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  • Mergulho na Ciência 2019

    Em julho de 2019 o Bate Papo com Netuno mergulhou ao lado de 40 meninas do quinto ao nono ano do Ensino Fundamental no Instituto Oceanográfico da USP por meio do projeto Mergulho na Ciência USP. Nossas editoras Amanda Bendia, Júlia Gonçalves e Juliana Bomjardim fizeram parte do comitê organizador do projeto e acompanharam de perto a aventura das meninas sorteadas, foram 4 dias de aulas de Astrobiologia, Astronomia, Educação, Farmacologia, Física, Microbiologia, Neurociências, Oceanografia, Química e Zoologia. A Juliana conversou com as meninas sobre a importância da divulgação científica e o Bate Papo com Netuno apresentou pôsteres que ilustravam um pouquinho sobre a trajetória de mulheres na ciência, entre elas, as editoras. #netuniandoporai #mergulhonaciencia #usp #amandabendia #julianabomjardim

  • Tá com medo? Vai com medo mesmo!

    Por Fernanda Ramos Ilustração: Juliana Bomjardim A ciência é linda. Criar perguntas e tentar respondê-las é maravilhoso. Olhar para o seu trabalho concluído ao final desse processo dá orgulho. Eu amava meu projeto de mestrado, meu orientador era ótimo, eu tinha apoio das pessoas à minha volta, mas, como muitos pós-graduandos, sofri com a famosa síndrome do impostor. Ela acontece quando nós não nos sentimos merecedores das nossas realizações, como se fossemos uma fraude e atribuímos puramente à sorte tudo que acontece de bom no nosso trabalho. Esse sentimento me dominou por todo o mestrado e, infelizmente, continua aqui. Me colocava para baixo quando era bombardeada por artigos incríveis, feitos maravilhosos, autores bem mais novos do que eu com artigos em revistas de publicação científicas bem conceituadas, colegas que fazem pesquisas extraordinárias, apresentações de trabalhos super interessantes em eventos científicos... e daí eu me perguntava: “O que a minha pesquisa tem de útil? O que eu estou fazendo nesse meio?”. A pior parte da síndrome do impostor é que ela é puro fruto da nossa imaginação. Saber que não é real e ouvir pessoas que admiro dizendo que meu trabalho era bom me faziam sentir ainda mais raiva de mim mesma. Apesar desse sentimento, eu não desisti. Hoje, retomando minha trajetória, vejo quantos avanços eu fiz e quantas conquistas eu tive mesmo com muitas dificuldades aparecendo pelo meu caminho. Minha paixão pela área ambiental, em especial por animais e plantas, começou desde muito nova. Como desde criança morei no litoral, essa paixão se direcionou para o universo das praias. Eu ficava encantada quando via os pequenos animais que estavam escondidos na areia e pensando na quantidade de vida debaixo d’água. O amor pelo meio ambiente me levou a prestar vestibular para diversos cursos: biologia, biologia marinha, oceanografia. Ingressei no curso de bacharelado em Ciências Ambientais na Universidade Federal de São Paulo, e foi amor à primeira vista! Durante a graduação trabalhei com um pouco de tudo, desde paleontologia e ecologia, até reciclagem e avaliação de impactos ambientais; a única certeza que eu tinha é que eu queria ser pesquisadora! A ciência e a pesquisa científica ganharam meu coração. Eu amava ler artigos, aprender coisas novas, ir a eventos da área, conversar com outros pesquisadores e conhecer seus trabalhos Logo notei que eu amava pesquisa, mas que realmente não gostava de trabalho de laboratório. Para mim a melhor parte dos projetos que eu me envolvia sempre foi ir para campo - até hoje é assim. Eu decidi que seria cientista e, assim, ao sair da graduação eu iria direto para o mestrado. Não havia um plano B. Em um dia na praia, meu projeto de mestrado, até então indefinido, apareceu na minha frente. Eu estava sentada na areia no final da tarde quando vi dezenas de caranguejos saindo de suas tocas na areia, e pensei: “é isso”. Encontrei um orientador que abraçou minhas ideias e assim se iniciou minha caminhada no mestrado. Vocês precisam saber que nada sai como planejado na ciência. Vejam meu caso: inicialmente a ideia era avaliar a relação entre a vegetação de praias e o Ocypode quadrata (esses caranguejos de praia, também chamados de maria-farinha). No final, fizemos uma avaliação dos distúrbios que afetam esses animais em uma praia urbanizada. Como isso aconteceu? Após uma das minhas coletas de campo, houve uma ressaca marítima fortíssima que erodiu quase metade da minha área de estudo, o que nos levou a outra pergunta: “como isso afetou a população de caranguejos que vive aqui?”. Fiz um monitoramento semanal, ou seja, eu fazia coletas dois dias por semana. Embora minha área de estudo fosse próxima à minha casa. o monitoramento não foi fácil. Trabalhei de baixo de chuva, com ventos fortíssimos, sob o Sol escaldante, durante as férias, no Natal, no Ano Novo e no carnaval. Um ano e meio dedicado a fazer as coletas religiosamente. Mas tudo valia a pena quando eu conseguia ver um caranguejo: meu coração enchia de amor e eu me sentia imensamente grata por poder ter contato com esse animal tão lindo e fascinante. Eu sou apaixonada pela minha pesquisa e estava realmente muito feliz porque não teria que fazer trabalhos de laboratório, embora tivesse que analisar os dados. Mas a quantidade de dados que eu coletei era absurda, e eu precisava organizar, analisar, rodar testes estatísticos, além de interpretar e entender como eles podiam responder às minhas perguntas. Tudo isso para uma pessoa que tem grande dificuldade com exatas! Meu orientador foi essencial nessa parte do projeto. Também tinha vontade de desistir quando sentia o peso das disciplinas do mestrado, e a cada trabalho de campo que eu achava que tinha dado errado, cada teste estatístico que não funcionava, a cada conjunto de dados que não fazia o menor sentido, cada vez que eu tive que reescrever praticamente tudo que já tinha escrito. Foram noites mal dormidas, dias trancada no quarto escrevendo e sempre segurando a vontade de jogar o notebook na parede, rasgar todas os meus papéis e sair correndo. O que me impediu de desistir foram as pessoas que eu tinha a minha volta. A maior fonte de força para mim foram as mulheres da minha vida e as que encontrei pelo caminho. Minha mãe sempre foi minha maior fonte de força e apoiadora, sempre ao meu lado não me deixando desistir, ela ser um exemplo para mim me motivou a ser um exemplo para minha irmã, esta, que mesmo sem saber, foi um dos grandes motivos pelo qual eu não desisti. Minhas amigas de república sempre foram meu porto seguro, assim como minhas melhores amigas da faculdade que lutaram as mesmas lutas que eu e sempre me apoiaram. Mas o que sempre me inspirou em tempos difíceis foram minhas professoras, tanto na graduação quanto no mestrado eu tive o privilégio de ter um grande número de professoras e nelas eu via o que eu queria ser: mulheres fortes, pesquisadoras, grandes nomes na sua área de pesquisa, acolhedoras e incríveis. Hoje, no meu grupo de pesquisa, nós, mulheres, somos maioria no grupo e sempre posso contar com o apoio das minhas colegas. No final, tudo valeu a pena, mas eu garanto que não foi fácil. Claro que os resultados do mestrado não saíram exatamente como eu esperava, e ainda tenho a sensação de que poderia ter feito mais. Ainda assim, hoje estou começando meu doutorado com muitas ideias, mais confiante e com ótimas pessoas ao meu lado. Se vocês amam a ciência tanto quanto eu, não desistam e não dêem ouvidos ao impostor dentro de vocês. Nós não estamos sozinhas nessa jornada. Se precisarem de alguém para conversar, podem contar comigo ou busquem alguém em quem confiam. Vamos mudar o mundo juntas. Sobre a autora: Fernanda é cientista ambiental e mestre em Análise Ambiental Integrada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), atualmente está cursando doutorado em Evolução e Diversidade na Universidade Federal do ABC (UFABC). Após caminhar por diversas áreas, a autora se tornou pesquisadora da área de ecologia de praias arenosas, atualmente tendo como foco os impactos de distúrbios antrópicos em populações e comunidades desse ecossistema. Além do universo científico, a autora encontrou o amor em cachorros, praia e pole dance. Contato: fernanda.rfo@hotmail.com #ciência #mulheresnaciência #vidadecientista #ciênciasdomar #meioambiente #ocypodequadrata #convidados #julianabomjardim

  • Ignite Girls Camp

    Em maio de 2019 nossa editora Juliana Bomjardim participou do treinamento em divulgação científica Ignite Girls Camp. Foram três dias de treinamento e discussões envolvendo a diversidade na ciência, empoderamento feminino, divulgação científica e a criação de projetos de divulgação para serem apresentados para diversos públicos. O treinamento foi encerrado no IG Festival, na avenida Paulista – São Paulo. Nesse dias foram executados os diversos projetos de divulgação científica criados ao longo do treinamento. O Bate Papo com Netuno, além de ter uma das editoras participando do treinamento e apresentando o projeto desenvolvido com seu grupo, também enviou Claudia Nakimi – editora – para apresentar pôsteres que ilustravam mulheres cientistas para o público da Paulista. A editora Amanda Bendia e uma das nossas ilustradoras, Caia Colla, também participaram do evento representando o blog e o Instituto Oceanográfico -USP. #netuniandoporaí #ignitegirlscamp #ignite #cláudianamiki #julianabomjardim #amandabendia #caiacolla

  • Meu mestrado: uma história de ansiedade e superação

    Por Juliana Bomjardim Ilustração: Caia Colla Quando fui convidada pela equipe do Bate Papo com Netuno para escrever meu texto de estréia como editora fiquei contente e apreensiva ao mesmo tempo. Sabia que era esperado que eu escrevesse sobre o meu mestrado, no entanto eu mal falo sobre ele, como escrever? Meu projeto de mestrado foi uma continuação do meu projeto de iniciação científica (o qual eu desenvolvi durante o período de quatro anos). Colei grau em março de 2016, e em abril já estava iniciando minhas aulas no Programa de Pós Graduação em Análise Ambiental Integrada da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Primeiro passo para o meu sonho de ser uma cientista e também para um dos períodos mais difíceis da minha vida. Eu estou dentro daquele grupo crescente de acadêmicos que desenvolveram ansiedade e depressão durante a pós-graduação. Sempre fui ansiosa e flertei com a depressão, mas a minha maior crise ocorreu durante a pós-graduação e não foi por coincidência. Um estudo de 2018 publicado pela Nature Biotechnology a existência de uma crise de saúde mental no meio acadêmico. De acordo com o artigo, alunos na pós graduação apresentam altas taxas de ansiedade e depressão, com seis vezes mais chances de desenvolver essas doenças do que a população geral, sendo as mulheres e transgêneros ainda mais afetados do que seus colegas homens cisgênero. O estudo sugere que é preciso desenvolver estratégias para conter esse fenômeno. Cobrança As pressões já começam no processo seletivo. Há um expectativa para que você seja aprovado na primeira tentativa, afinal eu já era da casa (sou bacharela em Ciências Ambientais pela UNIFESP). Vinte e quatro vagas e 4 bolsas para um programa strictu sensu. Ou seja, não adianta apenas passar, você tem que passar em uma posição que garanta que você tenha uma bolsa e uma vez que você adquire essa bolsa é necessário assinar um contrato de dedicação exclusiva, isso significa que a dedicação ao mestrado deve ser integral e por isso não é possível exercer nenhuma outra atividade remunerada. Junto com a pressão do processo seletivo vem a pressão de familiares e amigos: “você não vai começar a trabalhar? O dinheiro é muito pouco. Vai mamar nas tetas do governo? Que vida boa hein, ser paga para estudar. Nossa, mas você estudou tanto para ganhar tão pouco? O filho de fulano estudou em uma faculdade menos conceituada e já ganha 4 mil por mês”. Mas era meu sonho e valia a pena – não valia? Assim, segui em frente. Consegui uma bolsa e segui acreditando no meu sonho. Uma realidade da vida acadêmica é que quanto mais você estuda, mais ignorante você se sente. O fluxo de informações é gigantesco, todo dia uma publicação nova, todo dia um assunto que você não domina. O sentimento é de que você não deveria estar ali - e em mim esse sentimento era ainda maior do que o normal, porque na faculdade eu já sentia que não pertencia ao ambiente acadêmico, apesar de amar a ciência. Estudei em escola pública a minha vida toda, fiz cursinho, mas não conseguia acompanhar as aulas de exatas, pois não sabia o básico e tinha vergonha de perguntar. O primeiro semestre na faculdade foi o mais difícil. Eu mal sabia fazer regra de três. Não consegui dar conta da Fundamentos de Química e Cálculo ao mesmo tempo. Abandonei o primeiro, comprei o livro Cálculo para Leigos e estudava por ele ao invés de usar os livros recomendados pelo professor. Como passar em cálculo se eu mal sabia matemática básica? Eventualmente, passei em Química, inclusive posteriormente doei o meu Química para Leigos para uma outra aluna que estava tendo dificuldade. Com o tempo aprendi a estudar no meu próprio ritmo e de forma independente. Minhas dificuldades diminuíram, mas a ansiedade só aumentava. Entrei na pós graduação e o sentimento de não pertencimento atingiu o seu ápice, eu sentia que nunca conseguiria absorver tanto conhecimento. Sentia que talvez ali não fosse o meu lugar, mas como eu já tinha chegado tão longe, não dava mais para voltar atrás. Ergui a cabeça e dei meu melhor. No final de 2017 eu estava dentro do cronograma, as coisas estavam andando relativamente bem. Eu sou bem perfeccionista e sempre fiz pré-experimentos antes de fazer o experimento em si. Já havia feito uma simulação dos meus testes finais e tudo parecia estar ok, tentava não ficar muito animada para não me decepcionar, mas estava bem confiante. Os atrasos começaram por falta de reagentes para a realização do meu experimento principal e em novembro de 2017 – às vésperas de realizar meu experimento final - houve um problema na estufa onde eu estocava minhas culturas e elas ficaram em uma temperatura bem acima da ideal. Eu fiz de tudo para recuperá-las, mas no fundo da minha cabeça ficava martelando que já era para eu ter terminado, se apenas eu tivesse tido acesso aos reagentes antes… Desconforto Quando as coisas começaram a não sair como planejado, o desespero bateu na porta. Eu havia batido o pé que queria seguir a vida acadêmica e agora meu sonho estava indo pelo ralo, o que as pessoas diriam? Se quando estava tudo bem eu já tinha que justificar todas as minhas escolhas, imagina se tudo desse errado? Eu tinha medo de fracassar e na pós-graduação esse medo só aumentava, afinal, será que perdi tanto tempo estudando e no final não terei nada para mostrar? Uma vez tentei desabafar com um familiar sobre esse medo de falhar e o que eu ouvi foi: “se você realmente se esforçasse as coisas dariam certo”. Só que esse é o problema né? Meus resultados não eram o que eu esperava, mas assim é a vida de um cientista né? Hipóteses devem ser testadas, resultados são resultados, positivos ou negativos, mas quem não é da área acha que um resultado negativo é sinal de falta de esforço. Como me justificar para quem pensa assim? As noites passadas no laboratório, as horas de estudo, a minha dedicação, o meu perfeccionismo... nada disso era demonstração de esforço? Por isso que o apoio entre os pares, dentro do ambiente acadêmico é tão essencial. Muitas pessoas não entendem e não estão preparadas para lidar com os problemas que nós, pós-graduandos, passamos. Eu passei a odiar a pesquisa que tanto amava. Ir para o laboratório virou um castigo, ler outro artigo era o mundo esfregando na minha cara que eu não sabia nada. Queria terminar tudo o mais rápido possível, minha ansiedade só aumentava e os reagentes nunca chegavam. Eu planejava defender em abril de 2018. Defendi minha dissertação no dia 05 de outubro de 2018. Durante a apresentação minha voz falhava, meu coração batia forte, não dormia direito há dias, havia perdido 8 quilos. Fui aprovada! Os membros da banca fizeram diversas perguntas, deram várias dicas para melhorar a qualidade das minha pesquisa e dos meus resultados, me parabenizaram, me disseram para seguir com a minha pesquisa no doutorado, pois meus resultados eram muito promissores – minha orientadora já havia dito isso, mas é difícil convencer alguém que estava se sentindo como eu me sentia. Após a aprovação minha orientadora comentou com alguns membros da banca que eu estava com medo de ser reprovada, todos riram. Hoje em dia flerto com a ideia de seguir para o doutorado – é difícil deixar um sonho de lado – mas decidi fazer uma pausa para pensar, para respirar, para me reconstruir. Nas minhas horas vagas incentivo meninas a seguirem a vida acadêmica. Queria que alguém tivesse feito isso por mim quando eu era mais nova, queria ter tido referências, queria que tivessem me mostrado que meu lugar era ali. Quem sabe assim esse sentimento de não pertencimento não teria tomado conta mim. Nós, do Bate-papo com Netuno, já falamos em outros posts sobre as dificuldades enfrentadas por alunas da pós-graduação. Veja aqui (1 e 2). Nota da Ilustradora: "me veio na cabeça fazer o leão representando o caminho da pós, com todos os seus desafios, agressividade, imposições, imponência.. mas que ao mesmo tempo carrega um encanto e beleza que não nos deixa abandonar de vez.. tentei mostrar essa relação de amor e ódio, o abraço simboliza o amor dela por essa fera mas também mostra os perigos dessa atração." #julianabomjardim #caiacolla #vidadecientista #mestrado #sustentabilidade #educaçaoambiental #divulgaçãocientífica #meioambiente

  • Cúpula da Amazônia: E o Oceano com isso?

    Por Débora Camacho Luz e Maria Luiza Abieri Agosto começou com muita expectativa para quem acompanha os temas voltados à Amazônia. Nos dias 08 e 09 deste mês aconteceu, em Belém (PA), a Cúpula da Amazônia. O evento reuniu chefes de estado dos 8 países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA): Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela, para discutir medidas a serem tomadas para a conservação e desenvolvimento sustentável da região. A partir dessas reuniões, foi elaborado um documento, chamado de Declaração de Belém, que estabelece metas e objetivos a serem alcançados. Por aqui a gente acompanhou a Cúpula na expectativa das metas e objetivos que tratassem da conservação da porção costeira da Amazônia. Quando pensamos na Amazônia, rapidamente nos lembramos da maior floresta do mundo, com árvores frondosas e que se estende por cerca de 6,7 milhões de km². No entanto, é comum esquecermos de olhar para os 2.250 km de costa brasileira que pertencem à região, abrangendo 35% do nosso litoral. No bioma Amazônia, 4 bacias hidrográficas drenam uma área de mais de 8 milhões de km², desaguando através do Rio Amazonas cerca de 70 piscinas olímpicas de água doce, sedimentos, partículas e matéria orgânica por segundo, ou um volume anual de 6,3 trilhões m³/ano diretamente no Atlântico Sul. Isto é 16% de toda a água doce despejada no Oceano1,2. Única, diversa e ainda pouco conhecida, a costa da Amazônia abriga o maior manguezal contínuo do mundo! Com aproximadamente 7.423,60 km², essa faixa representa mais de 50% dos manguezais do Brasil. Em 2008, um estudo mostrou um aumento dessa faixa de manguezal de cerca de 718,6 km² em 12 anos, trazendo à luz a forte dinâmica desse habitat que se expande e se retrai3. Os manguezais são ecossistemas essenciais para a regulação do clima, proteção da linha de costa e combate às mudanças climáticas. Além disso, o manguezal amazônico ou magal (como é chamado pelas comunidades tradicionais do norte) é berçário de inúmeras espécies e fonte de sustento para centenas de mulheres marisqueiras. Um texto publicado no Blog da Liga, pela mangueóloga Bruna Martins, em novembro de 2022, fala mais sobre a estreita relação das mulheres do norte com esse grande ecossistema, confira aqui. Para trazer um panorama de como o tema Amazônia Costeira foi tratado durante as negociações da Cúpula, convidamos a Cientista Social Mariana Trindade, que participou das atividades pré-cúpula que ocorreram, também em Belém, entre os dias 4 e 6 de agosto. Os Diálogos Amazônicos, como foram chamadas as cerca de 300 atividades que ocorreram nestes dias, reuniram diversos atores, entidades e organizações da sociedade civil para debater pontos importantes a serem levados por seis representantes aos governantes para a elaboração da Declaração de Belém (os seis relatórios podem ser acessados aqui). Mariana Trindade é analista de política e governança da Rare Brasil, associação que atua desenvolvendo o senso de pertencimento e capacitando comunidades para a proteção do meio ambiente. No Brasil, a Rare desenvolve o programa “Peixe para sempre” em comunidades pesqueiras tradicionais no norte do país, inclusive no estado do Pará, onde Mariana Trindade atua em comunidades dentro das Reservas Extrativistas (RESEX). A cientista social, conta que seu interesse pela ciência política e ambiental vem desde a graduação. Mestre em Ciências Políticas e doutoranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido na Universidade Federal do Pará (UFPA), ela explica que para desenvolver seu trabalho junto às lideranças e gestão pública dos municípios, aplica muito da “bagagem” adquirida na academia. Estudando as relações de interesse, notou movimentação do mercado nas relações de advocacy, defesa de interesses na política, e como as comunidades poderiam fazer para defender seus interesses no âmbito político. A equipe da Rare contou com a participação tanto de colaboradores quanto de representantes de seis municípios costeiros que fazem parte da Rede Coastal 500. Na preparação para os Diálogos, Mariana, junto à equipe, procurou atividades relacionadas à Amazônia Costeira, pesca artesanal e unidades de conservação costeiras, encontrando poucos eventos e relatou “sentir falta” da temática. Essa também foi uma das grandes críticas ao evento e seus desdobramentos. Tanto na Declaração de Belém quanto nos relatórios dos Diálogos, a temática Amazônia Costeira não foi abordada. Na mesa Oceano, Amazônia e Clima proposta pela prefeitura de Barcarena (PA) e Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, os representantes da Rede Coastal 500 tiveram a oportunidade de debater específica e ativamente sobre a zona costeira e divulgar projetos que a relacionassem com a educação básica nas escolas. Alterações recentes na legislação estadual paraense trazem a inserção transversal das temáticas de meio ambiente e sustentabilidade ao currículo escolar. Mariana ressalta que a Rede Coastal 500 tem trabalhado com as secretarias de meio ambiente e de educação, a fim de trazer a territorialização ao currículo, abordando tópicos como ecossistemas costeiros, cadeia da pesca artesanal, manguezal, entre outros. Durante os Diálogos Amazônicos, Mariana percebeu maior abertura para discussões e participação da sociedade civil, com forte atuação de grupos indígenas e quilombolas. Porém, notou falta de organização das comunidades de povos extrativistas costeiros, que contou apenas com manifestações pontuais como a presença da Comissão Pró RESEX ou como o Observatório do Marajó e a Mandí, em atividades dos Diálogos sobre a exploração de petróleo na foz do Amazonas. E falando na exploração de petróleo, o tema foi alvo de muita expectativa por parte dos ambientalistas que acompanharam os desdobramentos da Cúpula. No entanto, não recebeu a devida importância durante os dois dias de negociações e metas claras para impedir a atividade não foram previstas na Declaração de Belém. Perguntamos para a Mariana se e como as comunidades com as quais ela tem contato debatem a questão: “Após o desdobramento da decisão do IBAMA (primeira negativa do IBAMA à Petrobras, em junho), a agenda em torno dessa questão da exploração esfriou um pouco. Precisamos avançar no sentido de contribuir para explicitar mais o que esses projetos podem trazer, sendo prejudiciais não apenas para o ecossistema em si mas também para a dinâmica social das comunidades. Falta mais atenção do poder público municipal. É uma pauta para os municípios costeiros que não está sendo debatida como deveria, pelas perspectivas que já foram trazidas pela ciência.” A Cúpula não deixou o legado que a gente esperava. O bioma Amazônia, incluindo sua porção costeira, precisa com urgência de ações concretas, unificadas e eficientes para encerrar sua exploração insustentável. Para Mariana, o ponto alto da Cúpula e dos eventos que precederam as negociações foi perceber o potencial do trabalho em rede e de como a Amazônia como um todo precisa ampliar cada vez mais essas redes, com a participação de outras organizações da sociedade civil e do poder público de diferentes níveis federativos. O trabalho é complexo, mas com a junção de esforços é possível mudar. Sobre as autoras: Débora Camacho Luz é Bióloga, formada pela Universidade Federal de Rio Grande (FURG), membro da Liga das Mulheres Pelo Oceano e bolsista CNPq DTI na Rede Ressoa Oceano. A Ressoa Oceano é uma rede formada pela Liga das Mulheres Pelo Oceano, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da UNICAMP (LabJor), a Cátedra da Unesco pela Sustentabilidade do Oceano e a Ilha do Conhecimento. Essa rede tem como objetivo promover a ciência e a cultura oceânica para além do litoral e centros de pesquisa, conectando cientistas e jornalistas para a abordagem do tema nos meios de comunicação e investindo em projetos e iniciativas de comunicação sobre o oceano. Maria Luiza Abieri é Bióloga e Mestre em Ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Atualmente, atua como colaboradora do Bate-Papo com Netuno e bolsista CNPq na Rede Ressoa Oceano. A inserção do Bate-Papo com Netuno à Ressoa Oceano amplia ainda mais a rede, promovendo a divulgação científica e a visibilidade das ciências do mar e cultura oceânica através de informações científicas de qualidade, baseadas em uma linguagem acessível e lúdica. Entrevistada: Mariana Trindade Cientista Social, Mestre em Ciência Política e Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido (NAEA/UFPA). Atua como Analista de Política e Governança pela Associação Rare Brasil na zona costeira paraense. Tem experiência em articulação política com governos subnacionais e comunidades extrativistas. Interesse em temáticas relacionadas a advocacy, análise e implementação de políticas públicas ambientais. Esse post foi produzido por uma parceria entre: Liga das Mulheres pelo Oceano, Bate-papo com Netuno e Rede Ressoa Oceano Referências | Para saber mais ¹ Martins e Souza Filho, P. W., Paradella, W. R., Souza Júnior, C., Valeriano, D. D. M., & Miranda, F. P. D. (2006). Sensoriamento remoto e recursos naturais da Amazônia. Ciência e cultura, 58(3), 37-41. http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?pid=S0009-67252006000300016&script=sci_arttext&tlng=pt ² Meade RH, Dunne T, Richey JE, DE M Santos U, Salati E. Storage and remobilization of suspended sediment in the lower Amazon river of Brazil. Science. 1985 Apr 26;228(4698):488-90. doi: 10.1126/science.228.4698.488. PMID: 17746891. ³ Nascimento, W. R., Souza-Filho, P. W. M., Proisy, C., Lucas, R. M., & Rosenqvist, A. (2013). Mapping changes in the largest continuous Amazonian mangrove belt using object-based classification of multisensor satellite imagery. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 117, 83–93. doi:10.1016/j.ecss.2012.10.005 Declaração de Belém - https://www.gov.br/mre/pt-br/canais_atendimento/imprensa/notas-a-imprensa/declaracao-presidencial-por-ocasiao-da-cupula-da-amazonia-2013-iv-reuniao-de-presidentes-dos-estados-partes-no-tratado-de-cooperacao-amazonica Mães do Mangue e Mangue Mãe - https://www.mulherespelosoceanos.com.br/post/m%C3%A3es-do-mangue-e-mangue-m%C3%A3e Relatórios dos Diálogos Amazônicos - https://www.gov.br/secretariageral/pt-br/assuntos/dialogosamazonicos/relatorios #AmazôniaCosteira #CúpulaDaAmazônia #RedeRessoaPeloOceano #Ressoa #MarianaTrindade #CulturaOceânica #Rare #CiênciasdoMar

  • Descomplicando: Escola Azul

    Por Jana del Favero e Camila Keiko Takahashi Ilustração de Malu Coutinho Nós já descomplicamos aqui no Bate-Papo com Netuno a Cultura Oceânica, aquele movimento que começou nos EUA no início dos anos 2000 após ser notada uma lacuna sobre o oceano no ensino e que culminou na junção de educadores e cientistas do mar para desenvolver recursos pedagógicos para o ensino das ciências do mar (se você não lembra o que é cultura oceânica, pare e leia esse post aqui) Nós também já mostramos que a situação brasileira não é diferente do resto do mundo. A pesquisadora Carmen Pazoto e colaboradores estudaram os documentos que norteiam o ensino fundamental e médio no Brasil (Parâmetros Curriculares Nacionais, Base Nacional Curricular Comum, Referenciais Curriculares Nacionais) e notaram que de 640 mil palavras, apenas 19 eram relacionadas com o oceano e ambientes marinhos (temos post sobre isso). Até mesmo no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) o tema oceano é negligenciado, sendo que de 1.800 questões das provas de 2014 a 2021, apenas 46 abordaram a temática oceânica (confira esse nosso post também). Dentre os espaços educacionais não formais a disseminação da Cultura Oceânica pode ser feita através das artes (como o Projeto Somos do Mar), da ciência cidadã (já conhecem o De Olho nos Corais?) e redes sociais (o próprio Bate-papo com Netuno). Esses espaços educacionais não formais são importantes ao atingir um público amplo e diverso, porém eles podem ser de vida curta, acabam envolvendo menos pessoas que os espaços formais e, normalmente, o público atingido já estava ligado com alguma questão ambiental. Apresentação do espetáculo “Mar de Soluções” para alunos de uma escola pública de Itapoá - SC (foto cedida por Diulie Tavares /Projeto Somos do Mar com Licença CC BY SA 4.0) Por isso, ações em espaços educacionais formais são de suma importância. E é nesse contexto que entra o conceito Escola Azul, um programa educacional que tem como missão disseminar a Cultura Oceânica na comunidade escolar e criar gerações mais conscientes e participativas, que contribuam para a sustentabilidade do Oceano. Esse conceito nasceu em Portugal em 2017, como uma forma de trabalhar transversalmente o tema oceano dentro do currículo escolar. Hoje ele já existe em 16 países do Atlântico, em uma grande mobilização coordenada por três países (Brasil, Portugal e Argentina) chamada Rede Escola Azul Atlântico para disseminar o conceito Escola Azul nos países do Atlântico (iniciativa impulsionada pela Aliança Atlântica para a Pesquisa e Inovação - All-Atlantic Research and Innovation Alliance). No Brasil, o conceito Escola Azul aterrissou neste mesmo ano (2020), sendo coordenado pelo programa Maré de Ciências da UNIFESP, programa esse endossado pela Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável, em parceria com o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) e apoio do British Council e UNESCO. Hoje já são 90 escolas por todo o Brasil, sendo que esse número não pára de crescer. Qualquer escola, pública ou privada, que estejam distantes ou perto da praia, pode se inscrever para ser uma Escola Azul, afinal somos todos influenciados pelo oceano. Para isso, ela vai precisar construir um projeto com a sua comunidade escolar que trabalhe o tema oceano de forma interdisciplinar, e considere sua realidade social, ambiental e econômica. À primeira lida pode parecer complexo, pois não há um projeto único para todas as escolas. Mas é importante lembrar que cada escola está inserida em uma realidade, e sua comunidade escolar é única. Conectar-se à ela e à cultura oceânica, identificar qual projeto é a cara da escola (maximizando o potencial de cada educador envolvido) e instigar a criatividade de cada participante, são etapas importantes de sensibilização para mudanças atitudinais e transformações duradouras em prol da sustentabilidade do oceano. A escola ainda pode fazer parceria com ONGs ou Institutos para que juntos construam o projeto, fortaleçam e apoiem as ações da Escola Azul, oferecendo cursos e capacitações, compartilhando materiais ou infraestrutura, promovendo ações complementares ou o que mais acordarem na parceria. Foi exatamente isso que o Instituto Mar Urbano fez com o Colégio Notre Dame – Ipanema, na cidade do Rio de Janeiro. Desde o ano passado eles estão trabalhando com os alunos e já realizaram diversas ações, como mini-cursos, visitas a espaços educativos, atividades físicas com pranchas de Stand Up Paddle feitas de garrafas PET que iriam para o lixo, entre tantas outras. Ricardo Gomes, diretor do Instituto Mar Urbano, dá uma aula para alunos do colégio Notre Dame na frente do quiosque do Espaço Azul, localizado na colônia de pescadores Z-13 em Copacabana, Rio de Janeiro (foto cedida por Nathan Lagares/ Instituto Mar Urbano com Licença CC BY SA 4.0) Tem mais! Neste ano de 2023, o programa Escola Azul convida todas as escolas da rede a participarem do edital Feira de Ciência para uma grande celebração da cultura oceânica no mês de outubro - mês da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - com feiras de ciência em suas escolas no tema cultura oceânica e ciências básicas para o desenvolvimento sustentável. Escolas Azul da rede pública que participarem do edital têm a oportunidade de concorrerem a prêmios em bolsas do CNPq para que no ano de 2024 desenvolvam Clubes de Cultura Oceânica em suas escolas. Quer saber mais sobre o Escola Azul? Quer ser um parceiro Escola Azul? Ou ficou interessado no edital Feira de Ciências? Entre em contato com a equipe do Maré de Ciências, eles estão preparados e dispostos para te ajudar a levar o oceano para as salas de aula, seja você um professor, um pesquisador ou um entusiasta. Sobre Camila Keiko Takahashi: Mãe da Mel e do Noah, possui graduação em Ciências Biológicas, com habilitação em Biologia Marinha pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, mestrado em Gerenciamento Costeiro e de Recursos Hídricos pelas Universidade de Plymouth e Universidade de Cadiz, atualmente cursa o MBA em ESG do Ibmec. Participante de diferentes movimentos e instituições, como a Liga das Mulheres pelo Oceano, Deep Blue Ambiental e Sociocracy For All, acredita na potência do coletivo e da educação na geração de mudanças positivas no mundo. Integrante da equipe do Maré de Ciência, atua diretamente nos programas Escola Azul e Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica. #Descomplicando #BatePapoComNetuno #EscolaAzul #MaréDeCiência #CulturaOceânica #Educação #Convidados #JanaMDelFavero

  • Quem ganha o Super Trunfo® “Melhor Pai do Oceano”?

    Por Malu Abieri Ilustração de Joana Ho Que tal chamar aquela pessoa que você considera um paizão para jogar o Super Trunfo® “Melhor Pai do Oceano” contigo? Ao longo de milhares de anos, a seleção natural atua sobre as mais diferentes espécies selecionando positivamente adaptações físicas e/ou comportamentais que aumentem a taxa de sobrevivência de seus indivíduos. Dentre algumas dessas estratégias podemos observar o investimento na produção de menor quantidade de gametas pelas fêmeas, porém maiores e mais complexos; a escolha de melhor parceiro(a), seja pelas fêmeas ou pelos machos; e o cuidado parental. Você sabe o que é cuidado parental? O cuidado parental é qualquer ação realizada pelos pais que favoreça o aumento da probabilidade de sobrevivência do filhote saudável ao custo da própria capacidade de gerar novos descendentes (Tivers 1972). É uma forma de comportamento na qual a mãe e/ou o pai despendem tempo e energia auxiliando na sobrevivência de sua(s) prole(s), aumentando a probabilidade de sua chegada à vida adulta. Como as fêmeas Jacaré-do-Papo amarelo (Caiman latirostris) que após a eclosão dos ovos, carregam os filhotes sobre as costas, mantendo-os aquecidos e alimentando-os. Os cuidados parentais são muito dinâmicos e variam entre as espécies e até mesmo entre os sexos, podendo ser agrupados em quatro categorias: cuidado biparental, cuidado monoparental por fêmeas, cuidado monoparental por machos ou nenhum cuidado parental (Webb et al. 1999). No reino animal é comum que as fêmeas apresentem mais comportamentos de cuidado com os filhotes do que os machos. Os mamíferos marinhos, por exemplo, têm grande cuidado parental, mas é apenas materno, os machos não possuem comportamento de cuidado de seus filhotes. As fêmeas de Baleias-Jubarte (Megaptera novaeangliae) migram por cerca de 4000 quilômetros para parir e amamentar seus filhotes em águas mais seguras, quentes e costeiras (baleiajubarte.org.br). E os machos? É bem raro na natureza que os machos cuidem sozinhos dos seus filhotes, sendo parte de um grupo muito exclusivo, nossos trunfos são machos paternais e muito dedicados a seus filhotes. Pegue as suas cartas do Super Trunfo® “Melhor Pai do Oceano” e vamos ver quem vence em cada jogada. Apresentando os nossos Super Trunfo®: Trunfo n°1: Cavalo-marinho (Hippocampus sp.): O pai solteiro e exigente que sente na pele a gravidez! Hippocampus reidi grávido Cavalo-marinho macho no momento do parto Cavalos-marinhos são peixes ósseos e dioicos (sexos separados), que se alimentam de plâncton, crustáceos e pequenos animais. Podem ser encontrados ao redor do mundo, geralmente em regiões tropicais e temperadas, em habitats marinhos e estuarinos, com profundidade entre 8 e 45 m (exceto uma espécie encontrada a 90 m). Enquanto as fêmeas são disputadas pelos machos na maioria das espécies, no caso de cavalos-marinhos, o oposto é observado. As fêmeas apresentam comportamento competitivo enquanto os machos “escolhem” a melhor fêmea para reprodução, e permanecem monogâmicos durante o período reprodutivo. De maneira simples, o acasalamento envolve o macho sinalizando para a fêmea que está pronto, para que ela coloque seu tubo de postura (ovipositor) em um orifício presente em sua bolsa incubadora. Liberando seus ovócitos dentro da bolsa do macho, que depois se fecha para fecundação pelos espermatozóides do macho. O papai cavalo-marinho carrega os filhotes durante a gestação, sente as “dores do parto” e, por fim, dá à luz! A gravidez é acompanhada de muitas adaptações morfofisiológicas, como a remodelação da bolsa incubadora, o transporte de nutrientes e de resíduos, a troca gasosa, a osmorregulação e a proteção imunológica dos embriões, semelhante aos mamíferos (para saber mais sobre os cavalos marinhos, leia nosso post Querida, estou grávido!). Trunfo n°2: Pinguim-Imperador (Aptenodytes forsteri): O pai que dá tudo por você! Pinguim-Imperador incubando em seus pés o ovo recém posto. Foto por ©Stefan Christmann / naturepl.com Pinguim-Imperador aquecendo seu filhote O Pinguim-Imperador é uma ave marinha de grande porte. Quando adulto, sua altura pode variar entre 1,0 e 1,32 m e pode pesar entre 25 - 45 kg! Vive em colônias no continente Antártico ou em ilhas subantárticas e suporta temperaturas de -40° C no inverno! Os pinguins são organismos monogâmicos e colocam apenas um ovo por ano, que é cuidado pelo macho. “Sentado” sobre o ovo para mantê-lo aquecido durante o rigoroso inverno antártico, o papai Pinguim-Imperador fica cerca de 2 meses sem se mexer e sem se alimentar. E, se a mamãe não chegar a tempo, a primeira refeição do filhote será uma substância rica em proteínas produzida pelo papai. Mesmo depois do nascimento, os pais e mães Pinguins-Imperadores permanecem cuidando, alimentando e ensinando seu filhote. Trunfo n°3: Peixe-palhaço (por exemplo Amphiprion ocellaris): Pai não é quem fertiliza!! Indivíduo adulto de Amphiprion ocellaris. Foto por ©François Libert / fishi-pedia.com Papai Peixe-palhaço retirando a sujeira sobre os ovos e oxigenando a água em seu entorno Os peixes-palhaços podem ser encontrados na região Indo-Pacífico e Mar Vermelho, principalmente no sudeste asiático, Austrália, ilhas ao sul do Japão e até mesmo no leste africano. Alimentam-se de pequenos crustáceos copépodos, larvas de tunicados e algas. Possuem uma estreita relação com as anenonenone...anêmonas (lembra do filme do Nemo?). Estudos indicam que os peixes-palhaço produzem um muco que os protege das “queimaduras” provocadas pelas anêmonas (para saber mais sobre essa relação entre as anêmonas e os peixes-palhaços, leia nosso post Refúgios em ambientes marinhos). Antes mesmo de ter os ovos, o macho constrói um ninho numa rocha próxima à anêmona onde pretende “morar” com a fêmea, para depois cortejá-la. Depois que a fêmea solta seus ovócitos próximos ao ninho, o macho rapidamente passa e fertiliza-os (fertilização externa). O papai peixe-palhaço fica dentro da anêmona e cuida de forma atenta dos ovos, abanando-os com as nadadeiras (removendo sujeira ou reciclando a água próxima aos ovos) e sendo agressivo com possíveis predadores que se aproximam. Mas nem sempre pai é aquele que fertiliza! Machos solteiros de peixes-palhaço, quando notam um ninho sem proteção, rapidamente adotam aqueles ovos, cuidando e protegendo-os como se fossem seus! Trunfo n°4: Aranha-do-mar (Classe: Pycnogonida, por exemplo: Anoplodactylus evansi): O pai que carrega as crias para onde for!! Indivíduo da espécie Anoplodactylus evansi observado na Austrália. Foto por ©johneichler / biodiversity4all.org Macho de Anoplodactylus evansi carregando os ovos presos aos ovígeros (pernas modificadas). Imagens dorsal (esquerda) e ventral (direita). Foto por © Janine Baker / biodiversity4all.org Apesar do nome, esses artrópodes não são aranhas de verdade, são da classe Pycnogonida (aranhas são Arachnida). Possuem distribuição cosmopolita, ou seja, ao redor do mundo todo, desde mares tropicais à polares, sendo observados desde regiões entremarés até grandes profundidades, a mais de 6000 m. Mais de 1320 espécies já foram descritas! Seus tamanhos e formas variam muito entre as diferentes espécies, indo desde pequenos indivíduos com pernas curtas até com longas pernas. A maioria das espécies possui 4 pares de patas (8 patas) mas já foram observadas espécies com 5 pares e até mesmo com 6!! O cuidado parental não é comum entre os artrópodes, mas esse grupo é todo diferentão mesmo! Depois que o macho Aranha-do-mar faz a corte e consegue convencer a fêmea a acasalar, ela libera os ovócitos na água. Rapidamente o macho fecunda esses ovócitos e os recolhe, grudando um no outro, formando uma grande bola. Esse “grande grude” vai ficar preso aos ovígeros, primeiro par de pernas modificados, que têm a função de carregar os ovos bem junto ao corpo do papai Aranha-do-mar, e é transportado para onde ele for até a eclosão das larvas ou, dependendo da espécie, até a fase juvenil!! Esses ovos podem atrapalhar a alimentação e locomoção do macho e até mesmo torná-lo um alvo mais fácil para predadores. Trunfo n°5: Lula-de-recife “de barbatana grande” (Sepioteuthis lessoniana): Ei!! Eu também cuido e faço faxina como um pai!! Casal de lulas Sepioteuthis lessoniana cuidando de seus ovos. Foto: Ryan Rossotto, Nat Geo Image Collection Macho com dupla sinalização, exibindo padrão de corte sexual para a fêmea (roxo brilhante) e um padrão antagônico para o macho competidor (marrom escuro e flashes brancos). Foto: Sampaio et al. 2021 As lulas não são super conhecidas pelos seus fortes cuidados parentais, na maioria das espécies, após o acasalamento, os machos vão embora em busca de novas fêmeas. Mas não o nosso trunfo!! As Lulas-de-recife são espécies tropicais cosmopolitas, que se distribuem amplamente pelos recifes de corais do mundo, em profundidades de 0 a 100 metros. Os maiores indivíduos, machos adultos, podem chegar a 40,1 cm. São carnívoros vorazes e se alimentam principalmente de moluscos, peixes e camarões. Já foram descritos comportamentos agressivos entre os machos disputando as fêmeas, como coloração agressiva na metade do corpo voltada para o outro macho e outra coloração na metade voltada para a fêmea. Até 2021 não eram considerados como pais cuidadosos, mas após a observação in situ de cientistas, tudo mudou e essa espécie se tornou ainda mais interessante (Sampaio et al, 2021). Os cientistas observaram e filmaram, em diferentes recifes de corais, que machos Lula-de-recife selecionam melhores localizações para fêmea colocar seus ovos fertilizados, protegidas de correntes, e entram nas fendas até quase metade do corpo por alguns instantes. Deixando a fêmea sozinha e correndo risco de acasalamento com outro machos. Ao entrar na fenda, o macho estaria colocando-se em risco e, supõe-se, garantindo que não haja predadores, outro machos ou outros riscos para os ovos. Além de limpar o local para que a fêmea coloque os ovos em uma superfície estável e limpinha, os cientistas observaram fluxos de sedimentos sendo “atirados” para fora das fendas escolhidas. E aí, se surpreenderam com as habilidades e funções desses pais? Agora, por que ainda nos espanta tanto ver pais sendo pais? Na sua opinião, qual desses paizões merece o título de Super Trunfo® “Melhor Pai do Oceano”? Referências ou sugestão de leitura: https://www.batepapocomnetuno.com/post/querida-estou-gr%C3%A1vido-1 https://www.cavalosmarinhosrj.com.br/cavalosmarinhos https://animaldiversity.org/site/accounts/information/Aptenodytes_forsteri.html#habitat https://www.sciencedaily.com/releases/2017/05/170503110741.htm https://www.aquaa3.com.br/amphiprion-ocellaris-peixe-palhaco/#Introducao http://www.editora.ufpb.br/sistema/press5/index.php/UFPB/catalog/download/326/504/2945-1?inline=1 https://esajournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/ecy.3529 https://www.nationalgeographicbrasil.com/animais/2021/09/lula-especie-comportamento-animal-paternidade-cuidado-macho Imagens: http://alancalvet.blogspot.com/2016/04/cavalo-marinho-pai-ou-mae.html https://www.facebook.com/Cantinhodacris13/photos/a.330095190486392/1248359035326665/?type=3&theater https://www.naturepl.com/blog/2019/10/16/emperor-penguin/ http://mundoanimalforever.blogspot.com/2012/08/pinguim-imperador.html https://www.fishi-pedia.com/fishes/amphiprion-ocellaris https://kkavanagh.sites.umassd.edu/citizen-science/ https://www.biodiversity4all.org/observations/149888266 https://www.biodiversity4all.org/observations/62987717 https://www.biodiversity4all.org/observations/62987717 #DiaDosPais #SuperTrunfo #SuperTrunfo® #PaiDoOceano #CuidadoParental #MaluAbieri #BatePapoComNetuno

  • Nem cima, nem embaixo: estratégias adaptativas de flutuação do plâncton

    Texto de Klinton Souza Ilustração de Malu Coutinho A adaptação é a capacidade de se ajustar a quaisquer situações e espaços para se obter uma maior vantagem na reprodução ou sobrevivência. Assim como o bico de algumas aves sofreu mudanças (selecionadas ao longo da evolução) que permitiram a captura de presas específicas, pequenos organismos habitantes da coluna d'água também desenvolveram estratégias adaptativas. Assim como em grandes animais, a morfologia do plâncton está ligada à sua forma de vida e seu habitat. E venhamos e convenhamos, é lindo ver esses organismos tão pequenos através das lentes de um estereomicroscópio e observar tantas formas, estruturas e movimentos; sem falar das cores (ou falta delas, já que tem até bichinhos transparentes). Esses pequenos organismos, em geral menores que um milímetro, tem formas corpóreas muito curiosas e de composições variadas que influenciam a sua sustentação na coluna d’água. Vista geral de uma amostra de plâncton vivo, em estereomicroscópio (Fonte: Inácio Domingos da Silva Neto, http://cifonauta.cebimar.usp.br/photo/7332/ , com Licença: CC BY-NC-SA 3.0) Uma característica muito importante do plâncton é sua locomoção restrita, porém existem alguns organismos que movimentam-se verticalmente por muitos metros na coluna d’água e usam isso para fugir de predadores; isso é um exemplo de estratégia adaptativa. Outra estratégia adaptativa do plâncton é a morfologia e composição química que permitem a sua flutuação de forma livre na coluna de água. Com relação à morfologia, eles podem ter espículas, apêndices flutuadores, corpos achatados, antenas, e até exoesqueletos menos densos que colaboram na sustentação do corpo na coluna d’água. Já com relação à composição química, eles podem ser gelatinosos ou conter gotas de gordura e tecidos com maior quantidade de água que contribuem para diminuir a sua densidade. Alguns organismos gelatinosos adaptaram-se de tal forma a favorecer a excreção (ou substituição) de íons mais pesados por mais leves. Exemplos de organismos com adaptações para aumentar a flutuabilidade: a) o poliqueta Tomopteris elegans tem corpo achatado e com parapódios (projeções laterais musculosas) e, de quebra, ainda é bioluminescente (isso não ajuda na flutuação, mas é muito interessante!); b) as medusas da espécie Palau stingless são formadas por substâncias gelatinosas, além do corpo em formato medusoide (= “guarda-chuva”); c) a megalopa (estágio larval) do microcrustáceo Neograpsus altimanus tem distribuído em seu corpo gotas de gordura que contribuem para diminuir sua densidade; d) as microalgas da espécie Asterionellopsis glacialis e os microcrustáceos do gênero Sergestes sp. têm espinhos em seu corpo para aumentar a área superficial e, consequentemente, aumentar sua flutuabilidade; e) os copépodos do gênero Diatomus sp. têm um exoesqueleto menos denso e antenas que ajudam na distribuição do seu peso; f) a véliger (estágio larval) de gastrópodes tem apêndices flutuadores. A) Tomopteris elegans (Fonte. Licença: CC BY-NC-SA 2.0); B) Palau stingless (Fonte. Licença: CC ATÉ 2.5); C) Neograpsus altimanus (Fonte. Licença: CC BY-NC-SA 3.0); (Fonte. Licença: CC BY-NC-SA 3.0); D) Asterionellopsis glacialis (Fonte. Licença: CC BY-NC-SA 2.0); E) Diatomus sp. (Fonte. Licença: CC BY-NC-SA 2.0); F) veliger (estágio larval) de Gastropoda (Fonte. Licença: CC BY-NC-SA 3.0). É muito interessante notar as adaptações desses minúsculos organismos ao longo da evolução “apenas” para flutuar, além de toda a sua importância para o mundo marinho. Vale lembrar que este texto não é uma revisão exaustiva sobre o tema, mas tem a intenção de compartilhar algumas curiosidades e chamar a atenção para estes seres incríveis! E pra você não esquecer que o oceano está cheio de plâncton flutuando, basta cantarolar a música do Zeca Pagodinho: “Deixa a vida me levar, vida leva eu!”... Referências ou sugestão de leitura: TUNDISI, JG. & MATSUMURA-TUNDISI, T. Limnologia. Oficina de Textos. São Carlos – SP, p. 150, 2008 CALAZANS D, MUELBERT JH AND MUXAGATA E. 2011. Organismos planctônicos. Cap.9, p.165-166. In: Calazans (Organizador). Estudos Oceanográficos: do instrumental ao prático. Pelotas, Editora textos Plâncton - IOUSP. Disponível em: . Acesso em: 4 maio. 2023. Pagodinho, Zeca. Deixa a Vida Me Levar. [S.l.]: Universal Music, 2007. 1 CD. DEL BIANCO, Murilo. Plâncton. Todo Estudo. Disponível em: https://www.todoestudo.com.br/biologia/plancton. Acesso em: 02 de May de 2023. Sobre o autor: Graduando em Oceanologia pela Universidade Federal do Sul da Bahia - UFSB. Atualmente, trabalha com Geoturismo dos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, sistematizando e divulgando pontos de interesse geológico e fomentando a conservação dessas paisagem para alunos e professores de escolas públicas e privadas, turistas e visitantes, comunidade acadêmica e comunidade local que trabalha com turismo. Um projeto vinculado ao Centro de Formação em Ciências Ambientais (CFCAm) com atividades no Laboratório de Geologia e Paleontologia (LABGEOP-UFSB). No ano de 2020, tive a mirabolante ideia de entrar num curso que nunca tinha nem ouvido falar, hoje não me vejo mais fora. Cada acontecimento, cada experiência, vem sempre para somar, e no final, mesmo com as dificuldades, se tem o sentimento de gratidão. Instagram pessoal: @klintonsss Email: klinton.souza@gfe.ufsb.edu.br #Convidados #Plâncton #CiênciasdoMar #Adaptação #Flutuabilidade

  • Ocean literacy: Why do we have to talk about it in schools?

    By Carmen Pazoto English edit by Malu Abieri and Katyanne Shoemaker *post originally published in Portuguese on September 29, 2020 Have you ever seen a picture of our planet taken from space? If you've somehow never seen it (or perhaps if you never tire of seeing it) take a look at the picture below, taken by the Apollo 17’s crew in 1972, available on the NASA website. “The Blue Marble” is the name of this picture taken in 1972 by the crew of the Apollo 17 mission and republished on the NASA website on April 22, 2020 to celebrate Earth Day. While not new, it represents the amazing view that early astronauts had of our blue planet. (By: Nasa). One of the features of our planet most apparent to the first astronauts to go into space (and me as well), was the realization that it is predominantly blue. As you may know, this is because more than 70% of the Earth's surface is made up of ocean and seas. Although this is one of the main features of our planet, people, in general, do not usually give much importance to the ocean. I say ocean in the singular and not in the plural, as usual, since the ocean basins are all interconnected, forming a single global ocean. Despite the lack of attention or interest that the ocean inspires in our daily lives, it is fundamental to our existence. Just think what would happen if it disappeared. The physical landscape of the Earth would be vastly different, without water, it would be very similar to that of Mars: a brown world, with mountains, long flatlands and deep gorges. Without the ocean, we would lose much of the planet's biodiversity. All major groupings of living beings have representatives in the marine environment, and some groups are even more diverse in this environment. Among those marine beings that would disappear are the microalgae, invisible to our eyes, but essential to life, as they produce more than 50% of the oxygen gas we breathe. The atmosphere would not be different just by reducing the amount of oxygen gas, but also by increasing the concentration of carbon dioxide, since the ocean absorbs most of this gas, acting in the control of the planet's climate. In addition, much of the precipitation that occurs on land comes from evaporation of water from the ocean. Can you see how without the ocean, life, at least as we know it, would not be possible on Earth? I just mentioned a few examples of its importance, but there are many more essential functions and services it performs for those living on land. If you weren't familiar with the indispensable role of the ocean, don't feel bad! For a long time it was believed that the ocean’s resources were infinite and that its vastness would be able to withstand everything we threw at it, as well said by oceanographer Sylvia Earle in her book The World is Blue, 2009. She urges us to not stand still! There is still time to learn, get interested and defend the ocean. After all, ignorance is perhaps one of the greatest factors responsible for neglecting the health of this environment. In 2002, a group of American marine scientists and educators began to reflect on what key issues people should know about as a way to fight the lack of knowledge about the ocean. After a large online workshop in 2004, this initiative became known as Ocean Literacy, and was defined as “an understanding of the influence of the ocean on human life, as well as the influence of human beings on the ocean” (check the post on uncomplicating ocean literacy here). Ocean Literacy embraces the idea that the more educated we are about the ocean, the more humans will respect its limits in regards to the sustainability of marine ecosystems and their resources. One way to achieve these Ocean Literacy goals is to introduce, through both formal and non-formal education, content related to the ocean in line with the principles and concepts on which Ocean Literacy is based and, further, insert them in the school syllabus! In this way, we can address issues related to marine environments from the earliest stages of school education. As a teacher and marine biologist, I was interested in if and how content about the ocean and the marine environment was presented in schools. To pursue this topic, I decided to go back to school in 2019 to gain a doctorate in marine biology at the Federal Fluminense University (UFF). My research aims to understand whether the oceanic theme is represented in Brazilian school programs, how teachers insert this content in their classes, and what level of knowledge about the ocean is presented to students in the state of Rio de Janeiro. So far, only the first part of my research has been concluded; therefore we will only talk about this portion: is content about the ocean and marine environment in school curricula? To answer this question, I analyzed the National Curricular Common Base (BNCC), a document that includes all of the content that should be taught as a part of basic education in Brazil. This document presents the mandatory contents for each school subject throughout each school year, in kindergarten, elementary, and high school. In addition to this core content, each state and municipality can complement their curricular framework with a diversified part, related to their culture, which is why I also analyzed the Curriculum Document of the state of Rio de Janeiro. For this analysis, I read these documents in search of the words: ‘ocean’ and ‘sea,’ as well as others that refer to these environments and could arise from the reading. And the result is that knowledge about the ocean is not highlighted in the BNCC. I found 6 words related to this theme (aquatic, sea, maritime, oceanic, ocean, and tsunami), which appear in the subjects of Science, Geography, and History. Altogether, these words are cited only 10 times, and only in the part of the document that refers to elementary education, which goes from the 1st to the 9th grade (students from 6 to 14 years old). Considering that the BNCC has 600 pages and refers to three teaching segments, the content related to the ocean is very under-represented… Unfortunately, this situation is no different in the Rio de Janeiro curriculum document. In this document, the marine environment is a little more represented, with four more words related to the marine environment, in addition to those already mentioned in the BNCC: beach, mangrove, sandbanks (restinga), and coastal. In all, there are 15 citations, which continue to appear in the contents of the disciplines of Science, Geography, and History. However, I have to say that these occurrences fall far short of the principles and concepts proposed by Ocean Literacy at an international level. Of course, Ocean Literacy should not be restricted to school! But school is a great place to share this content, as well as to encourage a human connection with the ocean. Therefore, I would like to take this opportunity to appeal to education professionals, in an effort to implement content about the ocean in their classrooms, even if it is not so present in school curriculum and textbooks (worth knowing: “Maré de Ciência project” - “Science tide” in a literal translation). As well stated by the diver and sailor Tosca Ballerini, in the toolkit Ocean Literacy for All (can be downloaded for free here), “a necessary condition for wanting to protect something is to know and love it”. Thus, there is a need to inform citizens about the impact of their actions on the ocean, so that all living beings can enjoy a healthy ocean in the future. There is an urgent need to spread and expand Ocean Literacy for every resident of this planet called Earth. After all, we don't just want to save the ocean, we want to save OUR ocean and all the life forms that depend on it, including the human race! References: Cava F, Schoedinger S, Strang C & Tuddenham P (2005). Science content and standards for ocean literacy: A report on ocean literacy. http://coexploration.org/oceanliteracy/documents/OLit2004-05.Final report.pdf. Data de consulta: 04.01.19 Earle, S A (2017). A Terra é azul: Por que o destino dos oceanos e o nosso é um só? São Paulo. SESI-SP Editora. 320p. UNESCO (2020). Cultura oceânica para todos: kit pedagógico. https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000373449. Data de consulta: 01.06.2020 About the author: I am a Marine Biologist, with a Bachelor’s degree from the Federal Fluminense University (UFF) and a master's degree in Zoology from the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ). Since my graduation, I have dedicated myself to a passion that emerged during college: education. I work as a Science and Biology teacher in public and private schools in the city of Niterói/RJ. I decided to combine the two passions of my life: marine biology and education. In 2019 I started my doctorate in the Marine Biology and Coastal Environments Program at UFF, where I have dedicated myself to researching Ocean Literacy in Brazilian formal education. #culturaoceânica #oceanliteracy #décadadooceano #planetaazul #oceano #UNESCO #oceandecade #ioc #onu #marinescience

  • Mulheres em posição de liderança

    Por Anônima Ilustração de Caia Colla Desde os trabalhos e projetos que fiz durante a escola, sempre estive em posições de liderança. Sempre tive essa vocação para liderar grupos e gosto muito disso. Sou uma mulher de palavras claras e diretas. Não gosto de contornos, apesar de muitas vezes precisar dar voltas para não me entenderem errado. Afinal de contas, um homem assertivo é considerado um homem decidido, mas uma mulher assertiva é considerada uma mulher mal educada, dura ou “de gênio forte”. Você já viu um homem sendo acusado de ser duro, mesmo sendo? Há algum tempo, tive meu primeiro cargo formal em posição de liderança, que foi como presidenta do Diretório Acadêmico do meu curso, e, mais recentemente, presidenta da comissão organizadora de um evento nacional. Com isso, vieram muitas coisas boas, pois tive espaço para colocar minhas ideias em prática com a ajuda de pessoas maravilhosas na equipe. Porém, infelizmente nem tudo são flores, e passei a receber comentários maldosos, mas não me dava conta do porquê… Até que, certo dia, escutando o episódio 186 O lobby do batom vermelho e a geração da desesperança do podcast “Bom dia, Obvious”, me vieram flashes de que nas gestões passadas do Diretório Acadêmico pouco se fazia, e nunca ninguém disse nada. Por quê? Porque todas foram lideradas por homens! Eu fui a primeira mulher a assumir o cargo em muito tempo. E, como é de costume em uma sociedade patriarcal, uma mulher em posição de liderança é um alvo muito fácil. Estava aí o porquê das críticas tão pesadas às minhas ações. Durante o podcast, é falado que a política é uma máquina de moer mulheres. Com isso, afirmo que não só a política tradicional, mas qualquer cargo de liderança é uma máquina de moer mulheres. Para observar isso, basta relembrar como se deu o processo de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, que sofreu inúmeros ataques misóginos. Ou, ainda, o discurso de renúncia ao cargo de primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, alegando “não ter mais combustível no tanque”. Há uma distância imensa no julgamento recebido por homens e mulheres em um mesmo ato. Muitas vezes a mulher comete um ato BEM menor e é massacrada. Quando olhamos para a realidade da academia vemos situações similares. Depois que você se dá conta do problema, passa a perceber que ele é recorrente. Presenciei uma ocasião em que dois professores (uma mulher e um homem) demitiram os alunos de seus cargos de um projeto. Mas adivinhem quem foi a louca e grossa? O professor homem é que não foi! Como abordado em outro texto do Bate-Papo com Netuno, quantas mulheres estão em cargos de lideranças de projetos? E quantas podem agir como os homens e pedir para que seus alunos façam uma apresentação para ela sem que sejam chamadas de incapazes? Outro ponto é perceber que, para ser respeitada, uma mulher precisa estar bem vestida, caso contrário, logo pensam: “mas como assim ela é a minha chefe?”. Você precisa se montar toda, passar maquiagem, colocar uma roupa bem formal (e só vale ser abaixo do joelho, hein!!). Enquanto isso, os homens desfilam de shorts, chinelo e blusas folgadas pela universidade, trabalho e congressos. Ouvi uma vez de uma mulher que ocupava uma posição de liderança na área de computação que ela se vestia bem e usava salto alto não porque gostava, mas porque percebeu que assim ela era mais respeitada. Ser mulher em um cargo de liderança é solitário, apesar de ter boas pessoas com você. Não se pode deslizar, pois, por menor que seja, isso será motivo para duvidarem da sua capacidade e da sua índole. O tempo todo temos que provar a nossa capacidade; ser mulher é não ter um minuto sequer de descanso. #MulheresNaCiência #Liderança #Gênero #Misoginia #Anônima

  • Menos a Luiza, que está na Antártica

    O que a integrante do Bate-Papo com Netuno foi fazer na Antártica? Por Luiza Soares Ilustração de Alexya Queiroz Com o risco de cair na generalização, ouso afirmar que a Antártica vive no imaginário de todo oceanógrafo. Desde o início da graduação, seja nas disciplinas, nas histórias dos professores ou mesmo de colegas, ouvimos falar do continente antártico quase como algo mítico. Essas aulas, histórias e ensinamentos foram criando em mim um desejo profundo de, um dia, independente do meio (seja pela pesquisa, turismo ou tal qual uma grande aventureira que sai velejando por aí), conhecer a Antártica. Um sentimento estranho, mais para uma utopia do que uma grande meta de vida, mas que, de alguma forma, moveu-me a realizá-lo. E realizá-lo só foi possível pela confiança creditada a mim pela minha orientadora, a Profª Camila Negrão Signori, que, inclusive, já relatou ao Bate Papo com Netuno sua experiência de mergulhar em mar profundo por meio do submersível Alvin. No meu mestrado, depois de algumas mudanças, decidi trabalhar com amostras já existentes de micro-organismos antárticos. As amostras foram procedentes de embarques polares realizados pela minha orientadora através do Projeto Ecopelagos coordenado pelo Prof.º Dr.º Eduardo Secchi da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e financiado pela CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O projeto é desenvolvido no âmbito do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR) e tem como objetivo o estudo integrado dos diversos compartimentos da biota marinha, desde as bactérias até os grandes mamíferos, e o efeito das mudanças climáticas sobre eles. Mais especificamente, minha pesquisa de mestrado dentro deste projeto se propõe a investigar a diversidade (quem) e inferência metabólica (o que fazem) da estrutura das comunidades microbianas (bactérias e arqueias) na região da Península Antártica Ocidental no verão austral de 2016 e determinar os principais fatores ambientais que as influenciam. Uma vez inserida no PROANTAR por meio de um projeto de pesquisa, as chances de ir para Antártica sobem de 1% para 50%. Meio caminho andado. Mas ainda faltavam os outros 50% mais importantes: uma vaga disponível para a expedição Antártica e a possibilidade do convite. E, depois de muito tentar controlar as (já altíssimas) expectativas, foi o que aconteceu. A partir daí, começou minha jornada na Operação Antártica XLI. Minha função embarcada foi coletar água superficial e profunda, por meio de garrafas acopladas em uma Rosette, de diversas estações oceanográficas pré-estabelecidas, e filtrá-la para que toda a microbiota ficasse retida em filtros específicos que depois seriam analisados em laboratórios. Mas eu já vou chegar lá. Antes, para que eu estivesse apta a embarcar nesta expedição, passei (com dezenas de pesquisadores que também tinham a possibilidade de ir para a Antártica) pelo Treinamento Pré-Antártico (TPA) da Marinha do Brasil, responsável por toda a logística do PROANTAR, na Ilha de Marambaia – Rio de Janeiro. Durante uma semana, passamos por testes de aptidão física e também por palestras sobre o continente austral ministradas por diversos profissionais, desde médicos a geopolíticos. Uma vez aprovada, comecei a preparação do material que deveria ser embarcado para suprir todas as necessidades metodológicas da pesquisa. No meu caso: bomba peristáltica (para filtrar a água coletada), filtros, luvas, água destilada... Este material é despachado meses antes da expedição começar e esse planejamento é um belo exercício mental ao tentar prever o imprevisível para que, naquelas caixas, meses depois, eu encontre a solução de qualquer problema que possa surgir, seguindo a máxima de que em alto mar “quem tem um, não tem nenhum”. Foto 1. Crachá de identificação do pesquisador e projeto do Treinamento Pré-Antártico. (Foto de Luiza Soares) Depois do material, tem o checklist dos exames médicos. Além do treinamento de aptidão física, temos que comprovar que estamos com a saúde ótima. Afinal, são 30 dias de embarque em um continente com condições extremas de frio e vento. Mesmo que tenhamos um médico e um dentista a bordo à disposição da tripulação, a ideia é que não precisemos fazer uso de seus serviços. Sendo assim, os exames incluem hemograma, teste de esforço, audiometria, eletrocardiograma e, claro, vacinação em dia. Documentação check, chega a hora de partir. Foto 2. Luiza Soares prestar a embarcar na aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB). (Foto de Luiza Soares) Devo dizer que a ida até a Antártica já é uma viagem à parte. O roteiro incluiu São Paulo – Rio de Janeiro (em pleno carnaval!), onde encontrei, pela primeira vez, parte da equipe de pesquisadores para embarcarmos na aeronave KC-390 da Força Aérea Brasileira (FAB) rumo a Pelotas, no Rio Grande do Sul. Chegando em Pelotas, experimentamos o vestuário específico emprestado pela Marinha para aguentar as baixas temperaturas do continente gelado e suas rajadas de vento e chuva. De lá, partimos para Punta Arenas, no Chile, uma cidade portuária onde o Navio Polar Almirante Maximiano fica atracado para receber as equipes científicas. Após passar pelos belíssimos canais chilenos, começamos a travessia no Mar de Drake, o mais temido de todo o globo por causa das suas fortes correntes. Foto 3. Foto de foto a equeipe científica reunida em frente ao Navio Polar Almirante Maximiano. (Foto de Elisa Seyboth) Para mim, que nos primeiros anos cursando oceanografia passava mal nas aulas práticas mesmo com a embarcação parada, atravessar o Drake sem grandes enjoos foi a constatação de uma baita evolução (claro que eu estava com meu estoque de remédios a postos!). Além disso, pegamos um tempo calmo durante os três dias de navegação até chegarmos na Península Antártica, onde iniciamos, finalmente, os nossos trabalhos. Chegar na Antártica, depois de meses de preparação e anos de sonho, beirou o surreal. A paisagem que encontrei foi uma prévia do que veria ao longo da expedição. Mar agitado, volumoso, parecia denso de tão escuro em contraste com a espuma branca da crista das ondas gerada pelo atrito com os ventos fortes. O céu, em oposição, era de um branco intenso e sua brancura se confundia com os cumes nevados dos glaciares. Era preciso olhar duas vezes para distinguir onde terminava o cume e começavam as nuvens. Ventos tão fortes que poderiam me arrastar, causavam uma sensação térmica muito mais baixa do que realmente estava. Foto 4. Uma das paisagens antárticas sob o céu nublado. (Foto de Luiza Soares) Nessas condições, o trabalho foi dividido em turnos: diurno e noturno. Eu fiquei com o turno noturno, trabalhando das 19h às 7h. Como o embarque ocorreu no final de verão, as noites antárticas estavam se prolongando cada vez mais, escurecendo por volta das 21h e amanhecendo por volta das 6h. Esses finais de tarde e inícios de manhã eram lindos de apreciar! Costumava passar longos minutos entre as estações de coletas e filtrações contemplando a paisagem. Nesses momentos, quase meditativos, observando os primeiros raios de sol aparecerem e tingirem o mar escuro de azul, o céu de roxo e os glaciares de branco brilhante, quando o vento, embalando as ondas numa dança, convidava as aves a se juntarem, o cansaço batia, mas a sensação de estar exatamente onde eu deveria (e queria) estar era grande. Eu esperava ansiosamente por esses momentos, queria gravar todos os detalhes do que estava vendo e vivenciando, recapitulava todos os passos que me fizeram chegar até ali. Foto 5. Paisagem vista da proa do navio Navio Polar Almirante Maximiano para a Baía do Almirantado. Dia ensoladorado e de mar calmo. (Foto de Luiza Soares) Durante as longas noites de trabalho, onde todos ficavam a postos e atentos, era também quando aconteciam as maiores interações entre as equipes de projeto. Cada qual com seu repertório pessoal e profissional, sempre era uma ótima oportunidade para trocar experiências de vida, conhecer melhor os colegas de trabalho e, claro, ouvir as empolgantes discussões científicas. Embarques científicos são ambientes muito ricos de aprendizagem. Estar em contato com profissionais de diversas áreas, e que, direta e indiretamente, se relacionam com meu tema de pesquisa, fez com que eu expandisse minhas referências sobre o assunto. Para um pesquisador, essa é a melhor coisa que pode acontecer. E, com a convivência, as discussões inicialmente profissionais, acabam abrindo brechas para o surgimento de grandes amizades ao longo dos dias. O fato é que, muitas vezes, a fragilidade pode bater: cansaço, rotina intensa de trabalho, sono desregulado, saudades de casa… Nesses momentos, as amizades que foram construídas ali foram essenciais para fazer a experiência mais leve e completa. Ao final da expedição, tivemos a oportunidade de conhecer a Estação Antártica Comandante Ferraz. Descer para o continente (na verdade, ilha, pois a Estação fica na Ilha Rei George), depois de 20 dias embarcada, navegando pela Península Antártica, foi um presente de encerramento. Em terra, a paisagem muda completamente. Pudemos ver pinguins de perto, musgos de até 600 anos, a ossada de baleia montada por Jacques Cousteau, praia de cascalhos de origem vulcânica, e até pude experimentar o “sabor” de um gelo antártico. A nova Estação, reformada e inaugurada em 2020, conta com 14 laboratórios para atender diferentes especialidades e exigências científicas. É impactante a estrutura construída e pensada para apoiar o avanço do Brasil nas pesquisas Antárticas. Foto 6. Luiza Soares em frente a Estação Antártica Comandante Ferraz localizada na Baía do Almirantado. (Foto de Luiza Soares) Foto 7. Ossada de baleia montada por Jacques Cousteau localizada nas dependências da Estação Antártica Comandante Ferraz sobre um manto de musgos. (Foto de Luiza Soares) Após a visita, ainda tivemos um longo percurso de volta e, retornar pra casa depois de uma viagem que teve início no Treinamento pré-Antártico, meses atrás, e fim na Estação de Apoio no Rio de Janeiro, foi um mix de sentimentos. Aquela vontade de querer voltar para rotina e aconchego da minha casa ao mesmo tempo que queria ficar presa naquela vivência. Durante e depois do embarque, talvez eu tenha ficado com mais dúvidas do que respostas, mas com o desejo de um dia, quem sabe, ter outra oportunidade de voltar para este continente ao mesmo tempo hostil e maravilhoso. Pisei em terra com o coração tranquilo de que o trabalho foi concluído com sucesso: foram mais de 80 amostras coletadas em diversas estações oceanográficas prontas para serem analisadas! O meu desenvolvimento pessoal e profissional é mais difícil de quantificar, mas de uma coisa tenho certeza: não voltei a mesma. #VidaDeCientista #Antártica #LuizaSoares #Microbiologia #Embarque #MardeDrake #EACF

  • Mulheres na Conservação: da necessidade à sensibilidade

    Comemorando os 8 anos do Bate-Papo com Netuno, organizamos a exibição do documentário Mulheres na Conservação no Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (IOUSP) no dia 19 de abril de 2023, em uma parceria com o Centro Acadêmico Panthalassa e o Coletivo Feminino Tethys. O evento contou com a presença dos produtores do documentário, Paulina Chamorro e Sylvio Rocha, além de outros membros da equipe, como Camilo Carrara, responsável pela trilha sonora. O documentário, que teve sua pré-estreia no Dia Internacional da Mulher, traz as histórias de sete mulheres que lutam pela conservação de diferentes biomas brasileiros. O documentário foi além, trazendo de uma forma muito sensível e apaixonante a trajetória de cada uma delas! É impossível não se emocionar! Após a exibição, realizamos uma roda de conversa importante e sensível sobre o tema com a participação da Paulina Chamorro, jornalista, ativista ambiental e produtora do documentário; da Profa. Dra. June Ferraz Dias, docente do IOUSP; da Dra. Cláudia Namiki, editora do Bate-Papo com Netuno e professora recém-aprovada do IOUSP; e da Dra. Natasha Travenisk Hoff, pós-doutora no IOUSP e editora do Bate-Papo com Netuno. Esta foi uma das primeiras exibições deste documentário incrível, sensível e necessário, que segue sendo exibido nas diferentes regiões do Brasil! Quem quiser, pode acompanhar as atividades envolvendo o documentário “Mulheres na Conservação” pelo Brasil através da página no instagram Mulheres na Conservação! Camilo Carrara, responsável pela trilha sonora do documentário; Claudia Namiki, editora do Bate-Papo com Netuno e docente do IOUSP; Sylvio Rocha e Paulina Chamorro, produtores do documentário; Natasha T. Hoff, pós-doutora no IOUSP, editora do Bate-Papo com Netuno e organizadora do evento; June Ferraz Dias, docente do IOUSP; e Carolina Goulart, discente do IOUSP e organizadora do evento. Foto: Kenzo Omaki. Bate-Papo com Netuno representado por nossas editoras Natasha T. Hoff, que participou da organização e moderação do evento, e Claudia A. Namiki, que participou da roda de conversa. Foto: Kenzo Omaki. #NetuniandoPorAí #MulheresNaConservação #ClaudiaANamiki #NatashaTHoff #IOUSP

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