel and the Blobfish are not ugly, but that they do need our attention and protection? In your opinion, which endangered animal is ugly and should be preserved? About the “Ugly Animal Preservation Society” (Come in and laugh a lot watching the videos): http://uglyanimalsoc.com #chatjanamdelfavero #marinescience #biodiversity #blobfish #bubblefish #conservation #joanaho #chatkatyanneshoemaker

  • Furacão, tornado, tufão e ciclones

    Por Gabrielle Souza Hoje no descomplicando netuno falaremos sobre fenômenos assustadores, que tem recentemente causado sérios danos nos Estados Unidos. Falaremos de furacões, tornados, ciclones e tufões. Esses fenômenos climáticos naturais são todos originários dos deslocamento de massas de ar, o que chamamos popularmente de vento, e são ocasionados por mudanças fortes na pressão atmosférica. A única coisa que diferencia um furacão de um tufão e de um ciclone é o local onde ocorrem (veja a imagem abaixo). Imagem adaptada. Fonte Antes de começarmos a diferenciar estes fenômenos, é importante saber que ciclone tropical é um termo genérico usado pelos meteorologistas para descrever um sistema organizado de rotação das nuvens e trovoadas originado sobre águas tropicais e subtropicais. Quando o ciclone tropical atinge mais de aproximadamente 119 km/h, ele é então classificado em furacão, tufão ou ciclone, dependendo da localização, conforme já mostrado acima. Existem fatores que podem influenciar e contribuir para a ocorrência destes fenômenos, como: a presença de massas de água quentes nos oceanos, o rápido resfriamento da atmosfera e uma camada próxima a troposfera (camada atmosférica mais próxima da superfície terrestre) relativamente úmida, por exemplo. O furacão, mais popular nas mídias recentemente, é caracterizado por fortes ventos com velocidades que podem atingir até 300 km/h, girando em sentido horário (hemisfério sul) e anti-horário (hemisfério norte). Possuem entre 400 a 650 km de diâmetro e ocorrem geralmente no Oceano Atlântico. Os furacões são formados, quando o ar quente e úmido (seta vermelha da figura abaixo) sobe e se condensa formando chuvas fortes, criando uma zona de baixa pressão próximo a superfície da água. O ar quente estando sob uma pressão relativamente maior que o ar frio (seta azul), movimenta-se em direção ao "espaço" ocupado pelo ar mais frio, de menor pressão, que suga o ar do ambiente quente, e também sobe. Esse fluxo promove a criação de nuvens e chuva (veja a imagem abaixo). O ar que contorna a zona de baixa pressão cria uma espiral de velocidades muito altas que podem acabar atingindo a superfície terrestre e oceânica. Como se formam os furacões. Imagem adaptada. Fonte No centro do furacão está a parte denominada de “olho da tempestade” ou “olho do furacão”, onde o céu é praticamente limpo, os ventos são baixos e não existe precipitação. O tornado, outro termo que comumente escutamos, é caracterizado pelos meteorologistas como o fenômeno de menor duração. Ocorre geralmente nas zonas temperadas do Hemisfério norte, sendo os mais intensos observados no centro-oeste dos Estados Unidos e Austrália. Quando tocam o solo produzem grandes redemoinhos de poeira que possuem até 10 km de diâmetro, atingindo cerca de 500 km/h, durando entre 10 e 30 minutos. Quando acontecem no mar, o interior da coluna “vazia” é preenchida com a água sugada, formando-se a tromba d’água. De acordo com alguns cientistas o aumento recente da ocorrência e intensidade dos furacões está relacionado com o aquecimento dos oceanos. Isso ocorre porque, segundo o professor Gabriel Vecchi de geociências da Universidade de Princeton, “Um oceano mais quente faz uma atmosfera mais quente, uma atmosfera mais quente pode conter mais umidade”, ou seja, os furacões irão armazenar mais água. Por conta dessa elevação na temperatura, para cada aumento de 1 grau Celsius, aumenta também 7% de água no ar, justificando o aumento da quantidade de água quando essas tempestades atingem o solo. Para você fixar o assunto desse post nós elaboramos um Quiz.  Só clicar no link abaixo! Esperamos que goste ;) https://quiz.fbapp.io/quiz-descomplicando-netuno Referências: NOAA. What is the difference between a hurricane, a cyclone, and a typhoon?: The only difference between a hurricane, a cyclone, and a typhoon is the location where the storm occurs.. 2017. National Oceanic and atmospheric administration U.S department of commerce- NOAA. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2017. INPE. Qual a diferença entre tornado, tufão e furacão? 2013. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais- INPE. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2017. FIOCRUZ. Os ventos. Fundação Oswaldo Cruz- Fiocruz. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2017. PAULO, Prefeitura de Santo André- São. Tornados, Furacões e Tufões. 2008. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2017. THAN, Ker. Typhoon, Hurricane, Cyclone: What's the Difference?: Hurricanes, cyclones, and typhoons are all the same weather phenomenon.. 2013. National Geographic. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2017. BBC, British Broadcasting Corporation-. How hurricanes form. 2014. Disponível em: . Acesso em: 20 set. 2017. WORLAND, Justin. The One Number That Shows Why Climate Change Is Making Hurricane Season Worse. 2017. Disponível em: . Acesso em: 27 set. 2017. #descomplicando #gabriellesouza #furacão #tornado #tufão #ciclone

  • O ar que você respira

    Por Cláudia Namiki No dia 03 de setembro, recebi uma linda mensagem me parabenizando pelo Dia do Biólogo, que dizia assim: “Biologia: muito obrigado por você NÃO fazer parte da minha vida”. Depois de perceber o NÃO, achei essa frase um verdadeiro paradoxo, já que bio significa vida, e o ser humano que escreveu essa mensagem devia estar “vivinho da silva”, utilizando o oxigênio produzido por outros seres vivos através da fotossíntese, para a manutenção de suas células enquanto pensava que não tinha nada de biologia em sua vida... Ilustração: Joana Ho E se eu contasse que boa parte do oxigênio consumido por esse indivíduo foi produzido por microalgas e cianobactérias, organismos tão pequenos que a gente não consegue ver? Esses microrganismos formam o grupo que chamamos de fitoplâncton, que além de sustentar toda a teia trófica marinha, são responsáveis pela produção de aproximadamente 40% do oxigênio produzido anualmente no planeta (Falkowski, 1994). Assim, embora você não veja as microalgas e cianobactérias quando está em frente ao mar, saiba que elas podem afetar profundamente os ciclos de oxigênio e carbono na Terra tanto quanto as vistosas plantas terrestres (veja aqui Por que alga não é planta, por que planta não é alga). Mas a importância dessas pequenas criaturas não para por aí:  a vida no planeta como ela é hoje não existiria sem as cianobactérias. Os geólogos descobriram que durante a primeira metade dos 4,6 bilhões de anos de existência da Terra quase não existia oxigênio livre em sua atmosfera. O oxigênio começou a se acumular na atmosfera terrestre a apenas 2,4 bilhões de anos, graças à fotossíntese realizada pelas antepassadas das cianobactérias atuais. As plantas terrestres só apareceram 2 bilhões de anos após os níveis de oxigênio na atmosfera começarem a subir (Falkowski, 2012). Ou seja, todos os Homo sapiens sapiens, incluindo você, é claro, e todas as outras formas de vida dependentes de oxigênio devem, em grande parte, sua existência ao surgimento de uma única célula capaz de obter a energia do Sol para transformar a matéria inorgânica (carbono, água e outros nutrientes) em alimento. Deste modo, não pense que Biologia não faz parte da tua vida só porque não foi o curso que você resolveu estudar! Ela está em tudo, inclusive no ar que você respira! Para saber muito mais, assista ao vídeo na página http://www.sciencemag.org/news/2017/03/meet-obscure-microbe-influences-climate-ocean-ecosystems-and-perhaps-even-evolution Sugiro também que ouça a música do Spyro Gyro de Jorge Ben, para saber como as microalgas podem influenciar até a música popular brasileira. ;) Post relacionado: A fertilização dos oceanos e as mudanças climáticas Referências: Paul G. Falkowski. The role of phytoplankton photosynthesis in global biogeochemical Cycles. Photosynthesis Research 39: 235-258. 1994. Paul G. Falkowski. The power of plankton. Nature, 483: 17:20. 2012. #cianobactérias #ciênciasdomar #cláudianamiki #fitoplâncton #fotossíntese #joanaho #microalgas #microorganismos #oxigênio

  • O que eu aprendi sobre saúde mental na pós-graduação

    Por Carolina Maciel Não é novidade existirem alunos reclamando sobre a pós-graduação. Os comentários são sempre os mesmos: “isso me deixa nervoso”, “não estou conseguindo fazer isso”, “não vou conseguir entregar a dissertação/tese no prazo”, além do clássico: “estou cansado(a)!”. Depois de 4 anos exaustivos e uma média de 140 provas sobre diversos assuntos , como num passe de mágica eu finalmente repousaria no “paraíso da pós-graduação”, mesmo sem a advertência sobre as seis horas diárias de dedicação aos estudos para conseguir o tão sonhado lugar na universidade pública. Os motivos para que alunos recém-formados procurem a pós-graduação são muitos: realização profissional, pessoal, pressão de terceiros, indecisão na carreira, oportunidade de renda, etc., e independente de qual seja o motivo, a maioria das pessoas procura fazer o seu melhor trabalho. Assim como eu, muitos sonham em se especializar na área que mais teve afinidade na graduação, vendo o mestrado (ou doutorado) como uma opção de aprofundar seu conhecimento. Até aí, nenhum problema em vista. O problema começa na forma em que a pós-graduação é encarada pelos alunos, pesquisadores e universidades. A regra da pós-graduação é levar os alunos até o seu limite: sono atrasado para cumprir prazos apertados, relatórios, matérias de especialização, progresso na pesquisa, cobranças do orientador... Cobranças, sono atrasado, estresse e vida social restrita: bons ingredientes, que misturados, dão uma boa porção de distúrbios psicológicos. Não foi diferente comigo. Eu sempre achava: “tenho que tomar cuidado, mas é LÓGICO que isso não vai acontecer porque estou no controle”. Ilustração: Caia Colla Num dia ensolarado, trocava a praia pelo computador para começar a analisar meus resultados, quando, de repente, um clarão invadiu meus olhos, esqueci completamente meu nome, os comandos do programa que utilizava de olho fechado, o que eu estava fazendo de frente para o computador... E então eu senti um vazio extremo, como se todo o esforço e conhecimento tivessem desaparecido. Me vi no fundo do poço. Hoje sei que o que tive foi apenas uma das muitas crises de ansiedade causadas pela pós-graduação, o que me levaram a procurar ajuda psicológica externa. A pós-graduação tinha se tornado um peso para mim e que se eu continuasse a carregá-lo, iria entrar em depressão. Com essas palavras, eu resolvi parar. A pós-graduação nunca me ensinou a parar, e sim a continuar exaustivamente até conseguir minha melhor performance na pesquisa. Mas o que não te ensinam é que o cansaço estraga tudo e pausas (como férias) são extremamente importantes para a produtividade e manutenção da saúde mental. As pausas dentro da pós-graduação não são bem vistas. Já que a gente “só estuda”, por que tirar férias? Pois é, se consultar o site do CNPq (principal órgão brasileiro financiador de pesquisas), não existe férias para alunos de pós-graduação. A dedicação deve ser exclusiva. Nesse processo de adoecimento pela pesquisa, passei por crises de choro, inseguranças sobre o que estava fazendo no laboratório, ilusão de perseguição pelos meus amigos de trabalho, sentimento de que não era boa o bastante e o mais extremo de todos: o sentimento de que se eu tirasse a própria vida, o sofrimento de me sentir inferior na pesquisa, pararia. E essa não é uma realidade distante. Há alguns dias infelizmente perdemos um aluno de pós-graduação do Instituto Biociências da Universidade de São Paulo, vítima de distúrbios psicológicos relacionados à pós-graduação. A universidade e a ciência no país são completamente ingratas. E desde o dia em que eu não via mais sentido em viver, ressignifiquei tudo na minha vida. O que incluiu a minha relação com a pós-graduação. Reclamamos dos nossos orientadores, mas eles também são cobrados tanto quanto nós, criados nesse sistema onde o seu sobrenome e ano de publicação valem mais e são treinados dentro das universidades para explorar o potencial de cada aluno. A universidade não está pronta para considerar a questão mental nos programas de pós-graduação. Não nos sentimos acolhidos, e sim num campo de batalha: “aos vencedores, os artigos científicos!”. Sustentar a própria pesquisa no ambiente hostil das universidades torna os alunos e pesquisadores exaustos, aumentando as chances de desenvolver distúrbios psicológicos sérios como a depressão. A insegurança sobre o financiamento de nossas pesquisas no país é um fantasma que nos assombra e contribui para que nossa saúde mental seja afetada; afinal, hoje fazemos pesquisa, mas amanhã, não sabemos como nos manter financeiramente fazendo o que amamos no laboratório. Então qual seria a solução? Garanto que pausas resolvem parte do problema. Se dedicar ao que gosta (por mais clichê que seja) também é importante. Eu por exemplo, comecei a meditar, virei vegetariana e estou começando a empreender em algo que gosto. Fazendo isso, treinei a minha mente para não sentir culpa de viver além da pós-graduação e passei a me ver também como “pessoa”, além de “pesquisadora”. Fazer ciência é uma viagem prazerosa, mesmo que às vezes existam pontos de stress (stress saudável existe, sabia?). Se procurarmos no dicionário, “ciência” não é sinônimo de “sofrimento”. Desde que entendi isso, passei a relaxar, curtir a viagem sem pensar tanto no destino. Dedicação exclusiva sem férias é a regra da pós-graduação no país, mas pela minha saúde mental, eu resolvi ser exceção. Os resultados só foram positivos: a minha produtividade aumentou, as minhas relações interpessoais melhoraram, me apaixonei novamente pela pesquisa e consegui reencontrar o motivo pelo qual comecei a pós-graduação. Não é normal nenhum tipo de sofrimento causado pela pesquisa na pós-graduação. Nem pequeno, nem grande. Por isso, se já está na pós-graduação ou ainda pretende ingressar, vai meu conselho: cuide muito bem da sua saúde mental. Sabemos o quão difícil foi o caminho até aqui e desistir do que se ama não deve ser uma opção. Sempre existe um jeito mais leve de se encarar a pesquisa. Que tal começar a experimentar? Sobre Carolina Maciel: Bióloga marinha pela Universidade Santa Cecília, atual aluna de mestrado do programa de pós-graduação em Oceanografia da USP. Ama o mar e seus mistérios. Educação é sua paixão e autoconhecimento é sua palavra. #convidados #depressão #posgraduação #vidadecientista #CarolinaMaciel #caiacolla

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